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A última sobre racismo no futebol

No dia 8 de dezembro, o Manchester City, até então líder absoluto deste ano, perdeu para o Chelsea por 2 a 0 fora de casa. Perdeu também a liderança para o Liverpool. Apesar da derrota, a notícia que mais teve repercussão foi a última sobre o racismo no esporte.

O jogador da seleção inglesa Raheem Sterling (24 anos), enquanto defendia seu clube, o Manchester City, ouviu gritos racistas de alguns torcedores do Chelsea. Depois do jogo, Sterling publicou uma declaração no Instagram. Porém, com um twist: em vez de criticar a atitude dos torcedores, questionou a forma como a mídia retrata jogadores negros, iniciando assim um debate nacional que já vem durando dias.

Sterling demonstrou, por meio de dois exemplos, qual foi o “ângulo” adotado pela mídia ao reportar a compra de imóveis por parte de duas jovens promessas do Manchester City para suas respectivas mães. Para o jovem atleta branco, certa publicação inglesa retratou que “a jovem estrela do City comprou uma mansão de £ 2 milhões para sua mãe”. Porém, a mesma publicação havia retratado (dez meses antes) que o jovem atleta negro “que ganha £ 25 mil por mês ‘esbanjou’ £ 2,25 milhões por uma mansão sem ter jogado sequer uma partida na Premier League”.

Várias partes já se manifestaram sobre o tema. O Professional Footballer’s Association (o sindicato de jogadores profissionais de futebol) quase que de imediato declarou publicamente apoio a Sterling, recomendando que a mídia reconsidere, de forma geral, sua postura ao reportar temas relacionados a jogadores, para que seja mais justa e não influencie a retórica racista.

Tal sindicato (fundado em 1907, sendo assim o mais antigo sindicato de atletas profissionais do mundo) aproveitou para reapresentar dados publicados em novembro pela instituição de caridade Kick it Out sobre discriminação no futebol inglês. Incidentes de discriminação no futebol aumentaram em 11% desde a temporada passada, o sexto ano consecutivo de aumento de tais incidentes. Dos 520 incidentes reportados, 53% eram relacionados a discriminação por raça (aumento de 22% desde a temporada passada).

A Metropolitan Police, com o apoio do Manchester City e do Chelsea, continua investigando o incidente envolvendo Sterling. A Premier League já “baniu” quatro torcedores dos estádios enquanto as investigações continuam. Mas será que isso é suficiente? Na semana anterior, durante a partida entre Arsenal e Tottenham no Emirates Stadium, ocorreu outro incidente: uma casca de banana foi atirada no campo durante a vitória do Arsenal por 4 a 2.

Há meses Sterling parece ser alvo da mídia. Logo antes da Copa do Mundo deste ano, ele teve que se defender publicamente por ter uma tatuagem de um rifle na perna. O jogador disse que a tatuagem tem um significado profundo para ele. Foi feita em homenagem a seu pai, que foi assassinado na Jamaica.

Se isso acontece no maior campeonato de futebol de clubes do mundo, que dirá em outras competições.

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Foto: The Guardian

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