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A crise no Sporting de Jorge Jesus. Especialistas explicam

O sócio número 3.289 do Sporting de Portugal foi campeão da Copa Libertadores da América e do Campeonato Brasileiro como técnico do Flamengo. Jorge Jesus foi parabenizado pelo clube português nas redes sociais, o que gerou muitas críticas dos torcedores.

A reação mostra o clima tenso que vive o Sporting dentro e fora de campo. O clube não começou bem o campeonato nacional e ocupa a quarta posição da tabela, dez pontos atrás do líder Benfica. Foi eliminado da Taça de Portugal por um time da terceira divisão, até agora não pontuou na Taça da Liga, mas lidera o grupo D na Liga Europa.

Para piorar a situação, as contas do Sporting revelam um aumento dos gastos nunca antes visto. O déficit no exercício 2018/2019 foi de 7,877 milhões de euros, conforme comunicado enviado à Comissão de Mercado de Valores Mobiliários no início de setembro. Números preocupantes, que, mesmo com a negociação junto à CMVM, não diminuíram a pressão sobre Frederico Varandas.

A atual gestão conseguiu alterar os contratos de financiamento do clube com os bancos “Millennium bcp” e “Novo Banco”, e renegociou todas as dívidas. Mas Varandas permanece alvo de muitas críticas, porque não vem gerindo bem o futebol. Inclusive, a venda de atletas. Segundo relatório das finanças do último ano, os débitos com empresários chegam a 15 milhões de euros, e, com outros clubes, somam mais 22,35 milhões (relativos à compra de jogadores).

O presidente assumiu há pouco mais de um ano, após a demissão de Bruno de Carvalho, e sua administração é contestada desde então. “As pessoas, às vezes, param para refletir e mudam o rumo. Mas, neste momento, francamente não sei qual é o rumo. O Sporting tem pouco futuro com este rumo. Nem é o presidente, é o Sporting”, declarou Dias Ferreira, advogado e ex-dirigente do clube.

A referência para a mudança pode estar no novo clube de um velho conhecido. “Primeira providência é reduzir custos. Para pagar dívida, precisa deixar de comprar, consumir. Não vão vir os atletas necessários para ganhar títulos, por um tempo”. Essa foi a receita utilizada pelo Flamengo de Jorge Jesus há alguns anos, lembra Nilo Patussi, advogado especialista em compliance e gestão do futebol.

A administração do ex-presidente Bandeira de Mello passou por uma responsabilização de todas as áreas do Flamengo. “Esportes olímpicos, social e futebol. Todos ‘sofreram’, com o enxugamento de recursos. Todas as áreas se comprometeram e hoje não só o futebol anda bem no clube”, destaca Nilo Patussi.

Foi preciso segurar a pressão até chegar onde o Flamengo chegou em 2019. Frederico Varandas lamentou publicamente a existência, no Sporting, de uma “minoria ruidosa, que não aceita viver com as regras da democracia” e anunciou que fica no cargo até o fim do mandato. No entanto, já existe um “Movimento Dar Futuro ao Sporting”, que pretende entregar ao presidente da mesa da Assembleia Geral do clube, Rogério Alves, um abaixo-assinado com as mil assinaturas necessárias para convocação de uma reunião extraordinária. O objetivo é a destituição dos órgãos sociais do clube. António Delgado, porta-voz do movimento, acrescentou que “não tem qualquer intenção de se associar a candidaturas ou eventuais candidatos”.

A convocação de uma assembleia geral havia sido cogitada ainda na gestão anterior. Ou seja, a “crise leonina” continua, apesar da eleição de Varandas em 2018. Dias Ferreira, que já foi presidente da mesa, do que consideramos Conselho Deliberativo aqui no Brasil, se declara crítico a atual gestão e defende que “a mudança tem que ser completa. O Sporting não sai dessa crise tão cedo se não mudar completamente o paradigma do futebol, em termos de investimento”.

Nilo Patussi reforça que, no “momento de transformação de gestão, é indispensável a participação do torcedor. Para que a transformação financeira exista e as contas fiquem equilibradas, eles precisam ‘comprar’ o projeto de ficar sem títulos e sem grandes vitórias”. Não dá pra precisar por quanto tempo. Todos os departamentos precisaram se reorganizar. “Torcida é parte do todo, é sócio, patrocinador e consumidor do clube. Tão importante quanto qualquer outro dirigente”, completa. Ou seja, se vier nova mudança, todos precisam estar na mesma página.

“Olhar para o futuro. Queremos que o início de 2020 seja também o primeiro dia do novo Sporting Clube de Portugal.”, diz o comunicado do Movimento Dar Futuro ao Sporting. Para, quem sabe, conquistar a Europa, como o Flamengo de Jorge Jesus, que voltou a conquistar a América?

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