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Pelé perde homenagem

Inaugurado em 1970, o maior estádio de futebol do estado de Alagoas homenageou o maior jogador da história e foi batizado como Rei Pelé, aliás, o único do país que traz o nome dele.

Ocorre que, na bizarra onda lacradora, um projeto de lei que tramita na Assembleia Legislativa de Alagoas pretende alterar o nome do estádio para Rainha Marta, de forma a homenagear a atleta de futebol feminino que é natural do estado.

A alteração exige duas aprovações no plenário da Assembleia Legislativa de Alagoas e a sanção do governador Renan Filho (MDB), pois o estádio pertence ao estado e é dividido pelo clubes CSA e CRB.

Aprovado em primeira votação, após sensatas críticas, na segunda votação houve proposta de emenda para que o estádio passasse a ter dois nomes: Rei Pelé e Rainha Marta.

Vale ressaltar que ao ser indagado sobre a possibilidade de ter seu nome retirado do estádio, Pelé, com a grandeza dos bons, disse que Marta merecia e que a homenagem a ela seria justa.

Inicialmente, imprescindível destacar a vedação legal de denominar prédios públicos com nomes de pessoas vivas.

Isso porque em 1977 foi promulgada a Lei 6.454, que trata especificamente de bens e prédios pertencentes à União Federal, mas que é extendida, por força de simetria, aos estados e municípios.

A Constituição brasileira de 1988 também veda dar nome de pessoas vivas a prédios públicos, uma vez que o art. 37, caput, da Carta Magna brasileira consagrou o Princípio da Impessoalidade na administração pública.

Além disso, retirar homenagens é extremamente deselegante, sobretudo, quando se trata de Pelé,  único atleta tricampeão da Copa do Mundo, que ganhou, ainda, duas Libertadores, dois Mundiais e dezenas de títulos nacionais e estaduais, bem como é aclamado como o atleta do século passado e maior jogador de futebol de todos os tempos.

Eventual homenagem à alagoana Marta, que tem como principais títulos os vices-campeonatos da Copa do Mundo e dos Jogos Olímpicos e que, curiosamente, mesmo sem títulos e campanhas de expressão, ganhou por seis anos o troféu de melhor jogadora do mundo de futebol feminino, seria justa, especialmente se tratando da jogadora que é um ícone do hesitante futebol feminino.

A ansia por lacrar e obter notoriedade falando o que as gerações millenials e flocos de neve querem ouvir pode fazer com que um negro perca sua homenagem para uma mulher, em uma aparente hierarquia de importância de “minorias”.

Imagine se uma mulher homenageada ao dar nome a um prédio público perdesse a homenagem para renomear o bem com um nome masculino. As redes sociais lacradoras seriam vorazmente alimentadas por textões feministas de empoderamento e vitimização em grau “hard”.

Sem dúvidas, Marta merece ser homenageada em seu estado, mas, após sua morte e em um novo prédio público, sem dividir ou retirar a homenagem do Rei de futebol.

#SomosTodosPelé

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