Não é de hoje que os Estados tentam driblar a autonomia esportiva e se apropriar de uma paixão popular, o esporte. Além de aproximar governo do povo, ele pode ser instrumento de conquistas políticas importantes. O primeiro líder político brasileiro a entender isso foi o ex-presidente Getúlio Vargas.
Em ‘O dono da bola’, Jorge Miguel Acosta Soares descreve o momento da criação da justiça desportiva, durante a ditadura de Getúlio Vargas (1941-1945), e sua relação com a burocracia do Estado Novo.
Foi um caminho que o governo popular e autoritário de Vargas encontrou para aproximar as práticas desportivas da ideologia oficial. O resumo era de que os homens do futebol não se enquadravam no perfil varguista de cidadão: ordeiro, disciplinado e membro coletivo da nação.
A disciplinarização do futebol por meio de um código disciplinar mal escondia o preconceito dos dirigentes desportivos contra os jogadores quase todos provenientes das camadas mais pobres da população. As conhecidas relações do mundo do futebol com os detentores do poder político são apresentadas em sua gênese, a partir da escolha dos homens da estrita confiança do regime para assumir os principais postos de comando do sistema desportivo que se criava.
Nosso primeiro ‘Código Esportivo” tinha claras influencias do Código Penal. Segundo os pensadores que desenharam a nova estrutura, era preciso punir, agir com rigor no combate “a violência dos gramados”.
O livro se destina a todos aqueles que se interessam pela história, por direito e por futebol. Também representa uma excelente fonte de pesquisa para quem pretende se aprofundar no tema, uma vez que traz à luz questões e aspectos nunca estudados de forma sistemática.
O Dono da Bola: o Estado Novo e a Justiça Desportiva no Brasil
Jorge Miguel Acosta Soares
303 páginas
Editora Appris
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