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Mesmo sem anúncio oficial, Conmebol manterá final na América do Sul

A Conmebol vem trabalhando desde a semana passada com a possibilidade de levar a final da Libertadores para outro local. O Chile vive um cataclisma social, e as ruas estão incendiando. O governo conservador de Sebastian Piñera não consegue apagar o fogo, apesar da agenda social proposta.

Em função disso, Piñera cancelou eventos importantes, com líderes do mundo todo, que estavam previstos para novembro. Também por questão de segurança, a Conmebol deve ser informada a qualquer momento de que o país não tem condições de receber a final.

Desde a semana passada a entidade já vem trabalhando um plano B. Isso é gestão de risco, e qualquer entidade minimamente organizada precisa fazer. Claro que queria que o fogo se dissipasse e a final não saísse do Chile, por questões financeiras. E, por isso, resiste – muito – em anunciar a troca.

Flamengo X River está marcado para o dia 23 de novembro.

Confirmando saída do Chile, ideia é levar para Paraguai ou Uruguai, mas já existiu conversa para duas finais, uma na Argentina e outra no Brasil, que seria no Maracanã. Para alguns, essa alternativa implicaria num risco financeiro menor, em caso de ações judiciais. Mas tem dois  problemas, datas e o regulamento que prevê final decidida em um único jogo

O regulamento da competição dispõe:

“Art. 26 A FINAL da CONMEBOL Libertadores 2019 será disputada pelos

times vencedores das duas Semifinais. Os times disputarão uma partida

única pelo título de campeão do torneio de referência em uma sede

predefinida pela CONMEBOL.  (…)

§3º – A organização da partida final é de responsabilidade da CONMEBOL. (…)”1

Portanto, será final única. E na América do Sul.

Entenda como anda essa discussão, e o momento no Chile, com Cauan Biscaia, jornalista brasileiro que vive no país há oito anos.

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O presidente do Chile Sebastián Piñera anunciou poucos minutos atrás o cancelamento de dois eventos de grande magnitude em Santiago: a APEC (Comissão Econômica da Ásia e Pacífica) e a COP25 (Cúpula sobre Mudanças Climáticas – Conferência das Partes das Nações Unidas), conferências marcadas para 14 de novembro e 2 de dezembro, respectivamente, que reuniriam importantes autoridades e chefes de Estado de quase 200 países.

Na coletiva de imprensa realizada por volta das 11h15 da manhã, o mandatário declarou que “lamentamos profundamente os problemas e inconvenientes que esta decisão vai significar, tanto para a APEC como para a COP. Como presidente de todos os chilenos, tenho sempre que colocar os seus problemas, interesses, necessidades e esperanças em primeiro lugar”, agregou. A conferência da APEC, que se realizaria em duas semanas, já tinha confirmada a presença do presidente americano, Donald Trump, e paralelamente, a recente desistência do presidente russo, Vladimir Putin.

Esse panorama reforça ainda mais a ameaça de que a final única da Taça Libertadores da América, marcada para 23 de novembro, tome o mesmo caminho e seja cancelada pela Conmebol, o que poderia causar um grande prejuízo e transtornos à entidade, já que mais de 15 mil ingressos foram vendidos, e no dia de hoje a conta oficial do evento no Twitter, @Santiago2019, postou que os 25 mil ingressos disponíveis para torcedores do Flamengo e River Plate já estão à venda para sócios, a um preço de US$ 80 cada um. A Conmebol publicou ontem nas suas redes sociais que representantes da confederação e autoridades chilenas estiveram reunidos para discutir a factibilidade do evento, porém, não foi fornecida nenhuma informação sobre esse encontro. Até o momento, oficialmente, a Conmebol confirma que a final se disputará na capital chilena, apesar de todos os distúrbios e manifestações que continuam assolando o país há 12 dias.

O Chile vive, desde 18 de outubro, uma convulsão social produto de manifestações por diversas demandas do povo chileno, como o combate à desigualdade provocada pelo modelo econômico, o fim do sistema de capitalização da Previdência e melhorias nos setores da educação, saúde e transporte. Os protestos já causaram números preocupantes, com 41 estações de metrô depredadas e incendiadas, mais de 900 pessoas detidas pela polícia, 400 pessoas hospitalizadas, 50 ações legais contra carabineros e Forças Armadas por abusos e violações de direitos humanos e 19 pessoas mortas, o que chamou a atenção da Comissão de Direitos Humanos da ONU para enviar nesta quarta-feira três representantes com o objetivo de investigar a vulneração de cidadãos durante a ação das Forças Especiais da polícia chilena no combate aos protestos.

Em caso de cancelamento da final única da Libertadores em Santiago, a Conmebol terá poucos dias para buscar uma alternativa, o que deveria ser decidido em reunião extraordinária da cúpula, como foi feito no ano passado, quando a decisão entre Boca Juniors e River Plate foi transferida para Madri devido a distúrbios causados pela torcida millonari. Sem nenhum plano B discutido, as opções que se ventilam são de levar a final única para Assunção, mesmo palco da final da Copa Sul-Americana, que se disputará no dia 9 de novembro, ou, em último caso, a realização de partidas de ida e volta, em Buenos Aires e Rio de Janeiro. Com a realidade chilena extremamente conturbada, e com a desaprovação quase unânime da população por sua realização em Santiago, além da escassa capacidade de logística e operativo de segurança devido ao caos que vive o Chile, a probabilidade de que o evento seja cancelado se torna cada vez maior.

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