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Modelo de SAF aprovado no Botafogo deverá atrair mais investidores

Considerado um dos clubes mais avançados no processo de implementação da Sociedade Anônima do Futebol (SAF), o Botafogo foi citado como exemplo positivo por Pedro Mesquita, head do banco de investimentos da XP e responsável pela captação dos investidores do Alvinegro, em relação ao modelo que será adotado. Recentemente, conselheiros do clube carioca aprovaram, em assembleia geral, a alienação de 100% para investidores, deixando a ala social sem participação na divisão societária.

Para especialistas ouvidos pelo Lei em Campo, o modelo aprovado pelo Botafogo é muito bom e deverá atrair mais investidores, ainda mais com o clube de volta à Série A do Brasileirão em 2022.

“Quem de fato demonstrou ter entendido o que a Lei da Sociedade Anônima do Futebol (SAF) se propõe foi o Botafogo de Futebol e Regatas, apresentando ao mercado um modelo viável para fins de captação de recursos, demonstrando verdadeiro pioneirismo no futebol. A lei representa uma nova possibilidade para que os clubes possam ter acesso a inúmeros benefícios, um deles é não ver seus aportes financeiros a mercê de gestores incapazes de demonstrar qualquer resultado satisfatório. Quando falamos em SAF significa mercado profissional, onde tudo acontece distante do costumeiro amadorismo do modelo associativo e da retórica que o clube é do torcedor que nada contribui financeiramente”, afirma Bruno Coaracy, advogado especialista em direito tributário e colunista do Lei em Campo.

Segundo Rafael Marcondes, a proposta de abrir totalmente o capital social do Botafogo, time que tem uma das maiores dívidas do futebol brasileiro, põe o clube de volta à briga por novos recursos.

“A medida deve contrabalancear a dívida excessiva que hoje ele tem e o deixa em desvantagem em relação a outras equipes. Com o controle, o investidor recebe uma sinalização que por mais capital que seja necessário aportar no clube, as diretrizes, a partir da sua entrada, passam a ser tomadas exclusivamente por ele, sem ingerência ou interferência de terceiros com interesses diferentes. Não fosse a iniciativa de Botafogo abrir 100% do seu capital, devido à elevada dívida, dificilmente o clube encontraria interessados no seu negócio”, afirma o advogado e colunista do Lei em Campo.

Em suas redes sociais, Pedro Mesquita ressaltou que quanto mais poder os investidores terão sobre a nova empresa, maior será a capacidade de investimento.

“Quando vejo opiniões de pessoas, conselheiros e associados dos clubes dizendo que o clube tem que ficar com 10%, 20%, 30%, 40% eu vejo o quanto essas pessoas só querem privilégios e o mal para o futebol, que é a grande razão do clube existir. O clube deveria apenas se assegurar da manutenção das cores, escudo, dentre outras obrigações, que podem ser endereçadas via contrato”, escreveu.

“Quanto maior for o % da venda, mais dinheiro vai entrar e mais forte ficará o futebol. Parabéns ao Botafogo, que pensou grande e aprovou a venda de 100% da SAF. Isso trará com certeza mais apetite e mais capacidade de alavancagem para o seu futuro dono. Os verdadeiros donos dos times de futebol do Brasil são seus torcedores. Sem eles os clubes não são ninguém! Pensem nisso!”, acrescentou Mesquita.

O assunto voltou a ser bastante discutido nos últimos dias, após o Cruzeiro anunciar a criação de um novo CNPJ e avançar com a implementação da SAF. Na Raposa, o estatuto interno determina que a parte social mantenha 51% das ações, enquanto os investidores tenham 49%. A XP Investimentos, que também é responsável pela captação de parceiros no clube mineiro, fez uma apresentação aos conselheiros na segunda-feira passada (6), explicando a importância da alteração na divisão societária.

Na próxima sexta-feira (17), o Cruzeiro vai, em assembleia geral no Barro Preto, votar pela mudança do estatuto, permitindo que o valor de até 90% seja repassado a um potencial investidor.

“Se queremos dinheiro novo no futebol que tenhamos a humildade de passar o bastão para quem de fato sabe fazer dinheiro e não para quem se acha dono deste ou daquele clube. Muito se fala e pouco se conhece sobre a Lei, instituir a SAF com a manutenção de percentual acima de 50% em nada guarda relação com tal intenção de manter as tradições do clube, pelo contrário, só limitará as possibilidades que os clubes teriam em relação a captação de investimentos”, ressalta Bruno Coaracy.

O Botafogo planeja que a nova empresa seja constituída até o final deste ano, com a expectativa de que a SAF esteja operando já com investidores no segundo trimestre do ano que vem.

Crédito imagem: Botafogo/Divulgação

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