Entenda o que pode acontecer com o Colo-Colo por tragédia e paralisação de partida na Libertadores

O futebol sul-americano viveu uma noite trágica nesta quinta-feira (10). A partida entre Colo-Colo e Fortaleza, válida pela 2ª rodada do Grupo E da Libertadores, foi cancelada após quase duas horas de paralisação em razão de uma grande confusão no Estádio Monumental David Arellano, em Santiago, no Chile.

O confronto foi paralisado por volta dos 20 minutos do 2º tempo, após torcedores do Colo-Colo invadirem o gramado. No momento da invasão, a partida estava empatada em 0 a 0.

Segundo a imprensa chilena, o ato foi um protesto pela morte de dois torcedores (18 e 13 anos) que foram atropelados por uma viatura da polícia, pouco antes da bola rolar, já nos arredores do estádio. Não houve qualquer agressão a jogadores e equipe de arbitragem.

A Conmebol ainda não definiu se a partida será remarcada. A entidade enviou uma nota ao clube brasileiro dizendo que todas as informações sobre o episódio serão levadas ao Comitê Disciplinar para determinar os próximos passos.

Como fica resultado da partida? Colo-Colo pode ser desclassificado?

Andrei Kampff destaca que a suspensão de uma partida é algo considerado como muito grave no esporte, uma vez que atinge o princípio da estabilidade das competições.

“O que aconteceu ontem, além de grave pela violência e risco, determinou a suspensão da partida. Como o Colo-Colo é responsável pela segurança do jogo, o Código Disciplinar, na combinação dos artigos 6 e 12 prevê, entre outras penas, a perda da partida e até a exclusão do campeonato”, avalia o advogado desportivo.

Vinicius Loureiro, advogado especializado em direito desportivo, acredita que a gravidade da situação pode resultar em medidas históricas e sem precedentes.

“Segundo o Código Disciplinar da Conmebol, em seu artigo 12.2, a invasão do campo de jogo (alínea a) e falta de ordem ou disciplina no estádio ou seus arredores (alínea j) podem resultar nas punições previstas no artigo 6.3. Considerando que duas pessoas morreram e que a partida teve sua continuidade impossibilitada, deve-se reconhecer a gravidade extrema da situação. Sendo assim, é razoável pensar que haverá a determinação de um resultado para a partida, desfavorável ao Colo-Colo, ou mesmo sua desclassificação da competição. Tais penas não são usuais, mas devem ser analisadas dada a gravidade da situação”, analisa.

O advogado João Marcello Costa cita que o Código Disciplinar da Conmebol prevê a responsabilidade objetiva dos clubes pelos atos praticados por seus torcedores.

“Ou seja, para a Conmebol, um clube deve ser responsabilizado por aquilo que é praticado por seus torcedores. Além disso, o art. 12, do Código Disciplinar da entidade, prevê sanções para os clubes que, por meio dos seus torcedores, interromperem uma partida ou não permitirem que ela seja concluída. Sendo assim, é possível tanto a aplicação da perda de pontos, como também, em uma medida mais drástica, a exclusão da competição”, avalia o especialista em direito desportivo.

“Importante considerar que essa é a primeira vez que o Colo-Colo pratica tal infração nessa edição da Copa Libertadores e isso pode ser utilizado para diminuir a pena a ser aplicada pela Conmebol”, acrescenta João Marcello.

O advogado Carlos Henrique Ramos, especialista em direito desportivo, entende que dificilmente será aplicado W.O a favor do Leão do Pici.

“Acho difícil aplicação de W.O. pois este depende que o clube deixe de disputar a partida de forma injustificada. Como não havia condições mínimas de segurança, houve fundamento para a paralisação. A tendência é que a partida seja finalizada em outra data e o Colo-Colo seja punido, já que o art. 8º do Código Disciplinar da Conmebol prevê a responsabilidade objetiva (que independe de culpa) dos clubes pelos atos dos seus torcedores, além de que o clube anfitrião é responsável pela segurança do evento. O tribunal da entidade pode aplicar sanções como imposição de atuar sob portões fechados, perda de pontos, multa e até desclassificação do torneio”, afirma.

Entenda o caso

A partida entre Colo-Colo e Fortaleza foi cancelada após quase duas horas de paralisação devido à invasão de torcedores ao gramado, além do arremesso de objetos em direção ao campo.

Dois torcedores do Colo-Colo morreram atropelados por uma viatura da polícia fora do estádio, gerando uma revolta de parte da torcida. Segundo o ‘La Tercera’, houve uma confusão na entrada e cerca de 10 torcedores foram presos.

Em nota oficial, a Conmebol lamentou as mortes dos torcedores. Na sequência, a entidade confirmou o cancelamento da partida através das redes sociais.

O presidente da FIFA, Gianni Infantino, se manifestou sobre o episódio.

“Estou profundamente consternado depois de saber dos trágicos incidentes ocorridos antes do jogo da Libertadores entre Colo Colo e Fortaleza, em Santiago, no Chile, que causarão a morte de duas pessoas e deixaram ferias várias outras. Em nome da Fifa, quero expressar minhas mais sinceras condolências aos clubes, à Conmebol e à Federação do Chile, assim como às famílias e entes queridos das vítimas. Que descansem em paz”, escreveu o mandatário da entidade máxima do futebol.

Crédito imagem: Marcelo Hernandez/Getty Images

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