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VAR vendo a regra clara e interpretativa

O VAR está em ação em alguns campeonatos estaduais pelo Brasil. Ao conhecer o protocolo, nota-se que “A decisão original do árbitro não mudará, a menos que tenha havido um “erro claro e óbvio” (isso inclui toda decisão tomada pelo árbitro com base nas informações de outro árbitro da partida – por exemplo, em impedimentos)” (Livro de Regras FIFA 2018/2019).

Onde então entra um erro claro e óbvio pela regra?

Em algumas enquetes feitas no Canal Apitoresco, os resultados mostram como um único lance, por meio das imagens nas quais se pode ver com pausa e replay, divide opiniões na maioria das vezes. Entre os que votam encontram-se árbitros, instrutores de arbitragem, torcedores, jornalistas, jogadores, treinadores, ou seja, uma grande variedade de público – cuja grande maioria vivencia o futebol.

A regra é clara no que diz respeito ao procedimento de cobrança de falta no futebol: “Um tiro livre pode ser executado levantando a bola com um pé ou com os dois pés simultaneamente”.

Na enquete a seguir, o resultado é de 84% de Sim para poder cobrar uma falta de cabeça no futebol. E ao ler o texto acima da regra, fica claro que não é permitido, ou seja, nesse ponto a regra se torna clara e óbvia.

 

 

Porém, ao ver o resultado de outra enquete, há um empate técnico. Isso se deve por interpretações distintas do mesmo lance sendo analisado pela mesma imagem.

 

 

Ou seja, há diferença entre erro claro e óbvio e lances interpretativos.

No jogo entre Boa x Atlético MG, o VAR atuou em três oportunidades e foi fundamental para a legitimidade do resultado. Em dois lances ajustados de impedimento, para definir infração ou não, a linha precisou ser traçada, tendo-se anulado os gols de forma correta.

E na expulsão, o ângulo do árbitro provavelmente não era o ideal para analisar de forma correta. A bola estava na altura da disputa, e o jogador do Atlético pratica jogo brusco grave ao atingir o adversário com as travas da chuteira na altura do joelho/coxa.

Na partida São Paulo x Palmeiras, o VAR entrou em ação no pênalti assinalado pelo árbitro em cima do Dudu. O lance é interpretativo, e, segundo o protocolo do VAR, em casos de penalidade o árbitro deve narrar o que viu em campo para o árbitro de vídeo; se houver disparidades entre o que foi visto em campo e a imagem, o VAR deve chamar o árbitro para revisão. Isto é, se o árbitro narrou que viu um empurrão e a imagem não mostra isso, a revisão deve ser feita.

O Dudu, em entrevista, disse que foi agarrado. Na regra, empurrar e agarrar/segurar são ações diferentes. Então, se a narração e a imagem divergem, é sugerida a revisão ao árbitro. Se a narração foi igual, fica a interpretação do árbitro em campo.

Como os áudios não foram abertos ao público em geral, não há como ter certeza do ocorrido, entretanto, essa seria a única explicação plausível para a avaliação do lance e a volta atrás na marcação.

Quantos lances já não foram vistos que geraram discussões e várias interpretações?

A mão na final da Copa do Mundo de 2018 foi mais um nesse rol de interpretações.

Na introdução do Livro de Regras, leem-se os textos a seguir:

“As Regras do Jogo são relativamente simples, comparadas a outros esportes, mas como não é possível prever todas as situações, pode ser que muitas delas, porque são subjetivas, gerem debate e discussão. Para alguns, essa discussão faz parte do futebol, mas o “espírito” do jogo requer que as decisões dos árbitros sejam sempre respeitadas, independente das decisões estarem certas ou erradas”.

E na Regra 5, lê-se que “O árbitro deve tomar as decisões do jogo com o máximo de sua capacidade, de acordo com as regras e o ‘espírito do jogo’, segundo sua opinião. Em razão disso, o árbitro tem poder discricionário para adotar as medidas adequadas para cumprir a essência das regras do jogo”.

O VAR precisa de encaixes e adaptações por parte da maioria, ainda é recente. Porém, em lances interpretativos, a opinião do árbitro em campo deve prevalecer, pois a realidade do campo de jogo não é a mesma da TV, foto ou arquibancada.

A arbitragem vai muito além do livro de regra.

O próprio livro de regras dá espaço para o árbitro tomar decisões segundo a sua opinião e o “espírito do jogo”, ficando-se dessa forma aberto a interpretações. Será que o ideal, então, não seria ter diretrizes mais claras para que, sendo única a imagem, todos tivessem a mesma opinião – ou pelo menos a grande maioria?

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