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Sim: as mulheres podem

Em partida válida pela Liga Espanhola de futebol feminino, Barcelona e Atlético de Madrid escreveram uma das mais espetaculares páginas da história do esporte ao estabelecerem recorde mundial de público, com um total de 60.739 espectadores no estádio.

Para se ter uma ideia da façanha, no Campeonato Brasileiro de futebol de 2019 somente a partida entre Flamengo e Athletico Paranaense, com 62.994 torcedores, superou esse público.

O esporte feminino, especialmente o futebol, tem potencial estupendo de crescimento, mas, para tanto, precisa buscar vida e história próprias, desvencilhando-se das modalidades masculinas.

Obrigar os clubes masculinos a terem a modalidade feminina é uma medida midiática, mas condena o futebol feminino a sobreviver de migalhas e sempre à sombra do futebol masculino.

Um grande exemplo de história própria é o Esporte Clube Iranduba da Amazônia, que, sem qualquer vínculo com clubes de futebol masculino, construiu história própria e hoje é a maior equipe independente de futebol do estado.

Os clubes de futebol devem investir no futebol feminino porque veem na modalidade oportunidades desportivo-comerciais, como fez o Santos com as meninas da Vila.

O futebol feminino enfrenta outro grande problema, que é o grande número de apoiadores virtuais politicamente corretos, mas que nunca estiveram in loco ou assistiram pela TV a uma partida de clubes femininos.

Se as manifestações e defesas exasperadas pelas redes sociais se refletissem em público, o Campeonato Brasileiro de futebol feminino teria uma média de público muito superior à do masculino.

As mulheres não precisam viver de migalhas, cotas ou à sombra dos homens. Aliás, nunca precisaram em nenhum momento da história. Mesmo quando a força física masculina significava poder, mulheres como Cleópatra, Helena de Troia e Joana d’Arc tiveram destaque extraordinário.

No esporte as mulheres precisam deixar de lado as comparações, descobrir sua vocação e trilhar um caminho próprio. Enquanto as modalidades masculinas encantam multidões pela força oriunda da testosterona, as modalidades femininas devem fazer da técnica sua maior virtude.

Partidas de vôlei e tênis femininas, por exemplo, são muito mais interessantes pelo grande número de troca de bolas e disputas por pontos.

As disparidades de premiação e salários entre homens e mulheres no esporte são consequência do mercado, que ainda paga mais por competições masculinas.

Perceba-se, por exemplo, que, no mercado da moda, paga-se muito melhor para mulheres do que para homens.

É necessário que homens e mulheres busquem, sim, a igualdade, mas reconhecendo as diferenças. Trata-se de corpos talhados em hormônios diferentes, forças musculares díspares.

Não há aqui uma ode ou justificativa para pagamentos melhores para homens. A regra do esporte e da moda é específica e, por óbvio, não se aplica às empresas que contam com homens e mulheres que exercem exatamente a mesma função.

Nesse esteio, algumas modalidades e competições já equipararam valores de premiação, como o precursor US Open, no tênis, além do squash e do surfe.

As mulheres, definitivamente, não são piores do que os homens e não precisam de cotas ou vantagens legais, mas sim entender que podem ser o que quiserem sem ter os homens como referência limitadora, pois o céu é o limite para elas.

A história mostra que, sempre que as mulheres atuaram com competência, altruísmo e sem vitimismo, os espaços foram conquistados. A tenista Billie Jean King, por exemplo, cuja história foi contada no filme “A Batalha dos Sexos”, conquistou a equiparação da premiação no US Open. Margareth Thatcher, primeira-ministra do Reino Unido por 11 anos, tirou seu país da maior crise econômica da história.

Enfim, há espaço e há reconhecimento, mas é preciso que as manifestações pelas esportistas femininas saiam das redes sociais e se traduzam em público e audiência, porque só assim conseguiremos elevá-las ao status que elas merecem.

As mulheres têm o direito de ser o que elas quiserem: executivas, donas de casa, atletas, advogadas, médicas, engenheiras, etc…

“Não foi sorte, eu mereci.”
Margaret Thatcher

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