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Clubes pequenos lutam para minimizar os impactos do Covid-19 nas contas

O Brasil e o mundo vivem dias de incerteza e confinamento por conta da pandemia de coronavírus. A indústria do futebol, parte importante da economia global, não fica à margem dos problemas causados pelo covid-19. A paralisação dos torneios impacta a cadeia do futebol como um todo, mas o desafio maior fica para os clubes pequenos. Sem contar com grandes valores de patrocínio, os times menores também deixam de ganhar com a bilheteria em dias de jogos com a pausa das competições por conta da pandemia que assombra o mundo. Assim, o cenário é de incerteza.

“Não tem como não parar as atividades, mas financeiramente afeta sim. Nós temos contrato com os jogadores até maio. O campeonato terminaria dia 7 de maio. Estamos conversando com os investidores no sentido de que realmente vão ter que fazer um aporte maior se campeonato vier a voltar”, afirma Paulo Tognasini, diretor-executivo do Nacional-SP, time da zona oeste da capital paulista que disputa a Série A3 do Campeonato Paulista.

Um dos passeios mais tradicionais de São Paulo é visitar a rua Javari e comer um cannoli no estádio do Juventus, na Mooca. Mas com as atividades esportivas suspensas, o clube da zona leste prevê uma grande perda de receita.

“Logicamente vai ser complicado pra nós. Nós temos um público fiel, uma média de público de 2 mil pessoas por jogo. Então, a venda de bilhetes, a falta de público, a falta de vendas de camisa. Isso vai impactar muito aqui no clube. E nós vamos ter que se adaptar. Vamos aguardar também posicionamento da Federação Paulista, da CBF, para ver o que pode ser feito para ajudar também os clubes”, pondera o gerente de futebol do Juventus, Vitor Faustino.

Os mais afetados pela paralisação são os jogadores. Relatório Global de Emprego da Fifpro, que ouviu 14 mil entrevistados, mostra que mais de 45% dos pesquisados ganharam menos de US$ 1 mil por mês. Além disso, o salário médio mensal médio em todo o mundo variou entre US$ 1 mil e US$ 2 mil. Apenas 2% dos jogadores receberam mais que US$ 720 mil por ano em pagamento. E mais de 700 jogadores (6% dos pesquisados) foram pressionados a treinar sozinhos. Grande parte destes jogadores estão nas divisões inferiores ou em times pequenos.

“A suspensão do contrato pressupõe que ele vai ser retomado num prazo futuro. Eu suspendo o teu contrato, você não trabalha. Eu não te pago, mas porque você vai voltar a trabalhar e eu vou te pagar o mesmo. Mas a gente não sabe se vai ter campeonato. Tem clube que liberou os jogadores e está pagando salário. Mas a gente sabe que nem todo mundo consegue porque depende da competição para poder arrecadar e pagar os jogadores. Vamos trabalhar para que não haja ninguém querendo buscar uma vantagem indevida, tire proveito oportunista desse momento”, ressalva o presidente do Sindicato dos Atletas do Estado de São Paulo, Rinaldo Martorelli.

Na maioria dos clubes, o final do campeonato estadual é a hora certa para aproveitar a visibilidade alcançada e lucrar com a venda dos direitos federativos daqueles jogadores que se destacam nos estaduais. “Com os campeonatos parados, com essa falta de dinheiro no mercado, o mercado de vendas dos direitos federativos estará bem restrito. É uma outra fonte de renda deles, a venda de dos jogadores para clubes maiores. Isso está praticamente comprometido esse ano. Certamente a gente vai ter aí um um prejuízo, no mínimo, uma postergação de receita que vai ser complicada em termos de fluxo de caixa”, analisa Alexandre Rangel, sócio de consultoria para o setor esportivo da EY.

Dados preliminares estimam que as perdas nas cinco principais ligas europeias pode chegar a 4 bilhões de euros.

“Clubes menores terão dificuldades adicionais, pois suas fontes de receitas são escassas. Assim, será difícil manter salários de atletas em dia, tendo em vista que há uma expectativa de forte impacto a partir da suspensão das competições. Falta interlocução e articulação para a busca de soluções que possam amenizar o impacto ou pelo menos garantir algum fluxo de caixa aos clubes. Como os clubes nunca conseguiram se entender para nada neste país, a CBF deve assumir uma posição proativa para buscar todas as partes envolvidas na estrutura do futebol e realizar um plano de contingência”, explica o advogado especialista em direito esportivo Eduardo Carlezzo.

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