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COI mantém programação olímpica, mas coronavírus atrapalha atletas

Faltando quatro meses para os Jogos Olímpicos de Tóquio, a realização da competição ainda é incerta. Isso porque a disseminação do Covid-19 paralisou o esporte mundial. Só no último domingo (15), a Itália registrou 368 mortes ocasionadas pelo novo coronavírus. A pandemia interrompeu torneios nacionais ao redor do mundo, de todas as modalidades. E essa incerteza tem impactado a preparação dos atletas para a Olimpíada.

“A possibilidade dos Jogos Olímpicos serem adiados atrapalha um pouco a nossa preparação. A minha preparação fica atrapalhada nesse sentido porque eu não sei quando vou voltar a competir”, explica a esgrimista brasileira Bia Bulcão, medalhista do florete feminino nos Jogos Pan-Americanos de Lima, e que tenta a vaga para os Jogos de Tóquio.

No último final de semana, Bia teria uma chance de se aproximar de garantir o lugar na Olimpíada, mas a etapa do Grand Prix de Anaheim, nos Estados Unidos, última competição dentro da janela de classificação pelo ranking mundial, foi cancelada pela Federação Internacional.

“Essa competição é extremamente importante para buscar a vaga olímpica. Não tem uma data prevista de quando serão as competições. Nesse sentido é um pouco ruim. Financeiramente tive um prejuízo, porque tinha previsto permanecer na Itália, mas baseado no que poderia acontecer de pior, esse prejuízo não importa, o que importa é a minha saúde”, pondera Bia, que treina na Itália, mas que não voltou para o país europeu por conta da quarentena imposta pelo governo italiano.

Bia agora vive a expectativa para saber se terá de buscar a vaga direta nos Jogos de Tóquio pelo ranking ou se precisará brigar pelo lugar no Pré-Olímpico das Américas. Segundo a Federação Internacional de Esgrima (FIE), todas as competições das próximas cinco semanas estão canceladas. Não há maiores informações sobre como ficaria a contagem do ranking. Se o ranking olímpico for finalizado sem a prova de Anaheim, a colombiana Saskia Loretta Garcia garante essa vaga. Bia seria a representante do Brasil no Pré-Olímpico das Américas, que classifica mais uma atleta.

Na última semana, a chama olímpica foi acesa na Grécia para o início da viagem da Tocha até chegar à cidade-sede da Olimpíada. E os dirigentes tentaram ser o mais natural possível sobre a realização da competição.

“Esta cerimônia demonstra mais uma vez nosso compromisso com o sucesso dos Jogos Olímpicos de Tóquio 2020. Dezenove semanas antes da cerimônia de abertura, somos fortalecidos nesse compromisso pelas muitas autoridades e organizações esportivas de todo o mundo que estão tomando tantas medidas significativas para conter a disseminação do coronavírus”, disse Thomas Bach, presidente do Comitê Olímpico Internacional.

O COI resiste em mudar data de Tóquio 2020, como também em anunciar uma Olimpíada sem torcida. Comitê torce para epidemia ceder. Segundo fontes ouvidas pelo Lei em Campo, ele insiste em manter programação por três motivos. Compromissos financeiros, ciclo olímpico e efeito cascata em todos esportes olímpicos. Ou seja, uma troca de data de Tóquio 2020 implicaria em mudar calendário de várias competições importantes por um período longo de tempo.

Mas os atletas já demonstram insatisfação com a indefinição sobre a realização dos Jogos de Tóquio. “Do ponto de vista de um atleta aqui, precisamos de mais clareza, transparência e flexibilidade. Porque a conferência de imprensa que eu vi do primeiro ministro japonês não me encheu exatamente de confiança de que esses Jogos vão acontecer”, disparou o corredor britânico Guy Learmonth.

O escocês Learmonth foi capitão da equipe britânica no Campeonato Europeu de Indoor no ano passado e espera ser escolhido nos 800m, mas põe em xeque a realização da competição.

“Não temos ideia do quão ruim isso vai ficar, e o que vimos até agora pode ser a ponta do iceberg. É claro que o COI e o mundo inteiro querem uma Olimpíada de sucesso. Mas, para que isso aconteça, acredito firmemente que o evento precisa ser adiado – a menos que as autoridades possam garantir que os negócios serão como de costume, o que não acredito que possam”, afirmou.

O infectologista Paulo Olzon diz que o que vai definir a realização dos Jogos é a escalada do coronavírus em escala global.

“O cancelamento é uma possibilidade real, porque quando existem esses eventos, você tem concentração de pessoas em espaços pequenos. A gente tem que esperar um pouco para ver como é que essa epidemia vai evoluir. Hoje a evidência está realmente muito ruim em países principalmente do Hemisfério Norte, onde você tem o frio presente. Tudo vai depender do crescimento e da evolução. Se começar aumentar muito o número de casos, tem que realmente parar muita coisa. Eventualmente os eventos esportivos em função da aglomeração das pessoas, o que facilita a infecção. Tudo aquilo que provoca aglomeração deve ser evitado para que não haja uma transmissão mais fácil”, justificou o médico infectologista Paulo Olzon.

Mesmo que os Jogos aconteçam, mas após o mês de julho, haverá um impacto direto na preparação dos atletas. que o ciclo olímpico será quebrado. Com um mês sem treinos, por exemplo, os atletas perder força, resistência e potência. Assim, os Jogos de Tóquio, se acontecerem, podem registrar um número baixo de quebras de recordes olímpicos e mundiais.

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