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Vai voltar – NBA define formato para a retomada da temporada

Depois de meses parada, sem a certeza de que continuaria, a NBA definiu hoje, segundo o jornalista da ESPN americana Adrian Wojnarowski, como será finalizada a temporada 2019/2020 da maior competição de basquete do mundo. Com uma série de obrigações contratuais para cumprir, a liga teve que alinhar os interesses de todas as partes envolvidas (atletas, comissões técnicas, proprietários das equipes, patrocinadores, mídia e vários outros), além de buscar a melhor alternativa para reduzir os riscos de contaminação dos atletas pelo vírus responsável pela maior crise global do século.

A decisão, tomada após votação envolvendo as 30 franquias da liga, teve oposição de apenas uma equipe, o Portland Trail Blazers. Esse voto, no entanto, não foi suficiente para barrar a aprovação do formato. Faremos algumas considerações sobre a decisão, o modelo, e os problemas que foram evitados.

A primeira questão que merece destaque é a realização de mais 8 partidas da temporada regular antes dos playoffs. Muitos podem pensar que essa decisão foi tomada apenas para que os atletas pudessem recuperar o ritmo de jogo antes da fase decisiva, mas a questão é muito mais complexa. A NBA tinha em compromissos contratuais a obrigação de entregar pelo menos 72 rodadas de temporada regular para que pudesse receber integralmente as verbas algumas das verbas que teria direito a receber de patrocinadores e da televisão. Como a maioria das equipes já tinha disputado 64 partidas, o número chave de 72 rodadas seria atingido com mais 8 jogos. Essa decisão evitou uma série de inconvenientes jurídicos e financeiros.

No entanto, apenas 22 equipes participarão da continuidade da temporada. Aquelas que estavam com mais de 6 jogos de desvantagem do último classificado de cada conferência não farão parte dos próximos 8 jogos. A NBA ainda está estudando medidas para compensar eventuais prejuízos e problemas contratuais que estas franquias possam ter. As alternativas devem envolver a participação das comunidades locais destas franquias, assim como patrocinadores, parceiros contratuais e a Associação dos Jogadores.

Obviamente o negócio não pode ficar absolutamente acima do lado esportivo, então esses jogos serão utilizados também como forma de definir os últimos classificados para a fase eliminatória. Para compensar o fato de que a temporada terá 10 rodadas a menos, a NBA decidiu que, caso a diferença entre o 8º e o 9º colocados seja inferior a 4 vitórias, haverá uma disputa entre os dois pela última vaga. A disputa terá até duas partidas, sendo que aquele que estava na oitava colocação precisa de apenas uma vitória, enquanto o time que estava em nono lugar precisará vencer os dois jogos.

Mas não foi apenas para evitar problemas que a NBA definiu a volta da temporada. Também observaram que era uma oportunidade de estreitar laços com parceiros comerciais, e até criar novos laços. O exemplo mais claro disso é que, por medida de segurança, a continuidade da temporada se dará toda em um complexo seguro e isolado dentro do Walt Disney World Resort, em Orlando. Mesmo que não seja liberada a presença de torcedores, o complexo hoteleiro terá uma visibilidade ímpar com a nova parceria.

Por fim, não podemos deixar de falar dos protocolos de segurança adotados. Além do isolamento de todos os envolvidos no complexo hoteleiro, a NBA também fará testes constantes nos atletas. Todos os que estiverem na região terão liberdade para circular pela região, ainda que com a orientação de manutenção do distanciamento social. Caso algum indivíduo seja testado positivo para o vírus, ele será imediatamente isolado e afastado dos demais, para impedir a propagação do vírus dentro do ambiente isolado.

Todo esse calendário, que será retomado no dia 31 de julho, deverá ser encerrado, no máximo, até o dia 12 de outubro. A preocupação da liga é que as medidas adotadas não produzam um efeito cascata sobre as próximas temporadas, afetando as relações contratuais por longos períodos e provocando tensões desnecessárias com parceiros comerciais. Com isso, a previsão para o início da temporada 2020/2021 é dia 1º de dezembro, pouco mais de 1 mês após a data prevista antes de toda a situação atual.

Algumas decisões ainda estão pendentes para a próxima temporada, como o número limite de atletas por franquia e a possibilidade de anistia de alguns atletas por parte de suas franquias, liberando espaço na folha salarial para novas contratações. Isso tudo ainda será amplamente discutido pelo Conselho da liga, mas a preocupação em minimizar os danos e aproveitar as oportunidades é evidente e, por enquanto, parece caminhar bem.

Essas decisões só foram possíveis porque nos Estados Unidos não há uma legislação que vincule os regulamentos das competições, como há no Brasil. Mais que isso, tratadas como negócios, as ligas americanas possuem uma flexibilidade administrativa que não é observada no modelo federativo, que possui uma série de limitações definidas pela estrutura.

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