Pesquisar
Close this search box.

O show tem que continuar

A continuidade do futebol está em risco. Mais uma vez o crescimento do número de casos de Covid ameaça interromper as competições esportivas, a começar pelo Estado de São Paulo. O governo estadual avalia interromper as competições em razão do grande número de casos e à ocupação dos leitos hospitalares, e essa decisão pode motivar outros Estados a tomarem decisões similares.

Com um calendário já afetado pela interrupção ocorrida em 2020, ainda no início da pandemia. Isso poderia impossibilitar a retomada das competições estaduais, que são fundamentais para a sobrevivência de muitos times, além de fonte de renda principal para a grande maioria dos atletas.

Enquanto a interrupção das competições foi plenamente compreendida e justificável no ano de 2020, já que pouco se sabia sobre a doença e o tempo para preparar a estrutura necessária era restrito, o mesmo não se pode dizer da temporada 2021, especialmente no Brasil.

Com a “vantagem” de estar cerca de 3 meses atrasado com relação aos demais países, o Brasil pode observar a evolução e o comportamento do vírus no resto do mundo, tendo como projetar o que ocorreria aqui com uma margem de erro significativamente menor. A segunda onda já era esperada, então mais do que possível, era esperado que o planejamento levasse em conta essa possibilidade.

Aparentemente ela foi subestimada por todas as autoridades e, também, pelas entidades de administração do esporte, que veem o risco de interrupção das competições e buscam formas de manter o calendário sem grandes alterações.

O cenário mundial trouxe alguns exemplos interessantes que poderiam ter sido observados pelos clubes. O principal exemplo para esse momento de pandemia veio dos Estados Unidos. A bolha da NBA foi um sucesso absoluto, sem ter registrado um caso sequer da doença. Mas não foi o único. A fase final da Liga dos Campeões também se mostrou eficiente no controle à doença, evidenciando que é possível criar um ambiente seguro para atletas e demais envolvidos.

Esse ambiente não seria sustentável para competições como o Campeonato Brasileiro, que tem 38 datas e exigiria uma estrutura completamente diferente, tanto física quando logística. Para campeonatos estaduais, no entanto, a opção é bastante razoável e pode inclusive ser uma alternativa melhor em razão do calendário complicado.

Uma bolha eliminaria a necessidade de deslocamentos, permitindo que os times tivessem um número maior de datas para treinos e preparação física, algo que será fundamental em uma temporada com calendário apertado.

No entanto, não é apenas a proteção da atividade econômica e da saúde física que está em jogo. O isolamento e o distanciamento provocados pela pandemia afetam também a saúde mental dos indivíduos. A criação de uma bolha com entrada controlada poderia permitir a criação de um microambiente seguro, como é observado atualmente no Big Brother Brasil, programa exibido pela Rede Globo.

Nesse microambiente controlado as pessoas poderiam conviver e manter atividades sociais, tendo sua saúde mental também protegida. Para isso seria necessário o controle de todas as coisas que entram ou saem da bolha, algo que já se mostrou viável em outros ambientes controlados.

Seria possível, inclusive, aproveitar a reunião de profissionais altamente capacitados e realizar cursos técnicos de aperfeiçoamento, oferecendo aos clubes menores a possibilidade de crescimento e desenvolvimento de seus profissionais, refletindo em uma melhoria para todo o sistema.

Finalmente, além dos benefícios para a atividade econômica e seus trabalhadores, e para a saúde física e mental dos envolvidos, há mais um benefício potencial. Para que uma bolha como essa fosse criada, ela deveria ocorrer em algum complexo hoteleiro de grande porte.

A vinculação de uma competição esportiva com um complexo hoteleiro traz benefícios econômicos para todos os envolvidos: equipes, entidade de administração, empresa que gere o complexo hoteleiro, município e até mesmo o comércio local. E o retorno econômico trazido por uma iniciativa desse tipo é de longo prazo, podendo minimizar ou mesmo zerar os impactos negativos da pandemia sobre a região.

A hipótese de interrupção das competições apresenta apenas impactos negativos, enquanto há ao menos uma alternativa viável com diversos impactos positivos.

A pergunta que fica nesse caso é: parar é a melhor opção?

Compartilhe

Você pode gostar

Assine nossa newsletter

Toda sexta você receberá no seu e-mail os destaques da semana e as novidades do mundo do direito esportivo.