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Baixas por Covid expõem ainda mais a gestão desgastada do Flamengo

O Flamengo venceu em Guayaquil, após um dia longo e repleto de imprevistos. O avião com os reforços de última hora quase não chegou e o jogo com o Barcelona por pouco não foi suspenso por causa das autoridades de saúde do Equador.

Apesar de finalmente entrar em campo e conquistar os três pontos, os rubro-negros retornam ao Brasil com muitos problemas. Sete jogadores, o médico e um dirigente do clube foram diagnosticados com Covid.

Tantos desfalques causam prejuízo técnico para a sequência do Campeonato Brasileiro, alega o Flamengo em documento encaminhado à Confederação Brasileira de Futebol (CBF). Com o resultado dos exames dos contaminados em anexo, o clube descreveu o cenário como excepcional e alertou que os jogadores conviveram por oito dias durante a viagem e pode haver caso de “falso negativo” no elenco.

Adversário do Flamengo, o Palmeiras declarou ser contrário ao adiamento do jogo marcado para domingo, às 16h, no Allianz Parque. “O protocolo adotado para a competição contempla situações desse tipo. Não há, portanto, razão para que o jogo não aconteça”, postou o presidente Maurício Galiotte nas redes sociais.

No Campeonato Brasileiro, jogos foram mantidos mesmo quando 8 jogadores do time atestaram positivo para a Covid. Isso aconteceu com o elenco do Palmas, na Série D, e do CSA, na Série B, por exemplo.

Por outro lado, a CBF adiou algumas partidas desde o início da competição. Todas elas com número igual ou superior a nove contaminados por elenco. No jogo entre Goiás e São Paulo, pela primeira rodada da Série A, a suspensão só aconteceu por determinação do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD).

“A CBF não precisa ir ao Tribunal para atender ou negar pedido do Flamengo. Se a entidade recusar solicitação, aí sim os rubro-negros poderão acionar o STJD. Mas não haverá qualquer medida da Procuradoria para não realização do jogo. O clube tem 40 atletas inscritos para competição e, portanto, tem condições de entrar em campo com 11 titulares e reservas”, informou o procurador-geral Ronaldo Piacente ao Lei em Campo.

Caso o Flamengo insista no adiamento da partida com o Palmeiras, será mais um capítulo da história que vem construindo, principalmente durante a pandemia? O clube pressionou para o retorno do futebol, usou de influência política para conseguir a medida provisória que altera o direito de arena no Brasil e dá ao mandante o direito exclusivo de transmissão de seus jogos, e depois quis voltar atrás na final do Campeonato Carioca para exibir em seu canal oficial um jogo que era mando do Fluminense. Agora, defende a volta da torcida aos estádios quando metade da equipe pega a Covid.

“O Flamengo perdeu muito em termos de credibilidade, com a volta do Carioca e agora com quase um time inteiro infectado, quando afirmava ter um dos melhores protocolos sanitários. Fica claro que não existe protocolo”, avalia Amir Somoggi, especialista em gestão.

“Quando se tem um negócio, no caso do Flamengo o futebol, a gestão deve ser voltada para trabalhar o planejamento estratégico, mas sem passar por cima de valores, questões éticas e transparência”, pondera Nilo Patussi, advogado especialista em direito esportivo e compliance.

Toda escolha tem um risco. E para assumir um caminho com probabilidade alta de ocorrência ou com impacto significativo, é preciso estar preparado para se proteger ou bancar esse risco. Com o Flamengo isso não aconteceu.

“As escolhas e posições do clube não são ilegais, mas a repercussão desses envolvimentos faz com que se coloque em dúvida a credibilidade e a notoriedade, tamanho e preocupação da administração do Flamengo vitorioso”, acrescenta Nilo Patussi.

“O clube alegou estar preparado, com protocolo, e hoje tem muitos infectados. Quase gerou um conflito diplomático com o Equador e não se sabe o efeito prático disso ainda. Se vai afetar outros jogadores, o árbitro. Imagem péssima, que corrobora com a tragédia do Ninho. É uma gestão bem pouco preocupada com a questão da imagem institucional do clube perante a mídia e a população. Em termos institucionais, sai mais enfraquecido dessa história”, finaliza Amir Somoggi.

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