De acordo com o jornal britânico ‘The Guardian’, o julgamento do meia Lucas Paquetá, do West Ham, por suposto envolvimento ilegal com apostas esportivas foi concluído nesta semana pelas autoridades na Inglaterra. Contudo, um veredicto sobre o caso só deve acontecer dentro de um prazo de até 2 meses.
O clube inglês por qual atua o brasileiro de 27 anos teria ficado ‘insatisfeito’ pela demora de uma decisão final já neste momento. O jornal salienta que a incerteza sobre o futuro de Paquetá irá atrapalhar os planos do time de Londres na próxima janela de transferências.
O Lei em Campo conversou com os advogados desportivos Carlos Henrique Ramos e Matheus Laupman para saber os próximos passos do caso.
Que punição Paquetá pode receber?
“Sendo réu primário e, comprovadas as acusações, não creio em banimento, mas em uma eventual pesada suspensão por prazo, pois tem havido um aumento no rigor das punições envolvendo manipulação de resultados, que fere a imprevisibilidade do resultado, o mérito esportivo e a própria imagem do esporte”, afirma Carlos Henrique Ramos.
“Paquetá poderá receber a punição de suspensão de 6 meses ou até mesmo o banimento do futebol. Isto depende da gravidade dos fatos”, diz Matheus Laupman.
Decisão é definitiva? Cabe recurso?
“Da decisão cabe recurso em grau de apelação a outro painel, também independente. Por fim, ainda cabe recurso à Corte Arbitral do Esporte (CAS) – instância máxima da Justiça Desportiva a nível mundial, com sede na Suíça”, conta Carlos Henrique Ramos.
“Ambas as partes apresentarão suas justificativas ao Comitê Independente. Após a decisão desse órgão, as partes podem recorrer ao Comitê de Apelações. Após decisão o recurso final poderá ser realizado para o CAS”, acrescenta Matheus Laupman.
Se condenado na Inglaterra, Paquetá poderá atuar em outros países?
“Em caso de condenação, a eventual punição fica restrita à Inglaterra, mas a regulamentação da Fifa permite que a FA requeira a internacionalização da pena, como já ocorrido em casos anteriores, inclusive no Brasil. De qualquer maneira, eventual efeito suspensivo poderá ser atribuído aos eventuais recursos interpostos, possibilitando que o atleta possa atuar mesmo com punição provisória imposta”, explica Carlos Henrique Ramos.
“Isto dependerá se a FA solicitará ou não a Fifa a internacionalização da sanção conforme o Código Disciplinar da entidade. Caso a FA faça o requerimento e a Fifa internacionalize a sanção, Paquetá não poderá atuar em outro país, por sua vez caso não houver a referida internacionalização o mesmo poderá atuar fora da Inglaterra”, ressalta Matheus Laupman.
Entenda a denúncia contra Paquetá
Paquetá foi denunciado oficialmente pela Federação Inglesa (FA) em maio de 2024 por supostamente receber intencionalmente quatro cartões amarelos em diferentes partidas da Premier League. Os jogos investigados do West Ham são: x Leicester City, em 12 de novembro de 2022; x Aston Villa, em 12 de março de 2023; x Leeds United, em 21 de maio de 2023; e x Bournemouth, em 12 de agosto de 2023.
O brasileiro foi acusado de quatro violações da Regra E5.1 da FA. Essa regra diz que um jogador “não deverá, direta ou indiretamente, tentar influenciar, para fins impróprios, o resultado, o progresso, a conduta ou qualquer outro aspecto ou ocorrência em ou em conexão com um jogo ou competição”.
A federação alega que Paquetá “procurou influenciar diretamente o progresso, a conduta ou qualquer outro aspecto ou ocorrência nessas partidas, buscando intencionalmente receber um cartão do árbitro com o propósito indevido de afetar o mercado de apostas para que uma ou mais pessoas lucrem com apostas”. A FA disse ainda que o jogador também foi acusado de duas violações da regra F3, o que pode configurar como má conduta para responder questões e providenciar documentos.
De acordo com a ‘Sky Sports’ a FA pedirá o banimento de Paquetá do futebol caso ele seja considerado culpado das acusações. Em casos semelhantes, o zagueiro Kynan Isaac, do Stratford Town, foi suspenso por dez anos, e Bradley Wood, do Lincoln City, foi afastado por seis temporada após receberem cartões amarelos propositais.
As apostas envolvendo Paquetá foram feitas da Ilha de Paquetá, local no Rio de Janeiro onde o jogador revelado pelo Flamengo nasceu. Uma das apostas investigadas teve o valor de 7 libras (R$ 46 na cotação atual). Segundo documentos, a casa de aposta a alertar sobre o “número incomum” de apostas foi a Betway, patrocinadora máster do West Ham, equipe atual do brasileiro. As apostas totalizaram mais de R$ 600 mil de retorno.
Brasileiro nega as acusações
Em declaração oficial quando as acusações foram formalizadas, Paquetá negou qualquer envolvimento em irregularidades.
“Estou extremamente surpreso e chateado com o fato de a FA ter decidido me acusar. Cooperei com todas as etapas da investigação e forneci todas as informações que pude durante estes nove meses. Nego as acusações na íntegra e lutarei com toda as minhas forças para limpar meu nome. Devido ao processo em andamento, não fornecerei mais comentários”, escreveu o jogador em suas redes sociais.
Crédito imagem: West Ham/Divulgação
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