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O desenvolvimento do futebol feminino brasileiro

Por Matheus Laupman

O título do Brasil da Copa América Feminina neste último sábado, nos mostrou mais uma vez que o Futebol Feminino Brasileiro tem se desenvolvido cada vez mais, e quais são os excelentes motivos que estão por de trás deste desenvolvimento e sucesso?

Podemos dizer que o primeiro passo foi a Gestão profissional dos Departamentos de Futebol Feminino implementada pelas Federações e pela Confederação Brasileira de Futebol. Como principal exemplo de fomento e incentivo sob a ótica das Federações, temos a Federação Paulista de Futebol.

O primeiro passo da Federação foi ter efetuado a contratação de grandes profissionais como Aline Pellegrino[1] e Ana Lorena Marche[2], que depois de seus sucessos foram rapidamente convocadas a participar da Gestão do Futebol Feminino na CBF. Atualmente cargo na Federação Paulista de Futebol está sendo dirigida pela grande profissional Thais Picarte.[3]

Outro grande exemplo, desta vez por parte da Confederação Brasileira de Futebol, foi a contratação da bicampeã olímpica pelos EUA, Pia Sundhage como treinadora da Seleção Brasileira Feminina[4]. Além da recente conquista da Copa América, a Treinadora já classificou a Seleção Brasileira para as Olimpíadas de Paris 2024, e agora busca a primeira conquista a nível mundial.

O segundo passo foi o Incentivo a Filiação de novos Clubes que almejassem disputar competições femininas. Para realizar tal ato, a Federação Paulista de Futebol por meio de seu Departamento de Filiação elaborou a vinculação temporária feminina e o Regulamento de Licenciamento para o Campeonato Paulista Feminino.

Por meio da Vinculação Temporária Feminina (Resolução da Presidência nº001 – 2022)[5] , qualquer clube interessado seja este profissional ou não, poderá vincular-se a Federação Paulista de Futebol pelo período de um ano, com o intuito de disputar competições femininas organizadas e promovidas pela Federação Paulista.

A resolução nos traz requisitos a serem cumpridos, e dentre estes temos que destacar a taxa de vinculação. Seu custo é de apenas R$ 450,00 (quatrocentos e cinquenta reais).  Além deste valor, o Clube deverá desembolsar a quantia de R$ 1.500,00 (Um mil e quinhentos reais) para a realização da vistoria em seu Local de mando das partidas, com possibilidade de retorno de vistoria por apenas R$ 900,00 (Novecentos Reais).

Diante deste requisito, podemos dizer que incentivar e cultivar o Futebol Feminino se torna uma medida extremamente viável do ponto de vista financeiro. Para termos uma comparação, a Filiação de Clubes para jogar as categorias de base das Competições promovias pela FPF será de R$ 160.000,00 (Cento e Sessenta mil Reais), e a Filiação de Clubes Profissionais varia entre R$ 400.000,00 (Quatrocentos Mil Reais) e R$ 800.000,00 (Oitocentos Mil Reais), conforme a tabela de emolumentos da própria Federação[6].

Após a efetivação da Vinculação Temporária, os Clubes deverão ainda serem submetidos a cumprirem o Regulamento de Licenciamento para o Campeonato Paulista Feminino.

O referido documento tem como finalidade (i) valorizar o futebol feminino, (ii) gerar uma gestão profissional, com transparência e governança; (iii) promover a necessária interlocução entre a Federação e seus Clubes e principalmente (iv) promover o equilíbrio das competições.

A promoção do equilíbrio das competições é o que podemos dizer ser o terceiro passo que nos evidencia o desenvolvimento do futebol feminino.  Como já mencionado o Regulamento de Licenciamento para o Campeonato Paulista Feminino nos proporciona isto, mas outro fator que nos trará um campeonato mais equilibrado será o incentivo as categorias de base.

A lógica aqui é simples, quanto melhor as categorias de base, mais atletas de grande nível, e quem sabe novas Martas, Christianes e Formigas.

Outro bom exemplo deste incentivo as categorias de base, foi a Peneira do Futebol Feminino[7] organizada também pela Federação Paulista de Futebol. O evento felizmente já está em seu 3º ano e tem se tornado um sucesso e uma grande oportunidade para futuras atletas de nosso país.

