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Mulheres na luta

Por Rafael Ramos e Elthon Costa

Em 2011, Dana White (presidente do UFC) disse ao site TMZ1 que as mulheres nunca lutariam no UFC. Agora, as mulheres não estão apenas competindo no evento, como muitas já chegaram a liderar o ranking de pay-per-views (PPV) mais vendidos de todos os tempos na modalidade.

Porém, foi no Japão, através dos eventos de wrestling profissional japonês, que começou a entrada das mulheres no MMA.

O “Ladies Legend Pro Wrestling” ocorrido em Tóquio, Japão, trouxe o MMA feminino para as massas quando realizou seu primeiro torneio Ultimate L-1 Challenge em 1995. Neste torneio, a primeira mulher a reinar sob o ringue foi a judoca olímpica russa Svetlana Goundarenko. Pesando mais de 130 quilos, Goundarenko dominou a competição com seu tamanho e habilidades de submissão.

Alguns anos depois, a primeira luta feminina de MMA registrada nos Estados Unidos ocorreu no “International Fighting Championship 4” em março de 1997, no qual as americanas Becky Levi e Betty Fagan lutaram entre si.

Mais tarde, à medida que o MMA feminino se difundia pelos Estados Unidos, surgiria a primeira mulher brasileira a realmente dominar o esporte com seu incrível atletismo e poder, Cristiane “Cyborg” Justino.

Sua maior vitória até hoje seria aquela que lhe concedeu o cinturão de campeã, em 2009, contra a então face do MMA feminino, e hoje estrela de Hollywood, Gina Carano, seria também o primeiro evento principal feminino na história do MMA. A brasileira derrotou facilmente sua adversária, nocauteando-a no primeiro round. “Cyborg” permanece dominando facilmente adversárias que ousam pleitear seu cinturão do peso-pena, sendo considerada a monarca do evento Bellator MMA.

Em 2012, ao finalizar sua arqui-inimiga Miesha Tate e se tornar campeã peso-galo do extinto evento de MMA Strikeforce, um novo fenômeno nascia no esporte de combate feminino, e seu nome era Ronda Rousey. Entre fevereiro de 2013 e agosto de 2015, ela venceu suas seis lutas no UFC, totalizando menos de oito minutos no octógono. Ela foi colocada no evento principal de um PPV em sua primeira noite na empresa, algo visto como uma jogada corajosa na época, pois também foi a primeira luta feminina do UFC.

Mas o UFC provou estar certo. Sua luta com Liz Carmouche atraiu 450.000 compras no PPV, destruindo o recorde anterior de uma luta feminina em um PPV, realizado por Laila Ali x Jacqui Frazier (respectivamente as filhas de Muhammad e Joe) em uma luta de boxe em 2001 com mais de 100.000 compras de PPV. Rousey se tornaria um dos maiores atrativos do UFC de todos os tempos.

Embora tenha perdido seu cinturão para a exímia boxer Holly Holm e ter sido posteriormente dominada por Amanda Nunes, Rousey tornou-se, de certa forma, o que qualquer mulher que atuasse em esportes de combate queria ser. Rousey hoje faz participações em filmes e atua na liga de wrestling profissional WWE.

Apesar da crescente popularidade do MMA, nem todas as mulheres o viam de forma positiva. Vários grupos de direitos das mulheres recusaram as estatísticas perturbadoras emergentes do mundo do MMA. Essa polêmica, aliada ao estigma do MMA que sobrou da época do “Vale Tudo”, resultou em condenação pública e oposição à legalização do esporte, isso ocorrendo de maneira mais contundente em Nova York, o último estado a manter a proibição do MMA profissional.

Embora tenham sido negligenciadas por organizações de direitos femininos, as atletas de MMA se organizaram por conta própria para defender seu esporte. Em 14 de abril de 2016, o governador Andrew Cuomo assinou o projeto de lei n. S5949A, encerrando a batalha legal e política de oito anos para legalizar o MMA em Nova York. MMA profissional agora é legal em todos os cinquenta estados americanos.

Dessa forma, o MMA continua a mostrar talentos das mulheres ao lado dos homens de uma forma que muitos outros esportes não têm. Considerando que um esporte como basquete tem a National Basketball Association separada da Women’s National Basketball Association, os eventos do UFC apresentam lutas masculinas e femininas em uma arena em uma mesma noite, com igualdade de oportunidades.

As lutas de mulheres estão se tornando cada vez mais populares a cada ano. O nível de treinamento das competidoras femininas está crescendo e a competição está aumentando. Com base nisso, podemos supor que os fãs do MMA verão lutas ainda mais interessantes no futuro.

Crédito imagem: UFC

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Elthon Costa é advogado trabalhista e desportivo, Pós-graduado em Processo Civil pela Faculdade Unileya e Pós-graduando em Direito Desportivo pelo Complexo Educacional Renato Saraiva (CERS)

REFERÊNCIAS

LAPRADE, Pat. Sisterhood of the squared circle: the history and rise of women’s wrestling. Toronto, Canadá: ECW Press, 2017. 424 p. ISBN 978-1-77041-307-8.

JENNINGS, L. A. She’s a Knockout!: A History of Women in Fighting Sports. EUA: Rowman & Littlefield Publishers, 2014. 222 p. ISBN 9781442236431.

NAVEJAR, Natasha. The Fight Beyond the Octagon: Women in the Ultimate Fighting ChampionshipIn: Tulane University Journal Publishing, Site, v. 2, ed. 1, 15 dez. 2017. Disponível em: https://journals.tulane.edu/ncs/article/view/1158. Acesso em: 3 mar. 2022.

1DANA WHITE — WOMEN WILL NEVER FIGHT IN THE UFC. Intmz.com. Site. Disponível em: https://www.tmz.com/videos/0-uld0k3fw/. Acesso em: 03 mar. 2022.

 

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