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Eleições evidenciam necessidade de modernização dos clubes e votação direta

O fim de semana foi marcado por eleições em três clubes da Série A do futebol brasileiro. Santos, São Paulo e Bahia elegeram os presidentes para o próximo triênio 2021-2023.

O Peixe registrou um pleito histórico, com o maior número de candidatos e colégio eleitoral recorde. Foram 8.154 votantes. Andres Rueda, de 64 anos, superou outros cinco candidatos e recebeu 3.936 ou 48,4% dos votos.

A votação ocorreu simultaneamente na Vila Belmiro, com dez urnas, na sede da Federação Paulista em São Paulo, com uma urna, e de forma on-line. O número de votos virtuais superou o total de votantes nas últimas eleições do clube.

“A eleição por meios eletrônicos é uma realidade que deve ser implementada, pois reduz custos e viabiliza o pleito democrático ao permitir a participação de todos aqueles que têm condições de voto”, avalia Maurício Corrêa da Veiga, advogado e presidente da Comissão de Direito Desportivo do IAB.

No Bahia, mais de 20 mil sócios estavam aptos a votar e 11.930 fizeram valer este direito. 96% dos votos registrados foram de forma on-line. Apenas 164 sócios estiveram de forma presencial na Arena Fonte Nova. E Guilherme Bellintani foi reeleito com 9.941 votos para mais três anos de mandato.

Nesse processo de eleição direta, os torcedores que estiverem em dia com a mensalidade e de acordo com o que determina o estatuto poderão fazer suas escolhas. Muitos deles não necessariamente vivenciam o dia-a-dia do clube, como os conselheiros e a diretoria executiva. E por este motivo o formato é diversas vezes criticado.

No entanto, muitos desses torcedores se sacrificam para pagar a mensalidade de um programa de sócio para não perder o direito de falar pelo seu clube.

“É o que chama atenção e nos traz o brilho da democracia. Quanto mais fechadas e restritas as eleições dos clubes de futebol, maior a chance de manipulação, influência política e um único grupo que tenha o monopólio daquele clube, que se estabelece por relação de influência”, lembra a advogada Fernanda Chamusca especialista em direito esportivo.

As eleições no São Paulo ainda se dão de forma bem arcaica. Num primeiro momento, quase 2.500 sócios elegeram os novos membros do Conselho Deliberativo do clube. E neste sábado (12), os conselheiros elegeram Júlio Casares, que participa ativamente da administração são-paulina há pelo menos 13 anos.

A primeira etapa das eleições são-paulinas está sob júdice. Assim como o pleito no Vasco, que teve duas votações (presencial e híbrida) e dois presidentes “eleitos”. O clube conseguiu com muita briga interna e na Justiça Comum aprovar a mudança de estatuto, mas ainda não sabe com certeza quem vai comandar a “nau portuguesa” no ano que vem.

Nesta segunda-feira (14), seria a vez do Santa Cruz-PE eleger um novo presidente. Mas o clube adiou as eleições para fevereiro, para que fossem realizadas de forma presencial. Opositores também questionaram na Justiça, mas decisão do Conselho Deliberativa foi mantida e o pleito está adiado. Nas redes sociais do Santa Cruz há uma grande campanha pela modernização do estatuto e pelas diretas.

“Na Europa, os torcedores se queixam dos clube-empresas e das associações sem fins lucrativos com eleições indiretas pela postura autoritária como tomam decisões. Muitas delas são impostas e precisam ser aceitas a qualquer custo, o que gera um cansaço por torcer por algo que você não se sente parte”, explica Fernanda Chamusca, que fez mestrado na Espanha.

Diferentemente do São Paulo, Palmeiras e Corinthians já contam com a participação de sócios nas eleições. Mas a adesão ainda é pequena perto do alcance que essas torcidas têm.

“O sistema, quando bem estruturado, protegerá a instituição de pessoas despreparadas ou mal intencionadas, fazendo que não venham a se candidatar. Se passada essa etapa, que a vontade da maioria seja feita, de forma transparente e organizada, com o voto direto. Assim, na maioria dos casos, não existe voto privilegiado, mas sim, igualitário. Por isso, o voto direto, dá a todos dos eleitores, o mesmo poder decisório”, pondera Nilo Patussi, advogado especialista em gestão e compliance.

É preciso valorizar e estimular a sensação de pertencimento dos torcedores, porque isso representa “o poder que nós temos de transformar os clubes de futebol no Brasil”, finaliza Fernanda.

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