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Esporte na TV: nada será como antes

O mercado audiovisual tem passado por profundas transformações. A grandes produtoras de filmes para o cinema tem a cada ano perdido espaço para as produtoras de “streaming”.

Esta mesma tendência tem se percebido na televisão paga, eis que as operadoras estão a perder assinantes enquanto os “streamings” tem cada vez mais adesões.

Este fenômeno chegou definitivamente na TV aberta. A movimentação de peças da Globo, maior emissora do Brasil, tem dado dicas de que ela já enxerga Netflix e Amazon Prime como suas principais concorrentes e não mais Band, Record e SBT.

A Globo tem investido muito no seu “streaming” próprio, a Globo Play, e está dia após dia a desmontar seu staff. A emissora que antes investia muito em contratos de exclusividade para tão somente impedir a contratação pelas concorrentes, agora parece não se preocupar tanto.

Nos últimos 12 meses nomes como Antônio Fagundes, Stênio Garcia, Tarcísio Meira, dentre outros deixaram o casting da Globo.

No esporte não foi diferente. Em 2019, a Globo já havia informado que não renovaria com os estaduais. Já no ano seguinte, rescindiu com o Carioca, com a Libertadores e com a Fórmula 1.

O desinteresse do Grupo Globo por alguns eventos esportivos há poucos anos era inimaginável. O Carioca e a Libertadores foram para o SBT, a Fórmula 1 para a Band e jogos da Seleção para a TV Walter Abrahão.

No caso da competição sul-americana a rescisão da Globo soou mais como um blefe para recomprar mais barato do que como um desinteresse. O tiro acabou saindo pela culatra. O SBT bateu recordes de audiência e o produto acabou se valorizando.

A saída do Grupo Globo do protagonismo tende a promover nos próximos anos uma mudança profunda no paradigma das transmissões esportivas.

Os campeonatos estaduais de futebol terão que se reinventar e as demais competições precisão buscar adaptação. Nesse sentido, a Federação Paulista (que tem o melhor estadual do país) largou na frente ao criar o “Paulistão Play”, plataforma “on line” para transmissão de jogos, e informar que, nos próximos contratos, pretende compartilhar os direitos de transmissão com várias emissoras, cedendo-as exclusividade por dia de semana.

Sem dúvidas, a TV aberta tal como conhecemos está a acabar. As novas gerações não têm como prioridade adquirir um aparelho de TV e estão acostumados a assistir seus programas e séries favoritos por demanda, ou seja, no dia e hora que quiserem.

Dessa forma, para a TV aberta sobraria o que é “ao vivo” ou seja, principalmente noticiários e esportes. O grande sintoma desse movimento é o fato das emissoras esportivas e de jornalismo como Sportv, Globo News e CNN terem as maiores audiências na TV fechada.

A Globo parece não concordar com essa linha e tem investido cada vez mais no “Globo Play” e na exibição de novelas e séries antigas. Até o momento, a vênus platinada tem colhido bons frutos. O Canal VIVA de reprises tem altas audiências, as novelas reprisadas tem tido bom público e o mais interessante, o aumento do faturamento do Globo Play compensou a perda com a TV aberta.

A Band e o SBT identificaram a importância do “ao vivo” e voltaram a investir em jornalismo e esportes. A primeira reativou o seu “Show do Esporte” aos domingos, enquanto a TV de Silvio Santos retomou investimentos em eventos esportivos.

O esporte tem mostrado sua força. O SBT humilhou as concorrentes na transmissão da final da Libertadores e a TV Walter Abrahão, outrora desconhecida, dominou os noticiários ao anunciar a transmissão dos jogos da Seleção pelas Eliminatórias como visitante, exceto Argentina.

A Band, igualmente, já começou a colher frutos com a aquisição da Fórmula 1. A emissora recebeu muita mídia gratuita a ponto do tricampeão mundial Nelson Piquet parabenizá-la pela transmissão da competição.

As mudanças então apenas começando, portanto, é o momento das emissoras e operadoras de TV e “streaming”, bem como dos clubes e federações das mais diversas modalidades ficarem atentos para se conseguir grandes negócios.

No entanto, apesar de todas as mudanças, uma questão é certa, o esporte permanecerá sendo um grande produto de entretenimento, independentemente da plataforma de exibição.

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