É inevitável falar que hoje o futebol brasileiro está atrás do futebol europeu hoje, e venho destacar as principais impressões e temas relacionados a esse assunto.
Uma boa razão do futebol europeu estar a frente do brasileiro é o poder financeiro. Enquanto os grandes clubes da Europa podem fazer investimentos altos em jogadores, tecnologias e estrutura, muitas equipes do brasileirão enfrentam instabilidades financeiras, o que atrasa o desenvolvimento de uma especialização em performance avançada.
A logística, que no Brasil é um fator de extrema importância devido a extensão territorial enorme, afetando os jogadores com desgastes de deslocamento de um jogo para o outro. Como exemplo podemos citar a equipe do Fortaleza, que teve que viajar mais de 53 mil km para disputar os jogos do campeonato nacional e ainda foi a terceira equipe que mais disputou jogos no ano passado. Essa combinação resulta em lesões, ciclos de treinos apenas para recuperar jogadores e jogos menos intensos.
Os treinadores também sofrem com o calendário, não há dúvidas, com poucas sessões de treinamentos voltado para a parte tática, o tempo muitas vezes impede o trabalho dos treinadores que não conseguem ter respaldo o suficiente para implementar seu estilo de jogo. No entanto o Brasil parece estar começando a aprender a sustentar seus treinadores a exemplo de Abel Ferreira, Vojvoda e Rogério Ceni, que por muito mérito dos gestores que acreditam no planejamento e hoje colhem frutos pela longevidade.
Por mais que outros clubes também acreditam nessa metodologia, fica difícil manter treinadores que enfrentam fase ruim quando iniciam seu trabalho. A torcida joga pressão e os dirigentes acabam cedendo por se agarrar a clima leve no vestiário.
Ainda sobre os jogos, o Campeonato Brasileiro é a competição com menor tempo entre os jogos do campeonato nacional, insistindo no erro (mais desgaste e jogos menos intensos) que interfere em situações táticas como linha alta, marcação pressão no campo do ataque, transições defensivas e ofensivas. Além de ter menos tempo para análises pré-jogo ocasionando dificuldades na preparação para o duelo tático entre as equipes.
Falando agora sobre estruturação profissional, apesar de termos vários cursos profissionalizantes para profissionais no futebol, ainda estamos atrás na preparação. Recentemente tivemos mudanças para a formação nas licenças da CBF, que é o ponto de partida para quem quer atuar no cenário brasileiro. A mudança foi que antes precisava estar no último ano de graduação para dar início a licença, hoje basta ter o ensino médio completo. Isso é interessante para começar a carreira das pessoas mais cedo. É um aspecto positivo, porém a UEFA chegou primeiro e já colhe os frutos.
Outro ponto a ser destacado é a Formação de Base. Hoje o Brasil é um grande formador de jovens jogadores no mundo, mas quanto podíamos agregar isso para o nosso futebol. Somos grandes vendedores, sendo muitas dessas vendas de maneira precoce (antes de estrear no profissional).
É positivo na vista financeira, mas e o resto os jogadores que não foram vendidos, como eles podem agregar para o nosso futebol? Claro que assim como tem atletas que foram negociados por grandes valores não vingam, muitos continuam atuando sem ter grandes olhares, apesar de terem tido a mesma formação.
O que acontece com aqueles que não atingem as altas expectativas? Será que estão prontos para serem titulares em suas respectivas equipes? Será que podem ser vendidos posteriormente no auge da carreira?
No cenário brasileiro o poder de aquisição de jogadores são sempre de mercados alternativos e de nomes renomados em fase de declínio. Não temos argumentos bons o suficiente capaz de segurar e contratar jogadores em sua melhor fase de carreira ou copiar a metodologia europeia de montar os pilares do seu elenco a longo prazo contratando jovens jogadores que possam durar anos no clube.
Caminhamos de certa maneira correta, começando a manter treinadores por mais tempo, pensando na formação em todas as áreas, se organizando financeiramente com as SAF´s e sem fazer loucuras financeiras. Mas a preocupação é que ainda estamos na “marcha lenta”, o que nos faz se perguntar como vamos competir a nível mundial.
Nos siga nas redes sociais: @leiemcampo
Texto de Raul Junker