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Leila sugere que clubes brasileiros troquem Conmebol pela Concacaf após racismo. Isso seria possível?

A presidente Leila Pereira, do Palmeiras, sugeriu que os clubes brasileiros deixem a Conmebol e se filiem à Concacaf (Confederação das Associações de Futebol da América do Norte, Central e Caribe) após a punição, considerada pelo clube paulista como “branda”, aplicada pela entidade ao Cerro Porteño, do Paraguai, pelo caso de racismo sofrido pelo atacante Luighi na última semana.

“Já que a Conmebol não consegue coibir esse tipo de crime (racismo), não consegue tratar os brasileiros com o tamanho que os clubes representam à Conmebol, por que não pensar em nos filiarmos à Concacaf? Só assim vão respeitar o futebol brasileiro. É uma coisa a se pensar”, disse a mandatária em entrevista à TNT Sports, antes da partida entre Palmeiras e São Paulo, nesta segunda-feira (10), pela semifinal do Campeonato Paulista.

Leila Pereira demonstrou indignação com as punições aplicadas pela entidade sul-americana ao Cerro Porteño. O clube paraguaio foi multado em 50 mil dólares (cerca de R$ 290 mil), terá de fazer postagens contra o racismo nas redes sociais e teve de jogar com portão fechado em seu última partida pela Libertadores Sub-20, no último domingo.

“Estou indignada com a pena aplicada pela Conmebol. Sub-20 não tem público, tinha meia dúzia de racistas naquele dia. A pena de 50 mil dólares para um crime de racismo… Se você atrasa (para ir ao campo) são 100 mil dólares, 78 mil se acender sinalizador. Vejam como a Conmebol encara o crime de racismo. É um absurdo”, prosseguiu a presidente do Alviverde.

Leila Pereira disse que debaterá a ideia com representantes de clubes brasileiros durante o Conselho Técnico da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), nesta quarta-feira (12).

Clubes brasileiros poderiam migrar para a Concacaf?

Neste primeiro momento, a manifestação da presidente do Palmeiras é vista como uma forma de reforçar os protestos. Caso a ideia fosse levada adiante, estaria de acordo com possibilidades reais, mas encontraria diversas barreiras.

“Em teoria, os clubes brasileiros poderiam buscar uma migração da Conmebol para a Concacaf, mas esse processo enfrentaria grandes desafios. A filiação à Conmebol está ligada à Confederação Brasileira de Futebol (CBF), que, por sua vez, é membro da FIFA. Qualquer mudança desse tipo exigiria não apenas um pedido formal da confederação brasileira, mas também a aprovação da própria Conmebol, da Concacaf e da FIFA, que tradicionalmente não permite realocações entre confederações sem justificativas muito robustas, como questões geopolíticas ou a dissolução de uma entidade continental”, explica o advogado desportivo André Scalli.

“Por força do Estatuto FIFA, os clubes são entidades integrantes do sistema federativo-associativo do futebol mundial através do reconhecimento das suas respectivas federações nacionais (associações que representam seus países neste sistema). No caso brasileiro, trata-se da CBF. Ainda pelo Estatuto FIFA, a Confederação continental é formada pelas federações nacionais daquele continente, reconhecidas pela FIFA. No caso sul-americano, as federações nacionais da América do Sul formam a Conmebol. Essa é a regra. O Estatuto FIFA prevê circunstâncias excepcionais para a mudança de uma federação nacional de Confederação Continental, mas elas não se enquadram neste caso citado”, entende o advogado Luiz Marcondes, especialista em direito desportivo.

Jean Nicolau, advogado especializado em direito desportivo, entende que essa migração muito dificilmente ocorrerá.

“Num cenário muito hipotético e improvável, o movimento não seria esse. Caberia, primeiro, à CBF se filiar à Concacaf. Depois, os clubes brasileiros passariam a disputar competições dessa confederação. No estrangeiro, situação semelhante ocorreu, por exemplo, com a Federação Australiana, que deixou a confederação da Oceania para se filiar à asiática”, conta.

O advogado André Scalli também lembra do caso envolvendo a Federação Australiana, que em janeiro de 2006 deixou a Confederação de Futebol da Oceania (OFC) por questões de competitividade, já que a seleção do país sempre se sobressaia nas Eliminatórias da Copa do Mundo, e se tornou membro da Confederação Asiática de Futebol (AFC).

“Portanto, há precedentes. Houve toda uma negociação entre a AFC aceitar a entrada da Austrália e a OFC aprovar o desligamento, tudo isso ainda com a chancela da FIFA. A justificativa australiana foi plausível, ela era a única seleção profissionalizada do continente, e com sua saída equilibrou-se as chances das demais seleções. Então a transferência é possível havendo um motivo, e a concordância da Conmebol, Concacaf e FIFA”, acrescenta o advogado.

Outro exemplo é o de Israel, que disputa as Eliminatórias Europeias e tem seus clubes na Champions League e Europa League, por conta dos conflitos no Oriente Médio, especialmente com a Palestina.

Crédito imagem: Adobe Stock

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