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08/03: mulheres conquistam espaço no esporte e também na Justiça Desportiva

Hoje, 8 de março, é um dia especial. A data, reconhecido pelas Nações Unidas em 1977, se comemora o Dia Internacional da Mulher. Com o passar dos anos, as mulheres vão conquistando cada vez mais espaço: no mundo, na sociedade e também no esporte. E não é apenas jogando, mas trabalhando com ele, inclusive na Justiça Desportiva. Com dedicação, aperfeiçoamento e muito suor, elas estão ocupando postos importantes nos tribunais esportivos e também na FIFA.

Uma delas é Ana Cristina Mizutori, advogada formada pelo Centro Universitário das Faculdades Metropolitanas Unidas, em São Paulo, sua terra natal, e especialista em direito desportivo. Ela coordenou  o departamento jurídico do Ceará. Para os processos na Justiça Desportiva, como é de praxe em muitos clubes, advogados terceirizados eram contratados até que ela decidiu subir na tribuna e advogar em defesa de três atletas da categoria sub-20. Assim que o fez, ouviu comentários de que se tratava de um feito inédito no estado.

“Celebrar ser a primeira mulher a sustentar na tribuna da Justiça Desportiva do TJD/CE representa duas situações ambíguas. A felicidade de ver o avanço profissional e maior alcance das mulheres em um setor predominantemente masculino, e o quanto ainda há muito o que percorrer, e o tanto que estamos “atrasados” com isso. Apenas em 2019 uma mulher, entre tantas profissionais destacadas que atuam no mercado jurídico desportivo demonstra que o progresso visto, embora deva ser reconhecido e comemorado, não deixa de ser o mínimo esperado. Por outro lado, analisando sob um panorama mais amplo, o STJD conta com uma comissão disciplinar constituída integralmente por mulheres, onde também se verifica em outras comissões disciplinares a composição de mulheres auditoras ou defensoras. Mais uma vez, é a dualidade entre celebrar os caminhos percorridos com o desafio e comprometimento coletivo de que isso avance muito mais.”, contou a advogada.

No Tribunal de Justiça Desportiva do Ceará (TJD-CE), Ana Mizutori conseguiu reduzir a punição por indisciplina dos três atletas das categorias de base. Ela acredita que, “pela especificidade da matéria, talvez outras mulheres não se interessem, mas isso não significa que não sejam capazes”.

Para tentar suprir esse espaço, o Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) decidiu criar algo inédito em 2019: a 1ª Comissão Disciplinar formada apenas por mulheres para julgamentos no futebol feminino. O grupo é composto por 10 advogadas de diferentes partes do país.

Em 2020 foi a vez de Renata Mansur fazer história no Direito Desportivo. A advogada de 47 anos, formada pela UFRJ e mestranda em Direito Desportivo pela PUC-SP, foi a primeira mulher a se tornar presidente de um tribunal desportivo no país, nesse caso, a honra coube ao Tribunal de Justiça Desportiva do Rio de Janeiro (TJD-RJ).

Renata superou as desconfianças após passar três anos (de 2008 a 2011) como a única auditora mulher, até ser nomeada presidente de uma comissão. Em 2018, foi chamada para assumir como uma das titulares do Pleno, a primeira mulher a atuar no cargo no país. Dois anos depois, decidiu se candidatar à presidência.

Tão logo Renata assumiu o cargo, algumas mudanças foram notadas rapidamente: a distribuição de mulheres em todas as oito comissões, além de duas no Pleno.

Ana Paula Terra foi Gerente Jurídica do Comitê Olímpico Brasileiro por 13 anos e atuou na Comissão de Juristas que elaborou o projeto da nova Lei geral do Esporte. Hoje, atua no esporte na área de conformidade. “No esporte, como na vida, a busca incessante por espaços e reconhecimento, marca a trajetória das mulheres e meninas praticantes e das poucas gestoras do segmento. São avanços e retrocessos. Mas, seguimos em frente, alcançando lugares e pódios que poucos imaginaram, desafiando as estruturas e forçando as melhorias ao sistema”, entende Ana Terra.

A falta de representatividade de mulheres em postos de comando ainda é um grande problema global no esporte. No entanto, conquistas recentes precisam ser destacadas e alimentam a esperança por mudanças.

Fatma Samoura tinha uma longa história como funcionária da ONU, trabalhando em diversas funções, até ser anunciada, em 2016, como secretária-geral da FIFA. Sua chegada à entidade foi comemorada como uma mudança de paradigma, já que ela é uma das poucas mulheres a ocupar um cargo de tamanha relevância em escala global.

Nos dias atuais, um dos maiores símbolos de representatividade das mulheres no futebol é o nome de Edina Alves. A árbitra brasileira marcou história ao ser a primeira mulher a liderar um dos trios de arbitragem que apitaram as partidas do Mundial de Clubes da FIFA de 2020 e um dos maiores clássicos do mundo, entre Corinthians e Palmeiras, no mesmo ano.

Edina é árbitra da Federação Paulista de Futebol (FPF) e integra o quadro da FIFA desde 2016. Hoje, é uma figurinha carimbada no Campeonato Brasileiro da Série A e ficou marcado pela grande atuação na semifinal da Copa do Mundo feminina da França em 2019, competição essa que foi considerada como uma mudança de patamar do futebol feminino. A ex-auxiliar Renata Ruel , ex colunista do Lei em Campo, também é destaque comentando arbitragem nos canais ESPN, assim como outras ex-árbitras participam de transmissões em outros canais esportivos.

Por falar nisso, Luciana Mariano, Ana Thais Matos, Natália Lara, entre outras, fizeram com que vozes femininas deixassem de ser novidade em transmissões esportivas.

Por fim, Ana Mizutori ressalta que “o dinamismo próprio da mulher, o comprometimento e determinação inerente à muitas mulheres são apenas alguns dos fatores do crescimento da mulher no desporto”, finalizou a advogada.

Ainda é necessário evoluir, mas hoje é inegável dizer que as mulheres estão ganhando cada vez mais seus espaços, seja no esporte ou na sociedade.

Crédito imagem: Iberdrola

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