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Sem acordo entre Flamengo e famílias de jovens mortos no incêndio

Os familiares das vítimas da tragédia no Ninho do Urubu, que matou dez jovens e feriu outros três, desistiram da mediação com o Flamengo. A audiência entre eles e os advogados do Flamengo aconteceu na tarde desta quinta-feira, 21, na sede do TJRJ (Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro).

O Flamengo queria realizar a mediação de forma individual, com cada família, mas os parentes e representantes das vítimas discordaram e decidiram não participar da continuação da audiência, que aconteceria nesta sexta-feira, às 14h, também no TJRJ.
O presidente do Núcleo Permanente de Métodos Consensuais de Solução de Conflitos (Nupemec), desembargador Cesar Cury, lamentou que as partes não tenham chegado a um acordo.

“O Tribunal aceitou o pedido do Flamengo e instaurou o processo de mediação. Na audiência de hoje, os representantes do clube apresentaram aos familiares presentes, assim como aos representantes das vítimas, a proposta de como o clube gostaria de negociar, mas ela não foi aceita, e os familiares decidiram encerrar a mediação”, explicou o desembargador.

“A atitude do Flamengo é uma falta de respeito com a gente, os pais. Foi passado que estão dando apoio, nenhum [apoio]. Eles estão brincando com a vida dos nossos filhos. Queria saber se não são pais, pelo que estão fazendo com a gente, a tortura que o Flamengo está fazendo conosco. Não definiu nada, estamos aqui como bobos, palhaços. Fomos desamparados por todos, não nos sentimos acolhidos por ninguém, principalmente pelo Flamengo. Eles não têm resposta para nós, familiares. Não foi falado nada”, afirmou Cristiano, pai do goleiro Christian Esmerio, uma das dez vítimas fatais no incêndio no Ninho do Urubu.

A diferença entre o que o Flamengo quer pagar e o que o Ministério Público do Rio de Janeiro pediu é grande. O clube rubro-negro se dispôs a pagar entre R$ 300 mil e 400 mil, mais um salário mínimo por dez anos para cada família. Já o MPRJ pede R$ 2 milhões por família e R$ 10 mil mensais até o ano em que as vítimas fizessem 45 anos.

“Não houve mediação. A gente pediu para que o Flamengo fizesse uma proposta e vieram com valores pífios. Valores que não satisfizeram os familiares. Não há ninguém do Flamengo aqui que decida. Onde está presidente? Será que ele tinha algo mais importante para fazer? É uma falta de respeito. Peço a todos os torcedores que vão estádio e que têm mandado mensagens para nós que reflitam o que o time para o qual eles torcem está fazendo com a gente. Isso não se faz nem com cachorro. Não houve negociação. Qualquer tipo de negociação está encerrada”, disparou Danrlei Pisetta, pai do também goleiro Bernardo Pisetta.

Vale ressaltar que o MPRJ pediu o bloqueio de R$ 57, 5 milhões das contas do Flamengo. “A omissão do clube, aliada ao grave acidente ocorrido, demonstra desrespeito reiterado às determinações de interdição das referidas instalações”, diz a petição.

De acordo com o pedido de urgência cautelar, o Centro de Treinamento deverá ser interditado até que suas instalações estejam completamente seguras e regularizadas no Corpo de Bombeiros e perante o município do Rio de Janeiro, com a emissão de Certificado de Corpo de Bombeiros, Alvará de Funcionamento e Habite-se. Em caso de descumprimento, o MPRJ e a DPGE pedem que seja estabelecida multa única de R$ 10 milhões para o clube e multa diária pessoal para seu presidente no valor de R$ 1 milhão.

O bloqueio judicial no valor de R$ 57,5 milhões tem a finalidade de possibilitar o ressarcimento das indenizações a serem posteriormente apuradas na ação principal, que também pedirá à Justiça que obrigue o Flamengo a realizar uma série de medidas capazes de evitar que outros infortúnios voltem a se repetir.

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Foto: G1

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