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Ex-capitã e diretora da federação nacional diz que jogadoras da seleção do Afeganistão temem pela vida após retorno do Talibã

As jogadoras da seleção do Afeganistão estão angustiadas em relação a seus futuros, temendo pelas próprias vidas, após o grupo extremista Talibã assumir o poder do país no último domingo (15). Em entrevista para a agência ‘Associated Press’, Khalida Popal, ex-capitã do time e atual diretora da federação nacional, revelou que tem recebido inúmeras ligações e mensagens em tom desesperador das atletas.

Popal contou que está aconselhando as outras mulheres a abandonarem suas casas e apagarem seus históricos como jogadoras de futebol de todas as formas.

“Isso destrói o meu coração, porque durante todos esses anos nós trabalhamos para aumentar a visibilidade da mulher, e agora estou dizendo a uma mulher no Afeganistão para calar a boa e desaparecer. A vida delas está em perigo”, disse Popal, na entrevista para a agência, completando:

“Elas estão se escondendo. A maioria saiu de casa e agora está com parentes, para se esconder de vizinhos que sabiam que eram jogadoras de futebol. Elas estão com medo. O Talibã está por toda a parte, criando medo”.

A ex-capitã deixou o Afeganistão com sua família em 1996, quando o grupo extremista assumiu o comando do país pela primeira vez. Após viver em um campo de refugiados do Paquistão por anos, retornou para sua terra natal em 2001 quando o Talibã foi derrubado.

Na primeira vez que o Talibã assumiu o poder do país, as mulheres que não cumpriam as regras impostas eram humilhadas, espancadas e por vezes até mortas pela polícia religiosa do grupo fundamentalista que atuava sob uma interpretação rígida do que diz a lei islâmica, conhecida como sharia.

Popal, de 34 anos, é considerada um símbolo na luta pelos direitos das mulheres no Afeganistão, utilizando o esporte para criar iniciativas de igualdade. Ela atuou como jogadora da equipe nacional entre 2007 e 2011, e logo se tornou diretora da federação. No entanto, devido aos ataques verbais e ameaças de morte, a afegã teve que deixar o país e pedir asilo político na Dinamarca, onde mora desde 2016.

“Minha geração tinha a esperança de construir o país, desenvolver a situação para a próxima geração de mulheres e homens do Afeganistão. Nós sentíamos muito orgulho de vestir a camisa da seleção. Era a coisa mais bonita, o melhor sentimento possível”, disse Popal.

Por fim, a afegã fez críticas a decisão do governo dos Estados Unidos em retirar as tropas militares do país.

“As mulheres no Afeganistão acreditaram na promessa, mas eles nos abandonaram porque não há mais interesse nacional. Por que prometeram? É isso o que questionam as minhas garotas, que choram e mandam mensagens. Por que não disseram que não abandonariam assim? Pelo menos poderíamos ter nos protegido”, finalizou.

Crédito imagem: AFP

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