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Vice-jurídico do Flamengo acredita que CBF vai adiar jogo com o Palmeiras

Após um surto de Covid-19 eclodir na delegação do Flamengo, atingindo 27 membro, entre eles 16 jogadores, o clube carioca pediu à CBF que adiasse a partida contra o Palmeiras, no próximo domingo, em São Paulo. Em entrevista ao canal SporTV, o vice-presidente jurídico do Flamengo, Rodrigo Dunshee de Abranches, disse acreditar que a partida será adiada pela entidade, o que pode ocorrer ainda nesta quinta-feira (24).

“As pessoas falam que o Flamengo deveria jogar, para trazer os garotos da base. Então trazemos os jogadores da base para misturar com pessoas submetidas a uma carga viral? Temos nove jogadores não contaminados, podem passar para os outros 11, que passam para a arbitragem, massagistas, comissão técnica, time do Palmeiras. Não é mais uma questão de esporte, é uma questão sanitária. Não temos uma recomendação para não ter o jogo, temos duas determinações médicas dizendo que não deve ter o jogo, representa um risco enorme”, argumentou o cartola. “A CBF é a entidade que tem preocupação com os clubes e os atletas, eu tenho quase convicção que recolher o adiamento, não vai permitir que os meninos da base venham se juntar a nós para jogar, podendo contaminar familiares, jogadores do Palmeiras, que podem se contaminar, contaminar as famílias”, completa Dunshee.

O Palmeiras é contra o adiamento do jogo, mesmo com o aumento do número de casos positivos de Covid-19 no clube carioca. O argumento do alviverde é que o jogo do Flamengo contra o Independiente Del Valle, do Equador, na próxima semana, não foi adiado.

“Não é que eu diga que não está pedindo [o adiamento na Conmebol]. O que acontece é que existe um precedente da Conmebol no caso do Boca Juniors-ARG, que diz que 10 dias após o teste positivo automaticamente o atleta que testou positivo, se o médico disser que ele não tem sintomas, ele pode jogar. Então, os atletas que não podem jogar passam a poder jogar. E eu passo a janela dos testes negativos, passo a ter certeza que quem teve teste negativo não vai se manifestar como positivo. E a partir desse momento eu tenho uma segurança para quem está envolvido. Isso que coloca a questão como diferente entre o jogo do Palmeiras e o jogo da Libertadores. Quem testou positivo no dia 19, se não tiver sintomas, estará apto a jogar. Eu não posso comparar duas situações diferentes”, justificou Dunshee.

O problema é que a questão pode parar no Superior Tribunal de Justiça Desportiva.

“Eu entendo que o jogo tem que acontecer, apenas com jogadores que tenham testado negativo para Covid-19, como prevê o protocolo. Caso o time não tenha atletas inscritos o suficiente para disputar a partida, caberá análise para avaliar se cumpriram ou não todos os protocolos. Caso não tenham cumprido, o tribunal pode entender que o clube deu causa à não realização da partida e, com base no artigo 203 do CBJD, aplicar o WO. Se há medo nessa partida, então todas as outras devem ser canceladas”, defende Vinicius Loureiro, especialista em direito esportivo.

O artigo 203 do Código Brasileiro de Justiça Desportiva (CBJD), prevê que o clube que “deixar de disputar, sem justa causa, partida, prova ou o equivalente na respectiva modalidade, ou dar causa à sua não realização ou à sua suspensão”, terá pena de perda dos pontos em disputa a favor do adversário, mais multa de R$ 100 a R$ 100 mil.

“Eu entendo que esses fatores exógenos fazem parte do risco da atividade. Todos os clubes estão sujeitos à Covid”, analisou o advogado especialista em direito esportivo Gustavo Souza, que também é contra o adiamento do jogo.

Outro entrave para a realização da partida é o Sindicato dos Atletas Profissionais do Estado de São Paulo. A entidade afirmou na manhã desta quinta-feira que irá à Justiça caso a CBF confirme a realização de Palmeiras x Flamengo.

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