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8 de março: mulheres conquistam espaço no futebol e na Justiça Desportiva

Nesta segunda-feira, 8 de março, se comemora o Dia Internacional da Mulher. E a cada ano que passa, as mulheres vão conquistando cada vez mais espaço, no mundo e no esporte. Não apenas jogando, mas trabalhando com ele. Inclusive na Justiça Desportiva. Com dedicação, aperfeiçoamento e muito suor, elas estão ocupando postos chave também nos tribunais esportivos e também na FIFA.

Ana Cristina Mizutori Romero é formada em Direito pelo Centro Universitário das Faculdades Metropolitanas Unidas, em São Paulo, paulistana que mora no Ceará há três anos e desde janeiro de 2019 trabalha como coordenadora do Departamento Jurídico do Ceará Sporting Club. Para os processos na Justiça Desportiva, como é de praxe em muitos clubes, advogados terceirizados eram contratados até que ela decidiu subir na tribuna e advogar em defesa de três atletas da categoria sub-20.

Assim que o fez, ouviu comentários de que se tratava de um feito inédito no estado. “Fiquei muito feliz pelo pioneirismo, por ter feito história e pelo apoio do Ceará ao me permitir tal oportunidade. Por outro lado, também surpresa, porque existem muitas mulheres no Jurídico de outros clubes, e estávamos em 2019. Esse fato não deveria ser mais uma novidade”, declarou a advogada.

No Tribunal de Justiça Desportiva do Ceará (TJD-RJ), Ana Mizutori conseguiu diminuir a punição por indisciplina dos três atletas da base. Ela acredita que, “pela especificidade da matéria, talvez outras mulheres não se interessem, mas isso não significa que não sejam capazes”.

“É um fato que com mais mulheres em posições de expressão, compondo o movimento esportivo, mais medidas para a inclusão de mulheres e melhores estratégias para combater a desigualdade de gênero serão adotadas. Vejo mulheres inspiradoras que abriram o caminho e fizeram história, e existem muitas profissionais brilhantes no Direito Desportivo que estão construindo a história a partir de agora. Há muito a ser construído, existe um hiato no Direito Desportivo em relação à mulher atleta, apesar de alguns progressos recentes terem sido registrados em relação a isso”

Para tentar suprir esse espaço, o Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) criou, em 2019, a 1ª comissão disciplinar formada apenas por mulheres para julgamentos no futebol feminino. O grupo é composto por 10 advogadas de diferentes partes do país.

Em 2020 foi a vez de Renata Mansur fazer história no Direito Desportivo. A advogada de 47 anos formada pela UFRJ e mestranda em Direito Desportivo pela PUC-SP foi a primeira mulher a se tornar presidente de um tribunal desportivo no país, nesse caso, a honra coube ao Tribunal de Justiça Desportiva do Rio de Janeiro (TJD-RJ).

Renata superou as desconfianças após passar três anos, de 2008 a 2011, como a única auditora mulher até ser nomeada presidente de uma comissão. Em 2018, foi chamada para assumir como uma das titulares do Pleno, a primeira mulher a atuar no cargo no país. Dois anos depois, decidiu se candidatar à presidência.

Logo após Renata assumir o cargo, algumas mudanças foram rapidamente percebidas: a distribuição de mulheres em todas as oito comissões, além de duas no Pleno.

“Nos anos 40 Vargas limitava as mulheres à prática de várias modalidades esportivas. Superamos esse obstáculo e provamos que somos capazes não só de praticar esportes como capazes de alçar voos mais altos como os de liderança na própria justiça desportiva. Não é o gênero que dita a capacidade de um ser humano, mas sua dedicação, perseverança, foco e estudo ao fim que se propõe”.

A falta de representatividade de mulheres em postos de comando é um problema global no esporte. Mas conquistas recentes precisam ser destacadas.

Fatma Samoura tinha uma longa história como funcionária da ONU, trabalhando em diversas funções, até ser anunciada, em 2016, como secretária-geral da Fifa. Sua chegada à entidade foi comemorada como uma mudança de paradigma, já que ela é uma das poucas mulheres a ocupar um cargo de tamanha relevância em escala global.

Recentemente, a advogada brasileira e colaboradora do Lei em Campo, Beatriz Chevis, passou a fazer parte do time jurídico da Fifa.

Atualmente, um dos maiores símbolos de representatividade das mulheres no futebol é o nome de Edina Alves. A árbitra brasileira marcou a história ao ser a primeira mulher a liderar um dos trios de arbitragem responsável por apitar as partidas do Mundial de Clubes da Fifa 2020 e o histórico clássico entre Corinthians e Palmeiras na última quarta-feira (4).

Edina é árbitra da Federação Paulista de Futebol (FPF) e integra o quadro da Fifa desde 2016. Hoje, é uma figurinha carimbada no Campeonato Brasileiro masculino e ficou marcado pela ótima atuação na semifinal da Copa do Mundo feminina da França em 2019, competição essa considerada uma mudança de patamar do futebol feminino.

Para sair do futebol, importante lembrar de Seiko Hashimoto, de 56 anos, que assumiu o cargo de presidente do Comitê Organizador de Tóquio-2020, em substituição a Yoshiro Mori, que renunciou  após o escândalo provocado por comentários sexistas.

Ministra dos Jogos Olímpicos e da Igualdade de Gêneros desde setembro 2019, integrante da Câmara Alta do Parlamento desde 1995, Hashimoto também tem uma longa carreira de atleta.

Ela disputou sete Jogos Olímpicos (quatro de inverno e três de verão) nas décadas de 1980 e 1990 como patinadora de velocidade e ciclista de pista. Hashimoto conquistou uma medalha de bronze na patinação nos Jogos de Inverno de Albertville, na França, em 1992.

“A mulher tem tido expressiva participação em todas as áreas de atividades. No esporte, tanto como atletas, como gestoras, não tem sido diferente. O dinamismo próprio da mulher, o comprometimento e determinação inerente à muitas mulheres são apenas alguns dos fatores do crescimento da mulher no desporto”, completou Ana Mizutori.

Ainda é preciso evoluir, mas hoje podemos dizer que as mulheres estão ganhando cada vez mais seus espaços, seja no Direito Desportivo ou no futebol.

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