Por fim, o quarto e último passo que concretiza o nosso desenvolvimento do Futebol Feminino é o incentivo e patrocínio midiático das competições femininas, além de grandes públicos presentes nos estádios.  Ressalta-se que neste item estamos tratando agora de um fenômeno global.

Os maiores exemplos que podemos ter deste fenômeno são a transmissão da Eurocopa Feminina, da Copa América Feminina realizada pela Rede Globo e principalmente a Transmissão do Campeonato Brasileiro Feminino realizada pela Band.

No que diz respeito aos públicos nos estádios quase 90 mil torcedores assistiram a final em Wembley entre Inglaterra e Alemanha, referente a final da Eurocopa Feminina, em que a Inglaterra se consagrou campeã.[8]

Em território espanhol, diante de 91.648 (noventa e uma mil) pessoas o Barcelona goleou o Wolfsburg por 5 a 1 pelo jogo de ida das semifinais da versão feminina da Liga dos Campeões.[9]

Em nosso território, cerca de 30.777 (Tinta mil, Setecentos e setenta e Sete) pessoas estiveram presentes na final do Campeonato Paulista Feminino[10] entre as equipes do S.C Corinthians Paulista e o São Paulo Futebol Clube.

Ante todo o exposto, podemos aqui dissecar alguns dos passos que nos demonstram, com muita felicidade, o desenvolvimento do Futebol Feminino Brasileiro nos últimos anos. Esperamos e torcemos aqui que a Copa América tenha sido apenas o início de muitas conquistas. E agora, que venha a Copa do Mundo de Futebol Feminino 2023!

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Matheus Laupman Lima Ferreira Nascimento.Advogado, Mestrando em Direito Desportivo pela PUC-SP, Gestor Esportivo pela FGV/FIFA/CIES. Auditor assistente do STJD do Futebol, membro filiado do Instituto Brasileiro de Direito Desportivo – IBDD, ex- secretário do TJD – SP do Futebol e ex responsável pelo Departamento de Filiação da FPF.

[1] Formada em Educação Física pelo Centro Universitário Sant’Anna (2000-2004) e pós-graduada em Administração/Gestão Esportiva pelo Centro Universitário Senac (2019-2020), trabalhou como Supervisora Técnica de Futebol no Sport Club Corinthians Paulista (2016) e como Diretora de Futebol Feminino na Federação Paulista de Futebol – FPF (2016-2020). Atualmente é Coordenadora de Competições Femininas na Confederação Brasileiro de Futebol – CBF, além de Consultora Técnica na Confederação Sul-Americana de Futebol – CONMEBOL e Representante FIFA Legends.

[2]  Atual Supervisora de Seleções Femininas – CBF, Ex- Diretora de Futebol Feminino na FPF; Mestre e doutora em Ciência do Desporto – UNICAMP.

[3] https://futebolpaulista.com.br/noticias/Detalhe.aspx?Noticia=18940#:~:text=A%20ex%2Dgoleira%20Thais%20Picarte,supervisora%20de%20sele%C3%A7%C3%B5es%20da%20CBF.

[4] https://ge.globo.com/futebol/futebol-internacional/noticia/pia-sundhage-e-apresentada-como-nova-treinadora-da-selecao-brasileira-feminina.ghtml

[5] https://futebolpaulista.com.br/A-Federacao/Resolucoes-Detalhe.aspx?IdResolucao=3536

[6] https://futebolpaulista.com.br/Repositorio/Institucional/Resolucao/3524/3524_637487424209167697.pdf

[7] https://futebolpaulista.com.br/Noticias/Detalhe.aspx?Noticia=19396

[8] https://www.terra.com.br/esportes/futebol/internacional/eurocopa/inglaterra-bate-alemanha-e-e-campea-da-eurocopa-feminina-com-recorde-de-publico,5c3cc5087a502fbf156ab430531c7326o6f3k0us.html

[9] https://agenciabrasil.ebc.com.br/esportes/noticia/2022-04/barcelona-recebe-o-maior-publico-da-historia-do-futebol-feminino#:~:text=A%20equipe%20do%20Barcelona%20(Espanha,um%20jogo%20de%20futebol%20feminino.

[10] https://www.lance.com.br/fora-de-campo/final-do-campeonato-paulista-feminino-registra-recorde-de-audiencia-no-sportv.html#:~:text=A%20final%20do%20Campeonato%20Paulista,de%20audi%C3%AAncia%20nos%20canais%20fechados.

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