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Precisamos falar sobre o Benfica

Por Igor Serrano

O mundo do futebol amanheceu, na última quarta-feira, 03/07/19, com uma nova quarta maior (mais cara) contratação de todos os tempos: o jovem português João Félix, 19 anos, que, após uma temporada de estreia arrebatadora no time adulto do Benfica, rumou a Madri para jogar no Atlético por incríveis 126 milhões de euros, valores inferiores apenas às idas de Neymar (do Barcelona) e Mbappé (do Mônaco) para o Paris Saint Germain e de Coutinho (do Liverpool) para o Barcelona.

Para quem acompanha o futebol português, a nova maior negociação de todos os tempos do país não causa espanto diante do verdadeiro diamante que é o atacante oriundo das categorias de base do clube lisboeta. Em seu primeiro ano como profissional, em 43 partidas, Félix marcou 20 gols e deu 11 assistências, sendo decisivo e fundamental na conquista do campeonato nacional (2018/2019), deixando sua marca, inclusive, nos clássicos contra Sporting e Porto.

Oportuno lembrar que a gestão no futebol na terra de Camões e Fernando Pessoa se reinventou nos últimos vinte anos, e os clubes, em especial os três grandes, tornaram-se especialistas em fazer excelentes negócios com a aquisição de jogadores (geralmente promessas sul-americanas ainda desconhecidas do grande público) a preços “baixos” e a revenda para outros clubes europeus por valores muito mais altos do que os desembolsados anteriormente. Relembremos algumas apenas para exemplificar:

No entanto, os muitos milhões que passaram a se tornar corriqueiros em transferências de jogadores de futebol na Europa merecem um olhar mais apurado no caso do Sport Lisboa e Benfica, que passou a lucrar não só com atletas contratados de outros clubes, mas também com suas próprias revelações da base.

E tudo teria início em 2006, ano em que inaugurou o Centro de Estágio e Formação do Seixal (Caixa Futebol Campus), CT da base, que viria a influenciar diretamente no futuro das conquistas esportivas e também das finanças. André Gomes, Renato Sanches, Éderson, Lindelof, Bernardo Silva, Gonçalo Guedes (autor do gol do título da Seleção Portuguesa na Nations League) e João Cancelo foram algumas das joias encarnadas que rumaram para outros países após brilharem no time profissional e garantirem, junto com João Félix, 380 milhões de euros ao clube em negociações.

A presença de jovens no time profissional se tornou muito comum na realidade benfiquista, a ponto de o atual treinador, Bruno Lage, ter se tornado técnico do time após passagem no comando técnico dos miúdos do Seixal. E mais, neste ano, na partida contra o Galatasaray, em Istambul, pela Liga Europa (14/02/19), o Benfica teve seis (Rúben Dias, Ferro, Yuri Ribeiro, Florentino Luís, Gedson e João Félix) dos onze iniciais oriundos da base.

Se, nos últimos dez anos, o Benfica estabeleceu uma verdadeira hegemonia no futebol português, com a conquista de seis dos dez títulos nacionais disputados, devemos acompanhar atentamente o que está por vir nos próximos anos caso o bom trabalho com os jovens tenha prosseguimento. É um clube no qual é bom ficar de olho, com certeza.

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Igor Serrano é advogado, pós-graduado em Direito Desportivo pela Universidade Cândido Mendes, defensor dativo do Tribunal de Justiça Desportiva Antidopagem, criador e editor do selo Drible de Letra e autor do livro “O racismo no futebol brasileiro”.

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