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Estaduais: o início do fim

A bola voltou a rolar pelos campeonatos estaduais em todo país. Outrora os estaduais tinham mais espaço no calendário, mas, atualmente, ano após ano perde apelo do público e interesse dos participantes.

O fato é que os estaduais, com poucas exceções, ainda persistem por questões políticas, uma vez que o Estatuto da CBF confere às Federações Estaduais poder de voto, ou seja, elas são essenciais na eleição do presidente da entidade e, por óbvio, qualquer grupo político que avente a possibilidade de acabar com a competição, não conseguirá se eleger ou se manter no Poder. Entretanto, não há força política que se sustente contra a “mão invisível” do mercado.

Antes que qualquer coisa, as competições de futebol são um produto e como qualquer produto necessitam de mercado consumidor. Estádios vazios e audiências pífias apontam que o consumidor não se interessa pelos Estaduais ao ponto de justificar os valores pagos para transmissão e pelos patrocinadores.

Diante disso, a Rede Globo de Televisão, maior detentora dos direitos de transmissão de futebol no Brasil já indicou que dificilmente renovará os contratos, caso o modelo atual dos estaduais seja mantido.

Alguns Estaduais, inclusive, já não são mais transmitidos pela Globo, como o Paranaense que passou para a DAZN e o Catarinense que terá, também, transmissão pela TV NSports, ambos por streaming.

Aventa-se a possibilidade dos campeonatos estaduais transmitidos pela Globo, à exceção do Paulista, passarem a adotar o mesmo formato do campeonato Carioca, em 16 datas.

Entretanto, o fato é que o grande interesse da emissora carioca é ter o Campeonato Brasileiro por todo o ano e não iniciando-se em maio, como é atualmente. Para tanto, há a ideia de pulverizar as datas dos campeonatos estaduais ao longo do ano, sempre nos meios de semana, à exceção das finais, formato semelhante ao utilizado pela Copa da Inglaterra (FA Cup) no calendário inglês.

O desinteresse da Globo pelos estaduais está claro quando constata-se a não transmissão, e 2020, de partidas nos meios de semana (a emissora exibirá filmes) e ausência de acordo com o Flamengo, que não terá seus jogos televisionados.

A verdade é que, excetuando-se a Federação Paulista (FPF) e a Carioca (FERJ), como regra, as Federações Estaduais, sentadas em berço esplêndido e seguras da importância política que tem, tem se preocupado pouco com o desenvolvimento dos seus produtos e clubes.

O campeonato Paulista é, sem dúvidas, o mais competitivo e de melhor índice técnico e a FPF, atenta ao seu torcedor foi a primeira do país a contratar um Ouvidor profissional para competição com currículo para a empreitada (Dr. Caio Medauar) , além de contar com nomes de peso na sua estrutura como do tetracampeão Mauro Silva (Vice-Presidente), da ex-atleta Aline Pellegrino (Diretora de Futebol Feminino), da gestora Mislaine Scarelli (Vice-Presidente – Administração e Finanças), do mestre em Direito Desportivo Gustavo Delbin (Vice-Presidente – Registros, Transferências e Licenciamento) , da autoridade em Segurança da Conmebol Roberto Cicivizzo Junior (Vice-Presidente – Segurança e Prevenção da Violência), dentre outros.

A Federação Paulista criou, ainda, a FPF Academia que organiza periodicamente cursos, treinamentos, eventos e palestras com o objetivo de melhorar a profissionalização do futebol.

Já o campeonato Carioca é o mais charmoso do Brasil com os quatro grandes (Flamengo, Fluminense, Vasco e Botafogo) e as tradicionalíssimas equipes do América, Bangu e Madureira. Além disso, a FERJ, preocupada com o desenvolvimento do Futebol criou o Instituto de Ciências do Futebol, coordenado pelos doutorandos Marcelo Jucá e Sandro Trindade, que oferece cursos de pós graduação, de treinadores de futebol, dentre outros como um LLM em parceria com a Trevisan.

Para sobreviver os estaduais e as próprias Federações estaduais precisam se reinventar. É necessário criar produtos (competições) que atraiam o interesse do consumidor (torcedor), é preciso buscar o desenvolvimento do futebol e dos clubes nos estados.

Caso isso não aconteça, a “mão invisível” do mercado retirará dos estaduais as pomposas cotas de televisão e inviabilizará as insípidas competições que atualmente são “enfiadas goela abaixo” dos torcedores.

Nesse sentido, 2020 pode marcar o início do fim dos campeonatos estaduais, pelo menos da forma como atualmente conhecemos.

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