Atualmente, duas pessoas reivindicam a presidência do Corinthians: Augusto Melo, eleito no fim de 2023 e afastado pelo Conselho Deliberativo há cinco dias, e Osmar Stabile, primeiro vice-presidente, que assumiu como presidente interino na última segunda-feira, até que uma assembleia de sócios seja realizada.
A crise começou no sábado e resultou em uma grande confusão no Parque São Jorge, sede do clube. Torcedores invadiram a sala da presidência, e a Polícia precisou intervir.
Versão de Augusto Melo
Augusto Melo se considera presidente, pois se apoia em decisões administrativas e disciplinares internas do Conselho Deliberativo do clube.
No sábado, circulou nas redes sociais a informação de que Augusto teria conseguido uma liminar na Justiça comum para reassumir o cargo, mas isso não aconteceu.
Essas medidas internas começaram com o suposto afastamento de Romeu Tuma Júnior, então presidente do Conselho Deliberativo, determinado pela Comissão de Ética do clube em 9 de abril. No entanto, essa decisão só foi formalizada e registrada 51 dias depois.
Durante esse intervalo, Tuma continuou exercendo normalmente suas funções, sendo tratado como presidente por todos, inclusive por Augusto Melo e seus advogados. Nenhum questionamento formal foi feito quanto à sua legitimidade, nem em entrevistas, nem em processos internos, incluindo a votação que resultou no impeachment provisório de Augusto.
Foi apenas na última sexta-feira que um ofício oficializando a decisão da Comissão de Ética foi protocolado na secretaria do Conselho. Com isso, a conselheira Maria Angela de Souza Ocampos se declarou presidente interina do Conselho Deliberativo.
Em seguida, Maria Angela anulou todos os atos assinados por Romeu Tuma desde 9 de abril, entre eles, a decisão que afastava Augusto Melo da presidência do clube. Essa decisão, tomada em plenário, teve 176 votos favoráveis e 57 contrários.
Versão de Osmar Stabile
Osmar Stabile também se declara presidente, pois não reconhece nem o afastamento de Romeu Tuma, nem a posse de Maria Angela no Conselho, tampouco a anulação da decisão que suspendeu Augusto Melo. Segundo ele, o estatuto do Corinthians não permite que o presidente do Conselho Deliberativo seja afastado sem que isso seja aprovado em plenário. Ou seja, na visão dele, um simples ofício da Comissão de Ética não tem poder para efetivar esse tipo de punição.
Para Stabile, a Comissão de Ética só pode emitir pareceres. Para que qualquer punição seja válida, é necessário que o plenário do Conselho, composto por cerca de 300 conselheiros, delibere e aprove a decisão.
Esse também é o entendimento do próprio Romeu Tuma Júnior e de Armando Mendonça, vice-presidente do clube. Ambos se baseiam no artigo 89 do estatuto do Corinthians, que define as competências da Comissão de Ética e Disciplina.
De acordo com esse artigo, cabe à Comissão “conhecer, instruir e relatar” processos disciplinares contra membros do Conselho Deliberativo, do CORI, da diretoria e do Conselho Fiscal. O parágrafo segundo do artigo deixa claro: “O parecer final da Comissão Disciplinar será submetido à deliberação do Conselho Deliberativo”, ou seja, não tem poder executivo por si só.
Crédito imagem: Reprodução
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