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A justificativa de julgamento como alternativa para a transparência no MMA

Kai Kara-France, atleta do UFC, acredita que os juízes lhe custaram muito dinheiro em sua última participação no evento.

No sábado, dia 2/6, Kara-France enfrentou Amir Albazi no evento principal do UFC Vegas 74, perdendo por uma polêmica decisão dividida. Imediatamente após a derrota, Kara-France disse que a pontuação dos juízes é subjetiva e que ele não se preocuparia com o resultado. Mas depois de ter algum tempo para assistir a luta, Kara-France não tem certeza do que os juízes estavam vendo.

A luta foi extremamente competitiva, com Albazi obtendo sucesso no início, principalmente por meio de sua luta agarrada, enquanto Kara-France se sobressaiu no final. Parte da controvérsia, no entanto, vem do juiz Chris Lee, que marcou o quarto round para Albazi, apesar de Kara-France ter dominado esse round estatisticamente. Kara-France não tem certeza de como o juiz viu as coisas dessa forma, mas tem certeza do que isso significou para ele: uma perda financeira e profissional bastante grave.

Talvez nenhuma área na regulamentação do MMA receba mais atenção do público do que o julgamento.

Entre o sistema de pontuação muitas vezes mal aplicado pelos oficiais e a falta de um maior controle de qualidade no treinamento e na seleção de juízes, a controvérsia é quase um subproduto garantido de todos os eventos de MMA.

Atualmente, tudo o que o público (e os atletas e seus treinadores) recebe é a pontuação dos juízes. 10-10, 10-9, 10-8 ou 10-7. Não há feedback sobre como o juiz chegou às suas conclusões sobre a pontuação. Quando um oficial está em minoria, não há nada a ser examinado além do fato de que sua pontuação difere da de seus colegas.

Eis que surge uma ideia radical por parte da Comissão de Esportes Combativos do Colorado: um segundo cartão de pontuação explicando os critérios que foram usados para que o juiz chegasse à pontuação concedida a ambos os atletas.

Tal implementação pode causar grandes mudanças na avaliação do MMA, ajudando muito a criar uma maior responsabilidade para os juízes.

Anthony Cummings, diretor da Comissão de Esportes Combativos do Colorado, é quem está implementando a ideia. No dia 17 de junho, o card do Sparta MMA será o primeiro evento a ver essa nova ideia em prática.

A ideia é simples. Após cada rodada, os juízes preenchem seu cartão de pontuação. Em seguida, eles preenchem um segundo cartão. Isso leva apenas alguns segundos. O segundo cartão pede que o oficial verifique os critérios que usou para tomar sua decisão. Se o striking/grappling efetivo decidiu o round, eles identificam isso. Se houve empate e o árbitro passou para a agressividade, ele identifica isso. Se o round estava empatado e eles passaram para o fator terciário de controle da área de luta, isso é identificado.

Tal reforma cria um sistema de identificação acerca da pontuação de um juiz, podendo então ser verificada se esta se justifica de acordo com os critérios que ele utilizar.

A medida, além de dar aos atletas, promotores, managers, torcedores e partes interessadas de todos os tipos uma explicação para o que parece ser uma determinação duvidosa, a realidade é que pelo menos alguns juízes provavelmente terão um desempenho melhor se tiverem que se explicar.

Existe valor em forçar os juízes, em tempo real, a identificar qual dos critérios unificados os levou a dar a pontuação que deram. O público precisa saber sobre isso.

É bom sempre lembrar que o juiz só tem 60 segundos para entregar a papeleta de pontuação, portanto muitos precisarão reciclar seus conhecimentos para que não se atrapalhem na hora de preencher uma ficha adicional.

Já presenciei, em cursos, a sugestão de se usar sempre uma ficha extra para anotações com o fito de que possam ser justificados os scorecards em eventuais reuniões pós-luta com as comissões.

O uso de tal ferramenta como um novo critério de avaliação da performance dos juízes parece seguir um raciocínio salutar no sentido de se aumentar a integridade no esporte e preservar o espetáculo.

Crédito imagem: Jeff Bottari/Zuffa LLC

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REFERÊNCIAS:

BRAVO, Guilherme. NAS MÃOS DOS JUÍZES: UMA PERSPESCTIVA DO MMA AO LADO DA GRADE. 1ª. ed. Rio de Janeiro: PVT 1, 2019.

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