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Quais as chances do Paysandu de parar a série C? Especialistas explicam

É sempre importante reforçar: anular uma partida de futebol é raridade na Justiça Esportiva.

E esse não é um exercício de “achômetro”. É a jurisprudência que diz. Isso porque ela trabalha sempre tendo como base o princípio da estabilidade da competição (imagina se fosse comum a anulação, como ficaria o calendário de um evento?).

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Prova cabal de interferência externa e erro de direito são exceções que dão causa a anulação.

Resumidamente: erro de direito é desconhecimento da regra: 12 jogadores em campo, por exemplo. Erros de direito são casos passíveis de anulação. Erros de fato (interpretação do juiz ou impedimento, por exemplo), não.

O que pode acontecer no caso do Paysandu passa por aí: foi erro de direito?

O  Thiago Braga ouviu especialistas que explicam o que deve acontecer, e por quê.


 

Depois de ver o clube perder a vaga vaga na Série B do Campeonato Brasileiro em 2020, a diretoria do Paysandu resolveu entrar com uma ação no Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) para impugnar a partida contra o Náutico. Mas as chances de o time paraense conseguir êxito são pequenas.

“Foi um erro de fato. O que retiraria qualquer chance de anulação da partida”, entende Paulo Feuz, presidente da Comissão de Direito Desportivo da OAB/SP.

Esta também é a opinião de Paulo Schmitt, que analisa o caso com a experiência de já ter ocupado o cargo de procurador-geral do STJD.

“O caso, ao que tudo indica, é típico, clássico, de erro na interpretação do fato. Erro de fato. Portanto, não impugnável”, afirmou Schmitt.

O Paysandu ganhava o jogo por 2 a 1 e estava classificado para as semifinais da Série C, o que garantia ao clube o acesso à Série B em 2020. Com a marcação do pênalti, o Náutico empatou o jogo e se classificou nos pênaltis.

“Na minha opinião está claro que houve um erro de direito. Esse tipo de procedimento de impugnação de partida historicamente não tem um percentual de procedência muito elevado. Mas isso mudou no caso depois de Aparecidense x Ponte preta. Apesar do objeto ser totalmente diferente, aquele fato é um leading case que pode servir de base para uma eventual procedência. Em tese [o jogo poderia ser anulado]. Mas é difícil”, analisou Marcelo Jucá, presidente da Comissão de Direito Desportivo da OAB-RJ.

Depois do jogo decisivo, o árbitro da partida, Leandro Vuaden, relatou ter recebido ameaças por conta da atuação no jogo. Ele também poderia ser levado a julgamento por conta do lance e poderia ser enquadrado no artigo 259 do Código Brasileiro de Justiça Desportiva (CBJD) que fala sobre não observar as regras da modalidade. A pena varia de suspensão de quinze a cento e vinte dias e, na reincidência, suspensão de sessenta a duzentos e quarenta dias, cumuladas ou não com multa, de R$ 100 a R$ 1.000.

“O árbitro nunca vai assumir que se tratou de um erro de direito. Vai falar que era um erro de fato, que ele pode ter confundido os atletas”, argumentou Jucá.

O Paysandu defende que o STJD intime a CBF não homologar o resultado da partida contra o Náutico, o que resultaria na suspensão da disputa da semifinal da Série C entre Juventude e Náutico. que está agendada para os dias 15 e 22 de setembro.

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