No Brasil, não é nada fácil ser técnico de futebol. Nunca foi. O país do futebol também é o país que exige retorno rápido sem o tempo para a implementação de um projeto.
Depois de um setembro com muitas trocas de técnicos, 4 delas em apenas 24 horas, o número de dispensados aumentou depois que o Botafogo demitiu Eduardo Barroca. Já são 14 técnicos demitidos em apenas 23 rodadas do campeonato brasileiro.
Mas por que somos tão intolerantes com um técnico de futebol? Como podemos cobrá-los se nem foi possível, em alguns casos, o profissional implementar as suas ideias, seu estilo de jogo, estratégia tática, organização elenco, etc.?
Segundo estudo feito pela CIES Football Observatory, em 2016, os técnicos brasileiros de futebol permaneceram, em média, 5,2 meses no cargo. Se compararmos com os treinadores franceses de futebol (onde o ciclo também é pequeno) que, inclusive ontem, teve o brasileiro Sylvinho do Lyon baixando a média francesa, cuja durabilidade cai para quase um terço do período médio.
O atual melhor técnico do mundo pela FIFA é o alemão Klopp, do Liverpool, que venceu, na última temporada, a Champions League com o clube inglês, clube esse que o técnico alemão gerencia desde 2015. Mas será que se o Klopp não tivesse vencido a Champions League ele continuaria à frente do clube de Liverpool? Provavelmente sim, pois desde a sua chegada o técnico alemão não havia vencido nada. Isso mesmo! O primeiro e único título que o técnico alemão conquistou pelo Liverpool foi a última liga dos campeões.
Mas será que isso aconteceria no Brasil? Tanto tempo para organizar, investir, mudar, etc. sem se preocupar se será demitido depois de um ou dois jogos?
Já falei nesta coluna sobre um dos técnicos de futebol mais vencedores e admirados do mundo, Sir Alex Ferguson, ele fez a sua carreira comandando, durante 27 anos os “Diabos Vermelhos”, como são chamados os jogadores do Manchester United. Graças a ele, a equipe de Manchester se tornou uma das mais importantes e vitoriosas equipes da Inglaterra, com 39 títulos, sendo 13 Premier League, 2 Champion League, 2 mundiais de clubes e 1 Supercopa da Uefa.
No Brasil a história é bem diferente. Desde setembro de 2016 à frente do Grêmio, Renato Portaluppi é o técnico de futebol no Brasil há mais tempo no cargo, seguido de Odair Hellmann, do Internacional, que está no cargo desde novembro de 2017.
Já vimos que cada vez mais a profissionalização do esporte é inevitável, e planejamento sem o mínimo prazo para execução é impossível de acontecer. Enquanto os gestores do esporte não encontrarem um equilíbrio razoável/ aceitável para que isso aconteça, as trocas serão cada vez mais frequentes.