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Homofobia no tiro de meta?

Após a Copa do Mundo de 2014, a torcida brasileira importou dos mexicanos o hábito de gritar “eeeeeeh bicha!” (“eeeeeeh puto!” em espanhol) quando os goleiros vão bater o tiro de meta.

A Federação Mexicana de Futebol (Femexfut) já foi diversas vezes multada por esses gritos, uma vez que a FIFA entende tratar-se de homofobia.

A CBF também já foi multada por gritos ocorridos durante as Eliminatórias para a Copa de 2018.

De fato, a FIFA, em seu Código Disciplinar, e também o CBJD punem a homofobia e o preconceito no esporte. Importante nesse momento definir homofobia.

Homofobia é uma palavra cunhada em 1971 pelo psicólogo norte-americano George Weinberg e é fruto da junção dos radicais gregos homo (igual) e phobia (medo).

Atualmente, o conceito de homofobia expandiu-se para além da aversão ao homossexual e passou a significar, também, atos de discriminação contra homossexuais ou contra a homossexualidade.

Discriminação, por seu turno, significa diferenciar, segregar, excluir ou restringir.

Assim, homofobia significa diferenciar, excluir e restringir uma pessoa com base na orientação sexual homoafetiva.

Nos estádios de futebol, os gritos de “eeeeeeh bicha!” não configuram qualquer diferenciação, exclusão ou restrição, até porque os torcedores nem sequer sabem a orientação sexual do goleiro e gritam de forma generalizada sem o dolo de discriminar e de forma lúdica.

Aliás, os campos de futebol sempre foram espaços lúdicos onde os torcedores, obviamente sem violência, descarregam suas frustrações e tensões do dia a dia.

Faz parte da história do futebol as ofensas contra os juízes ou os gritos de guerra pelo seu clube ou contra o clube adversário.

Os gritos de “Juiz filho da p…” obviamente não estão ofendendo as profissionais do sexo ou as genitoras dos árbitros.

Os cânticos de “O pau vai quebrar” obviamente não convidam torcedores para a briga, mas trazem uma analogia da disputa desportiva.

Essa doutrinação politicamente correta está acabando com a leveza da vida e, por consequência, dos estádios de futebol.

Estão ensinando às crianças que tudo é ofensa, que tudo agride. Nos anos 80, “Os Trapalhões” fizerem sucesso estrondoso fazendo humor com negros (Mussum), homossexuais e nordestinos (Didi). A criança negra ganhava o apelido de Pelé na escola; o que usava óculos, “quatro olhos”; o gordinho, “baleia”; e por aí afora.
Era comum, lúdico e integrador para as pessoas; atualmente, desde cedo as crianças são treinadas a se ofender por tudo.

Os adultos de hoje, criados nos anos 70 e 80, não se suicidaram (hoje o mundo enfrenta a maior taxa de suicídio de jovens da história) e estão aí trazendo, ano após ano, inovações, enquanto os jovens têm adiado a saída da casa dos pais e o ingresso no mercado de trabalho.

Aliás, qualquer palavra mais dura de um chefe para um jovem é tida como assédio, agressão, etc.

As novas gerações precisam de mais casca para enfrentar a vida, e não se pode taxar toda e qualquer brincadeira ou ato lúdico como ofensa, sob pena de banalizar os reais atos discriminatórios e ofensivos.

Não é à toa que pesquisas das Universidades de Yale, Oxford e Cambridge definiram as novas gerações como “floco de neve”, eis que são particularmente suscetíveis, não tolerantes à frustração e particularmente inclinadas a fazer tempestade em copo d’água.

Nos anos 80 havia homossexuais e transexuais como Rogéria, Roberta Close, Clodovil, Jorge Lafond, Clovis Bornay, Cazuza, Renato Russo, que, ao invés de se esconderem atrás do vitimismo e pedir benefícios, orgulhavam-se de verdade de sua orientação sexual e venceram sem nenhuma bandeira empoderadora.

Retornando aos campos de futebol, os gritos durante os tiros de meta são dirigidos não à comunidade LGBT, mas a quem esteja chutando a bola.

Entretanto, como tudo hoje em dia é motivo para “levantar bandeira” histérica de discriminação, faz-se um grande escândalo exclusivamente por causa do politicamente correto.

Acabaram com as “gerais”, tiraram as bandeiras e batuques, limitaram a cerveja e seguem tentando acabar com a alegria nos campos de futebol.

No mundo da “felicidade de redes sociais” e da depressão “cult”, ser alegre de verdade agride.

Parafraseando-se Belchior, a dor é perceber que, apesar de termos feito tudo que fizemos, não somos mais os mesmos e, infelizmente, não vivemos com a leveza, a casca e o espírito esportivo de nossos pais.

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