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Mundial terá novo protocolo de concussão e CBF também deve adotar medida

Douglas, do Bahia, foi atingido pelo zagueiro do Vasco, Leandro Castan, que acabou expulso do jogo. O chute marcou a rodada de domingo do Campeonato Brasileiro. Apesar da forte cena, o goleiro está bem, “sem suspeita de fratura ou uma lesão mais grave”, tranquilizou o médico tricolor pelas redes sociais do clube baiano.

De qualquer forma, a situação traz à tona a discussão sobre concussão, um dos temas mais debatidos pelo futebol já em 2021. A exemplo da Premier League que adotará o novo protocolo para choques de cabeças a partir do próximo sábado, 6 de fevereiro, a CBF (Confederação Brasileira de Futebol) seguirá o mesmo caminho. O Lei em Campo procurou a entidade brasileira para saber suas pretensões sobre o tema.

“Está sim na pauta para definirmos em que competição esse protocolo será aplicado. A Comissão Médica de Competições e Arbitragem ainda não definiu”, contou Jorge Pagura, diretor médico da CBF.

Para o fisioterapeuta esportivo e estudioso da área de concussão no esporte, Hermano Pinheiro, a medida é um avanço para o esporte.

“A adoção de substituições adicionais em suspeita de concussão cerebral é uma evolução importante no protocolo existente no futebol profissional. A Premier League adotará essa iniciativa a partir de fevereiro e no Brasil a CBF deveria seguir o exemplo. Atualmente, os 3 minutos de paralisação são insuficientes para uma avaliação neurológica adequada”, avaliou Hermano.

“Essa medida da FIFA é extremamente válida, mesmo que ainda insuficiente. Não é possível falar que haverá benefício esportivo nesses casos, e a preservação da saúde do atleta deveria ser a principal preocupação. Na NBA, por exemplo, a substituição não só é permitida como é obrigatória. Em casos de concussão há um processo rígido para que os atletas possam voltar a atuar”, afirmou Vinicius Loureiro, advogado especialista em direito desportivo e colunista do Lei em Campo.

Em janeiro, a Fifa confirmou que o Mundial de Clubes 2020, a ser disputado no Catar entre 1º e 11 de fevereiro com a presença do Palmeiras, que conquistou a Libertadores no sábado (30), também testará o novo protocolo. A medida permite aos clubes fazerem substituições extras em caso de concussões. Essa será a primeira competição oficial da entidade que vai contar com a nova norma.

O protocolo de concussão foi aprovado pela International Football Association Board (IFAB), órgão regulador das regras do futebol, em dezembro de 2020. Segundo a Fifa, a medida pretende “priorizar o bem-estar dos jogadores” ao evitar duas concussões seguidas dos atletas e reduzir a pressão sobre a comissão técnica no momento da avaliação.

Na prática: caso um jogador sofra um choque de cabeça e seja constatado concussão, através dos testes realizados pela equipe médica, o clube poderá fazer uma substituição extra, mesmo se já tiver feito o número máximo de trocas ao longo da partida.

A concussão passou a ser um tema bastante discutido depois que familiares de ex-jogadores campeões mundiais com a Inglaterra em 1966, revelarem o diagnóstico da doença decorrente da prática do futebol.

“Estudos recentes mostram que não apenas choques de cabeça, mas como cabecear as bolas provocam pequenas lesões no cérebro que no longo prazo podem provocar Encefalopatia Traumática Crônica, a chamada demência do pugilista. Esses estudos podem trazer mudanças ainda mais profundas no jogo no longo prazo”, completou Vinicius Loureiro.

A decisão da IFAB e da Fifa de mudar as regras é um caminho para proteger a saúde dos atletas, mas é só o começo. É preciso mais.

“Esperamos que essa medida tenha vindo para ficar. Precisamos ver como será na prática. É um passo importante, mas outras mudanças devem ocorrer também na maneira como esse problema é abordado no futebol. Médicos independentes no dia do jogo, uso do VR para análise de casos suspeitos, médicos e fisioterapeutas independentes do time para atestar o retorno do atleta aos jogos, ter dados neurocognitivos e funcionais baseline (aqueles obtidos na pré-temporada) de todos os atletas para determinar quando o retorno aos treinos de contato e aos jogos deve ocorrer. Poucas equipes possuem esses dados hoje. Há ainda um longo caminho pela frente”, finalizou Hermano Pinheiro.

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