A Fifa foi mais uma a se juntar ao boicote do futebol inglês às redes sociais na luta contra o racismo e a discriminação online. O ato, que prevê um período de silêncio nas plataformas digitais entre hoje e a próxima segunda-feira, ganha ainda mais força com o apoio da Uefa e da entidade máxima do futebol.
“É uma medida interessante. Quando entidades privadas tomam essa postura, elas ‘empurram’ de uma certa forma o poder econômico produtivo do futebol a se posicionar. Essa é uma nova forma de se dialogar com o grande público”, afirma Mônica Sapucaia, advogado especialista em direitos humanos.
Para Rodrigo Carril, advogado especialista em compliance, o esporte deve estar atento e contribuir para os valores positivos para a sociedade.
“Tem crescido o entendimento de que as organizações, em qualquer área do mercado e não apenas no esporte, devem não somente mitigar as consequências negativas de sua atuação, mas contribuir, de acordo com sua capacidade, para a criação de valores positivos para a sociedade. No esporte, esta verdade é incontestável, pois disso depende a sua existência e é também um de seus objetivos. Respeito, diversidade e inclusão são pilares do esporte e rogamos para que este engajamento de grandes instituições esportivas se torne cada vez mais frequente, eficiente e legítimo”, ressalta o especialista.
“Acho que devemos ir além: como a questão econômica entra nessa luta? Como isso se materializa nos contratos de marketing? E dos fornecedores? Acredito que esse deveria ser o primeiro passo nesse processo”, questiona Mônica Sapucaia.
Em comunicado nesta sexta-feira (30), a Fifa garantiu que “apoia a iniciativa do futebol inglês de denunciar os abusos discriminatórios e ofensivos nas redes sociais”, considerando que este tipo de comportamento “não tem lugar no futebol, nem na sociedade e merece ser condenado energicamente”.
“Acreditamos que as autoridades e a empresas que gerem as redes sociais devem tomar medidas reais e efetivas para pôr fim a estas práticas”, diz a Fifa no comunicado.
Nesta quinta-feira, foi a vez da Uefa anunciar que não fará qualquer publicação nas suas páginas nas redes sociais, entre as 15h desta sexta-feira e as 23h29 de segunda-feira, como forma de se juntar à luta pela “necessidade de tomar medidas para travar o ódio e os insultos futebolistas e outros intervenientes no jogo”.
Aleksander Ceferin, presidente da Uefa, disse que “isso é inaceitável e precisa ser interrompido, com a ajuda das autoridades públicas e legislativas e dos gigantes das mídias sociais. Permitir que uma cultura de ódio cresça com impunidade é perigoso, muito perigoso, não só para o futebol, mas para a sociedade como um todo”.
No último sábado, as principais ligas de futebol da Inglaterra anunciaram a iniciativa. “O futebol inglês vai se unir em um boicote às mídias sociais entre sexta-feira, 30 de abril, até segunda-feira, 3 de maio, em resposta ao crescente e permanente abuso discriminatório recebido online por jogadores e muitos outros conectados ao jogo”, disse a Federação Inglesa (FA) em suas plataformas digitais.
Entre os dias 30 de abril e 3 de maio, FA, Premier League, EFL, FA Women’s Super League, FA Women’s Championship, PFA, LMA, PGMOL, Kick It Out e FSA prometem não interagir nas redes sociais (Facebook, Instagram e Twitter), deixando-as totalmente inativas.
O principal objetivo da medida é mostrar a gravidade e a frequência dos ataques sofridos pelos jogadores e outros profissionais dentro do futebol, e exigir respostas mais severas por parte das plataformas.
No mês passado, ao menos cinco jogadores do Manchester United sofreram ataques raciais nas redes sociais após resultados negativos do clube. Outras equipes também tiverem atletas vítimas dessas atitudes.
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