Após a divulgação na íntegra da decisão da Corte Arbitral do Esporte (CAS) que revogou a suspensão de dois anos fora das competições europeias dada ao Manchester City pela Uefa, no ano passado, outros documentos vieram à tona. A revista alemã “Der Spiegel” apresentou novos e-mails do Football Leaks que comprometem Simon Pearce, membro do conselho diretor do clube inglês, e outros gestores.
O dirigente negou categoricamente que havia organizado pagamentos à Etihad, patrocinadora do Manchester City. Mas, em muitas trocas de mensagens, ele é quem mantém contato com a diretoria das empresas, controla os fluxos de caixa e orienta sobre faturas. Muitos e-mails não são da conta do clube de futebol, mas da agência governamental de Abu Dhabi, segundo a revista alemã.
“Curioso, porque a decisão da CAS indica que os e-mails vazados no Football Leaks eram editados, a partir de uma comparação com os e-mails originais apresentados pelo City. O painel arbitral baseou-se nos documentos supostamente originais apresentados pelo clube, não naqueles vazados”, lembra Pedro Henrique Mendonça, advogado especialista em direito esportivo.
O entendimento da Corte é que não houve irregularidade no contrato entre clube inglês e Etihad. “A maioria dos membros do painel considera que os acordos de patrocínio são negociados pelo valor justo. Nenhum acordo de evidência está atrasado e o City não tentou encobrir qualquer suposta violação”, diz o documento divulgado pelo CAS.
A Corte não conhecia todos os e-mails. “A Spiegel apenas os retirou dos dados do Football Leaks depois que o CAS publicou as declarações das testemunhas”, esclarece a revista.
Procurado para comentar as novas mensagens sobre o caso, o dirigente do Manchester City, presidente da agência governamental, a Autoridade de Assuntos Executivos (EAA), e, portanto, o homem forte do príncipe herdeiro de Abu Dhabi, Khaldoon Al Mubarak, não respondeu. Um porta-voz descreveu os questionamentos da Spiegel sobre as novas descobertas como uma “tentativa cínica” de “minar e processar um procedimento do CAS, ordenado e concluído” em público. A posição do clube é não comentar sobre documentos que foram supostamente obtidos criminalmente e citados sem contexto.
“Caso se comprove a falsidade da documentação apresentada pelo City, o que inclusive poderia demandar uma ação de natureza criminal, é possível buscar a anulação da sentença arbitral junto ao Tribunal Federal Suíço”, finaliza Pedro Henrique Mendonça.
Até lá, mesmo com as novas denúncias, o Manchester City continua autorizado a participar das competições europeias nas próximas temporadas. Nessa edição da Uefa Champions League, o clube inglês enfrenta o Real Madrid pelo jogo da volta das oitavas-de-final.