Nos últimos dias, um boato circulou nas redes sociais dizendo que a camisa número 2 da Seleção Brasileira para a Copa do Mundo de 2026, que será realizada de forma conjunta no México, Canadá e Estados Unidos, carregaria a cor vermelha e não mais a azul, como de costume.
Segundo o site ‘Footy Headlines’, site especialista em vazamentos de materiais esportivos, o uniforme seria fabricado pela Jordan, uma marca subsidiária da Nike. O rumor gerou repercussão negativa nas redes sociais.
Mas será que o estatuto da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) permitiria a mudança? Especialistas ouvidos pelo Lei em Campo explicam o que traz o documento e se a peça poderia carregar a cor inédita.
Em seu capítulo III, artigo 13, inciso III, o estatuto da CBF prevê que a Seleção Brasileira só poderá usar uniformes com as cores existentes na bandeira da entidade (azul, amarelo, verde e branco).
A única exceção prevista no texto é quando há eventos comemorativos. Nessa situação, a diretoria da entidade precisaria aprovar a alteração. Foi o caso da camisa preta especial em homenagem a Vinícius Júnior, utilizada na goleada por 4 a 1 sobre Guiné, em junho de 2023, em amistoso contra o racismo.
“III – os uniformes obedecerão às cores existentes na bandeira da CBF e conterão o emblema descrito no inciso II deste artigo, podendo variar de acordo com exigências do clima, em modelos aprovados pela Diretoria, não sendo obrigatório que cada tipo de uniforme contenha todas as cores existentes na bandeira e sendo permitida a elaboração de modelos comemorativos em cores diversas, sempre mediante aprovação da Diretoria”, diz o trecho do documento.
“Entendo que a adoção de uma camisa vermelha para a Seleção Brasileira é possível em caráter comemorativo, desde que aprovada pela diretoria da CBF. O estatuto estabelece que os uniformes regulares devem seguir as cores da bandeira da entidade: amarelo, verde, azul e branco. Assim, o uso do vermelho como uniforme oficial dependeria de uma justificativa comemorativa específica”, explica o advogado desportivo André Scalli.
O especialista reforça que é importante que qualquer mudança respeite o regulamento interno e a simbologia tradicional da Seleção.
“A mudança de cor, autorizada como exceção, pode marcar momentos históricos ou homenagens dentro do futebol. Veja, é importante que qualquer alteração respeite o regulamento interno e a simbologia tradicional da Seleção. Dessa forma, a inovação no uniforme pode ocorrer de forma planejada e respaldada pelo estatuto”, acrescenta Scalli.
Gustavo Lopes, advogado especializado em direito desportivo, entende que juridicamente a camisa da Seleção pode ser na cor vermelha.
“O Estatuto da CBF é claro ao permitir a elaboração de modelos comemorativos em cores diversas, desde que aprovados pela diretoria, e não exige que todos os uniformes contenham necessariamente todas as cores da bandeira nacional. Essa flexibilidade abre espaço para variações que respeitem a história e a identidade do País. Além disso, vale lembrar que o vermelho faz parte da própria história do Brasil. O nome ‘Brasil’ vem do pau-brasil, árvore que produzia uma tinta avermelhada, cor de brasa – daí o nome. Mais do que isso, o Brasil já teve bandeiras com elementos vermelhos, como a da época do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves, e até mesmo durante o período da Confederação do Equador”, conta.
“Portanto, uma eventual camisa vermelha não fere tradição, nem estatuto – ela dialoga com a trajetória simbólica do País. É importante reforçar também que nem tudo precisa ser politizado. O verde e o amarelo não pertencem à direita, assim como o vermelho não pertence à esquerda. A Seleção Brasileira é de todos, e o povo brasileiro precisa reaprender a conviver com a diferença. Futebol é paixão, identidade, e também memória cultural – não deve ser reduzido a trincheira ideológica”, acrescenta o advogado.
CBF se manifesta sobre boato
A CBF se pronunciou pela primeira vez nesta terça-feira (29) sobre as recentes especulações de que a nova camisa número 2 da Seleção seria vermelha na Copa do Mundo de 2026.
A entidade reforçou que as imagens que circulam nas redes sociais não são oficiais e reafirmou o compromisso com seu estatuto.
“A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) esclarece que as imagens divulgadas recentemente de supostos uniformes da Seleção Brasileira para a Copa do Mundo de 2026 não são oficiais.
Nem a CBF e nem a Nike divulgaram formalmente detalhes sobre a nova linha da Seleção.
A entidade reafirma o compromisso com seu estatuto e informa que a nova coleção de uniformes para o Mundial ainda será definida em conjunto com a Nike”, diz a nota da entidade.
Crédito imagem: Reprodução
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