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Entenda por que a Conmebol não cancelou a Copa América 2021

A Conmebol decidiu seguir o previsto e não cancelou a Copa América 2021. Após a reunião emergencial do Conselho da Conmebol na manhã desta segunda-feira (31), a confederação sul-americana anunciou a transferência da competição para o Brasil, palco da última edição.

O anúncio de suspensão da Argentina como país-sede da competição neste domingo fez com que muitas pessoas acreditassem que a Copa América seria cancelada, mas não foi bem isso que aconteceu. A não realização do evento poderia trazer consequências graves para a confederação. Os motivos são inúmeros e estão ligados aos contratos e acordos comerciais firmados anteriormente.

“Essas competições costumam trabalhar com valores de patrocínio muito grandes, e que ajudam a custear uma série de ações pré-evento, relacionadas à publicidade, estrutura de venda de ingressos, transporte, pagamentos por diversos serviços. Cancelar o evento significa muito, porque em geral os patrocinadores pedirão o ressarcimento. Inclusive quem pagou pelos direitos de TV. Por isso o esforço em manter, mesmo postergando, como foram as Olimpíadas de Tóquio, a Eurocopa 2020, e como foram os campeonatos de futebol em 2020”, avalia o economista Cesar Grafietti.

Vinicius Loureiro, advogado especialista em direito desportivo, alerta que a entidade poderia responder juridicamente em caso de não realização.

“Com a pandemia controlada em uma série de países e o futebol voltando a receber público, a alegação de que a não realização da competição se deve à pandemia perde força. Houve tempo suficiente para o planejamento desde o início dessa situação que vivemos. Muitos governos na América Latina ainda não conseguiram controlar a situação, em razão dos mais diversos motivos. Com isso, aqueles que se sentirem prejudicados pela não realização da Copa América poderão questionar judicialmente a decisão e buscar a indenização prevista em contrato, o que pode gerar um prejuízo significativo para os organizadores”, afirma o especialista.

Já o advogado Victor Targino, acredita que se o caso fosse para à Justiça, poderia ser discutido.

“Se, por um lado, a organização de um evento desportivo de dimensão continental é extremamente complexa, envolvendo, direta e indiretamente, diversos fornecedores de bens e serviços, por outro, existem, em tese, saídas jurídicas viáveis a justificar nova prorrogação dos contratos vigentes e/ou mitigação dos prejuízos advindos do término destes, como a Força Maior ou a teoria do Fato do Príncipe (já que tanto o poder público colombiano, quanto o argentino, se recusaram a sediar o torneio)”, afirma.

“Portanto, fica difícil defender a realização da Copa América sob o simples argumento de adstrição a contratos vigentes, pois, em tese, haveria lastro jurídico para a não execução destes enquanto perdurar a grave crise sanitária advinda da pandemia no continente sul-americano. Não há de se comparar o cenário daqui ao que se desenha na Europa (que sediará a Eurocopa) ou nos EUA (onde estão ocorrendo, com público, os playoffs da NBA), locais que adotaram postura pública diametralmente oposta à do Brasil no combate à COVID-19 e já se encontram, diferentemente de nós, bem avançados em seus programas de vacinação”, completa Targino.

Outro motivo está no prejuízo ainda maior que a Conmebol teria se a competição não fosse mais realizada. A confederação sul-americana calcula perderá pelo menos US$ 30 milhões com a ausência de público e a não participação das convidadas Austrália e Catar na Copa América.

“Muitos custos já foram realizados, e inclusive o cancelamento com mudança de sede gera uma série de duplicação de custos, que precisam ser bancados pelo organizador. Por exemplo, a saída inicial da Colômbia significa que a estrutura de hotelaria e transportes que estava agendada no país deixe de ser usada, e precisaria ser encontrado algo semelhante na Argentina. Em cima da hora representa custos mais elevados, e sem reembolso do que já foi pago anteriormente (ou, pelo menos, com reembolso mais complicado)”, completa Grafietti.

Um dos pontos que levou a entidade a escolher o Brasil como nova sede foi a satisfação com a organização da última Copa América, disputada em 2019, além de possuir mais estádios em boas condições para os jogos das seleções sul-americanas.

De acordo com o ‘GE’, antes da reunião que selou a mudança, a possibilidade de o Brasil organizar o torneio era descartada tanto pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF) quanto pela própria Conmebol.

A ideia da confederação é colocar um grupo para jogar em Manaus (Arena da Amazônia) e Brasília (Mané Garrincha), o outro nos dois estádios do Nordeste (Arena Pernambuco e Arena das Dunas).

Após a desistência da Colômbia, há cerca de 10 dias, os governos do Equador e da Venezuela enviaram propostas oficiais para a Conmebol para receberem os jogos. Um outro candidato, considerado ‘informal’, é o Chile. Já os Estados Unidos, apontado por alguns sites como um possível local, está totalmente descartado pela entidade.

Apesar dos problemas e das indefinições, algumas seleções que participam da competição já começaram a se reunir e iniciar sua preparação, como é o caso da Seleção Brasileira, que está trabalhando na Granja Comary, no Rio de Janeiro, desde a última quinta-feira (27).

A Copa América está prevista para ser disputada entre os dias 11 de junho e 10 de julho.

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