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Sportainment: O que All Star Game, Super Bowl e o esporte brasileiro têm em comum?

Por Ana Mizutori e Diogo Medeiros

Nas últimas semanas acompanhamos o acontecimento de dois dos maiores megaeventos esportivos internacionais, o ALL STAR GAME famoso jogo entre as estrelas de basquete da Liga Norte-Americana (NBA), e o a final do campeonato de futebol americano o SUPER BOWL.

Desde os dias que antecedem até o momento final das partidas, fica claro a grandiosidade destes eventos, nitidamente percebida pela movimentação de torcedores no dia do jogo presentes ao estádio, pelo volume de negócios relacionados a patrocínios e direitos de transmissão, de imagem, pelos trending topics suas tags e a nova forma de encarar o marketing e os negócios que envolvem tanto os esportes, como todo o entretenimento ofertado pelas grandes partidas, pelos grandes atletas, e os grandes campeonatos.

Um dos grandes divulgadores e estudiosos do assunto, advogado sócio da Bichara e Motta Advogados, Marcos Motta nos esclarece acerca dessa nova concepção: “Já não basta oferecer um jogo ou uma competição, o espectador atual demanda elementos complementares como sociabilidade, networking, comunidade, lazer etc. Essas experiências orgânicas e temporárias podem conduzir a inúmeras opções de monetização por parte dos operadores. Mas se fazem necessárias inovações e adaptações às novas necessidades e preferências da demanda e das novas gerações. E é dessa visão holística e integrada da indústria que surge o Sportainment”, explica em entrevista ao Brand Publishing Brasil.[1]

Os megaeventos esportivos unem-se aos torcedores para fazer conexões mais duradouras através de vivências emocionais, fraternais, numa coalisão de sentimentos e memória eternizada por um gol, por uma comemoração no meio da torcida, naquele dia compartilhado em família, entre amigos, em uma partida e, eles se tornam de um mero jogo em uma incrível experiência, uma memória afetiva.

Pelo último evento acontecido domingo (20), o ALL STAR GAME, jogo das estrelas, ficou registrado como um dos grandes momentos, o encontro entre Lebron James e Michael Jordan (dois astros do basquete que carecem apresentações), quando ambos se abraçam e conversam numa “resenha” contagiante e a sorrisos largos. O que mostra o quanto eventos assim geram de momentos eternizáveis até mesmo para as grandes estrelas. Não entraremos afundo em termos financeiros da geração de receitas deste evento, ainda que ultrapassem centenas de milhões de reais.

Marcante acima do valor gerado em receitas é o legado do esporte que cresce por si só, o esporte pelo esporte, ao menos sob os olhares das crianças, e dos fãs. Bom exemplo é o resultado final da partida influenciado pelo encontro inicial entre as feras, e nas palavras de Lebron James “… não queria perder a oportunidade de cumprimentar o homem que me inspirou durante toda infância. Parte de mim não estaria aqui se não fosse a inspiração do MJ, sempre quis ser como ele!”, e no derradeiro soar do apito com um game-winner (último ponto da partida) “É louco saber que meu game-winner tenha sido um fadeway inspirado por MJ, momento muito especial pra mim!”, finalizou. Momentos assim provocam um sentimento de perda enorme para quem não foi; e para quem foi, a alegria perene e um sorriso contido a cada lembrança. A pergunta depois de um megaevento assim é quem vai querer ficar de fora do próximo? Você amante do basquete iria?

O presente artigo tem o interesse de promover a discussão acerca dos negócios do esporte, do entretenimento, e os conexos, como um meio de juntar forças, gerar receitas, novas relações e oportunidades para os gestores de outras modalidades.

Em relação as receitas geradas podemos fazer uma breve análise, por exemplo: o SUPER BOWL acontece em campo neutro, a cidade sede é selecionada com três ou quatro anos de antecedência e, além disso, o evento se dá em apenas uma noite e em um único estádio, enquanto os outros eventos acontecem durante semanas e em diferentes localidades, a final da NFL é um evento mais simples de ser sediado, parece incorrer menos custos e, como mostrado, possui alto interesse do público para mídia e para o turismo. Nos últimos 20 anos o Super Bowl foi assistido em média por 100,8 milhões de pessoas a cada ano e o valor para expor um comercial ao longo do evento durante 30 segundos já alcançou a cifra de 6 milhões de dólares.[2]

Para enfrentar as crises financeiras que são moedas de trocas dos clubes, e em geral do esporte brasileiro, é razão de existência olhar para os torcedores. Os torcedores desejam experiências, os torcedores enquanto clientes, torcedores que buscam novas plataformas de mídia para dialogarem com seu clube favorito, e sócio-torcedor como a base das receitas de um time esportivo. Nos Estados Unidos e nos países da Europa, muitos clubes esportivos vêm implementando estratégias de marketing para criar orientação ao cliente, focalizando o torcedor como cliente, buscando atingir novas receitas e lucros.[3]

Sobre a transmissão de jogos via streaming: “Encontrar um caminho híbrido entre as plataformas de streaming e a televisão parece ser não apenas um caminho viável, como também o modelo mais desejável para o futuro, vide casos da Premier League e da Bundesliga. Atualmente, as emissoras de televisão são parceiras indispensáveis do futebol brasileiro, sendo as responsáveis por um valor considerável da receita de todos os clubes. Da mesma forma, apesar dos recentes recordes alcançados pelas transmissões via Youtube, os números de audiência da TV aberta ainda são consideravelmente maiores se comparados às transmissões via internet”,[4] como salienta, em entrevista. o advogado Marcos Motta. O primeiro passo pode já ter sido dado com a MP 984/20, que mesmo “caducando”, acabou por influenciar a Lei do Mandante, que hoje rege as diretrizes para as transmissões dos jogos.

Voltando olhares para o nosso esporte podemos entender mesmo sem aprofundar dados, que ainda existe um longo caminho para percorrermos no Brasil, e esse pensamento pode gerar duas reações: a de achar que estamos atrasados e procurar culpados, ou olhar com a satisfação de saber que caberá àqueles que hoje atuam como gestores, coordenadores, organizadores do esporte nacional a tarefa de encaminhar este leve ajustar de velas, traçar o destino e ir em busca de deixar um novo legado.

Para isso, perceber o esporte sob um olhar de 360º pode ampliar a visão míope de pensar apenas em títulos. Muitas vezes a grande vitória de um clube brasileiro pode ser conseguir pagar os salários dos atletas e colaboradores, e entender o esporte como entretenimento é fundamental. É, pois, um evento, um evento esportivo.

E agora sim, respondendo à pergunta ou provocação do título deste artigo, O que o ALL STAR GAME, e SUPER BOWL têm em comum com o esporte brasileiro? A resposta, feliz ou infelizmente, ainda é: Muito pouco! A questão agora é de escolha: continuar reclamando e procurar culpados ou trabalhar essa oportunidade com os profissionais dispostos e atualizados deste mercado que flutua entre o esporte e o entretenimento: Sportainment!

Crédito imagem: NBA

Nos siga nas redes sociais: @leiemcampo

[1] Entrevista: Marcos Motta fala sobre o conceito de Sportainment (brandpublishing.com.br)

[2] *IMPACTOS ECONOMICOS DE MEGAEVENTOS ESPORTIVOS.pdf

[3] scientia,+Gerente+da+revista,+c+ARTIGO+4426+-+2021-01-28 esporte negocio torcedor cliente.pdf

[4] Entrevista: Marcos Motta fala sobre o conceito de Sportainment (brandpublishing.com.br)

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