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Exclusivo: CBF monitora decisão da IFAB e promete avançar no protocolo de concussão para o ano que vem

A regra da IFAB (International Football Association Board), órgão regulador do futebol, de proibir que jogadores menores de 12 anos cabeceiem bolas durante treinos e partidas foi elogiada por especialistas da medicina e do esporte. A medida, que segue recomendações médicas e busca reduzir concussões e doenças neurodegenerativas à curto e longo prazo, já é adotada nos Estados Unidos e na Escócia. Por aqui, ainda não há nada nesse sentido, mas isso deve mudar em breve. Em entrevista para o Lei em Campo, o diretor médico da CBF (Confederação Brasileira de Futebol) e neurocirurgião, Jorge Pagura, contou que a entidade está atenta para as modificações nesse sentido.

“Precisamos analisar essa recomendação da IFAB e a sua aplicação na prática. Em relação a CBF, nossas competições que se iniciam com a Liga de Desenvolvimento, a faixa etária mínima para participar é de 13 anos, portanto fica de fora dessa recomendação”, afirmou.

Pagura foi questionado se a CBF, responsável pelo futebol brasileiro no geral, passaria a recomendação da IFAB para as escolinhas de futebol espalhadas pelo Brasil à fora.

“Nós precisamos receber oficialmente da FIFA e da IFAB as normas dessa recomendação. Já estamos conversando com as competições e arbitragem. Precisaremos da avaliação do departamento jurídico da CBF se poderemos ou não determinar o cumprimento dessa norma da IFAB em estruturas privadas ou somente comunicar a recomendação. Eu pessoalmente sou totalmente favorável que a medida se estenda. Como fazer isso ainda não sabemos, precisa ser criteriosamente e juridicamente avaliado”, disse.

No comunicado enviado para as federações de futebol, a IFAB ressaltou que jogadas áreas geram riscos de choque não somente com a bola, mas também com a cabeça de adversários. A preocupação com menores de 12 anos é ainda maior uma vez que seus corpos, cérebros e habilidades motoras ainda estão em desenvolvimento.

Os Estados Unidos foram o primeiro país a adotar uma maior cautela nesse sentido, proibindo o cabeceio em treinos e partidas para crianças menores de 11 anos. A medida foi implementada em 2015, após um grupo de pais e jogadores irem à Justiça contra a US Soccer e a FIFA.

No início de 2020, a Escócia se tornou o primeiro país europeu a adotar uma medida parecida. No país, a proibição de cabeceios acontece para jovens menores de 12 anos. Agora, a tendência é de que a regra se espalhe por mais países ao redor do mundo. Os campeonatos que adotarem a recomendação precisarão enviar relatórios para a IFAB, que dará sequência aos estudos sobre o tema.

O diretor médico da CBF também foi perguntado sobre a adoção da regra de substituição extra para casos de concussão no futebol brasileiro. A IFAB anunciou a regra provisória em dezembro de 2020 e decidiu prorrogá-la até agosto de 2023. A FIFA já usou a regra no Mundial de Clubes de 2020 e vai repetir na Copa do Mundo do Catar.

“Trabalhamos e propusemos isso desde 2017 aqui na CBF em conjunto com a Conmebol, e ficamos contentes com essa resolução da FIFA. Se mantida como regra, sem dúvida deveremos aplicá-la para as competições do próximo ano”, afirmou Pagura.

“Nós não costumamos mudar as regras no meio das competições. Como teremos essa regra aplicada no Mundial, que geralmente implanta as mudanças, vamos definir isso antes da aprovação dos regulamentos das competições. Se ela (regra) for definitiva, será aplicada em todas (categorias), se ainda for provisória (em forma de teste), escolheremos algumas categorias específicas para adotá-la. Somos amplamente favoráveis. Porém, a discussão é sempre feita inicialmente entre nós (área médica), Diretoria de Competições e Comissão de arbitragem”, acrescentou.

Pagura reforçou que toda e qualquer tipo de mudança/regra precisa ser discutida com os clubes, assim como aconteceu no começo da pandemia de Covid-19.

“Em relação à substituição extra por concussão, é importante lembrar que o Regulamento Geral de Competições (RGC) é aprovado pelos clubes e nós sempre temos discutido com todos, como foi no caso da Covid-19, as mudanças a serem implantadas”, encerrou.

O cabeceio é algo comum e praticamente inevitável no futebol. Porém, recentes estudos conduzidos pela comunidade científica apontam que os jogadores que receberam recorrentes pancadas na cabeça ao longo dos anos têm maiores chances de desenvolverem doenças degenerativas no cérebro, como a Encefalopatia Traumática Crônica (ETC). Discussões sobre o assunto ocorrem há anos em esportes como o boxe, futebol americano e rúgbi, agora chegou a vez do futebol.

Crédito imagem: Getty Images

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