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Corinthians terá de copiar o Flamengo para voltar a ser competitivo

O ano é 2013 e o Corinthians, então campeão mundial, assombrou o mercado do futebol nacional ao contratar Alexandre Pato. Para tirar o atacante do Milan-ITA, o Timão desembolsou 15 milhões de euros. Na mesma época, o Flamengo corria contra o tempo para sair das dificuldades financeiras. Durante este período, embora o Corinthians tenha conquistado dois títulos do Campeonato Brasileiro, entre outros troféus, financeiramente a situação se inverteu.

No ano passado, além de levantar as taças do Brasileiro e da Libertadores, o Flamengo apresentou superávit de R$ 62 milhões, enquanto o Corinthians viu a dívida explodir, atingindo um déficit recorde de R$ 177 milhões.

“A situação começa a se deteriorar em 2014, com menos receitas com bilheterias, volatilidade das receitas com venda de atletas, custos em alto. A situação ficou frágil mas estável até 2018. Os investimentos eram compatíveis com as receitas, e as dívidas permaneceram estáveis. O problema ainda eram as receitas abaixo do que um clube como o Corinthians pode obter. As dívidas cresceram muito em 2018 e 2019, porque além de custos que subiram acima das receitas, os investimentos foram elevados. O que que faltava para fechar a conta era coberto com dívida”, analisa o economista César Grafietti.

Com a pandemia, o quadro se agravou. Nesta semana, o site Meu Timão revelou que o clube está com três meses de salários atrasados. O clube assim fica exposto juridicamente, já que pela Lei Pelé, jogadores com três meses de vencimentos em atraso podem deixar o clube sem ter de ressarcir o Corinthians.

“É fato que o Corinthians construiu times vencedores entre 2012 a 2017, contratando jogadores, pouco conhecidos ou experientes, mas, que trouxeram grande retorno nos campos, através da conquista de títulos. Mas da mesma forma que construiu times vencedores, o Corinthians os desmontou. O Corinthians paga muito na contratação de jogadores e recebe pouco na sua venda. O aumento do endividamento do clube é basicamente reflexo da falta de planejamento decorrente da gestão inepta e amadora de dirigentes do clube, em especial no departamento de futebol profissional”, dispara José Carlos Passaretti, consultor financeiro especializado em gestão de riscos e conselheiro do Corinthians.

Perda de receita com venda de atletas, aumento das despesas no departamento de futebol e crescimento do déficit do clube social são três dos principais fatores para explicar o cenário atual do Corinthians, fruto do terceiro ano seguido que o clube fechou no vermelho.

A inauguração da Arena Corinthians foi fundamental esportivamente para o Corinthians, mas não catapultou as receitas do clube como era esperado. Mas para os corintianos, é um problema de fácil resolução. “Caso o clube consiga reequilibrar o termos do contrato junto a Caixa, para alongar o prazo de pagamento, reduzir a taxa de juros e consequentemente ajustar as parcelas mensais de amortização do financiamento ao fluxo de caixa e a capacidade de geração de receitas da arena, o clube terá pouco impacto nas suas finanças, já que a arena gerou, em tempos pré-crise COVID-19, aproximadamente R$ 40 milhões anuais de receita líquida com bilheteria, montante que entendemos seria suficiente para pagar o financiamento junto a Caixa”, afirma José Carlos Passaretti.

Para se transformar em uma das potências financeiras do futebol, a ponto de conseguir repatriar de vez Gabriel Barbosa, o Flamengo decidiu instituir e cumprir alguns pilares considerados fundamentais em termos de governança como gastar menos do que arrecada, aumentar a receita e maximizar o lucro, renegociar e gerir o passivo tributário, controlar e gerir a despesa de salários e ter um plano de continuidade de negócios.

Na visão de conselheiros e do mercado, essa é a hora perfeita para o Corinthians profissionalizar toda a sua gestão. “O nível de gestão do Flamengo foi um nível de gestão muito melhor do que o nível de gestão do Corinthians. O Corinthians teve uma boa gestão, mas não foi uma uma gestão transformadora como um todo. Foi uma gestão que foi bem no futebol. Mas a gestão fora de campo do Flamengo foi bem superior à gestão fora de campo do Corinthians”, elogia o consultor de marketing Fernando Ferreira.

A piora financeira tem como consequência a perda de capacidade de investimentos no futebol, com efeitos na competitividade do time dentro de campo. Mas para Fernando, com uma boa administração, o Corinthians pode diminuir a diferença para o Rubro-negro em poucos anos, só que para isso será preciso tomar medidas drásticas.

“Você precisa fazer um corte brutal de despesa. Principalmente as despesas no futebol, que são R$ 470 milhões. Vai obrigar a utilizar a base. Utilizando a base. você vai ter uma vitrine para efetivamente poder valorizar esses esses jogadores e gerar uma receita não recorrente na frente e trabalhar uma reestruturação do Fiel torcedor, que está com uma receita muito baixa. Só que para fazer isso em um time de futebol como o Corinthians precisa ter credibilidade e ter confiança da torcida. Precisa chamar a torcida e fazer como o Flamengo fez. Falar que vai precisar passar por uns três anos de forte corte de despesa, para ali na frente, a situação financeira melhorar e voltar a ser competitivo em alto nível”, finaliza Fernando Ferreira.

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