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A vida não segue um roteiro

Finalmente, 2021!

Um novo ano chegou e, com ele, a esperança de que retomemos algum controle sobre as nossas vidas. Quem mais quer vacinação em massa, abraços demorados e consciência coletiva?

A mais poderosa lição trazida por estes tempos estranhos de pandemia é certamente a confirmação de que a vida não segue um roteiro. Embora se trate de uma lição conhecida, a pandemia deixa ainda mais evidente a verdade cantada de que “não temos controle, o tempo é ligeiro, na estrada da vida, somos passageiros”.

Quem de nós imaginaria que as consequências causadas por uma ameaça microscópica adiariam até mesmo os Jogos Olímpicos de Tóquio? Coisa de cinema, digna de personagens como os Jogos Olímpicos e a Cidade de Tóquio, que certamente já estrelaram muitos longas-metragens, cabendo destaque para o ano de 1964, em que enfrentaram o cancelamento da edição dos Jogos daquele ano.

Uma outra grande história contada pelas lentes do esporte olímpico é a da campeã Agnes Keletis, cuja vida, esta sim, mais parece uma produção hollywoodiana, com mudanças repentinas, mistérios e final feliz.

Nascida em Budapeste há exatos 100 anos, recém completados em 9 de janeiro de 2021, Agnes se destacou como ginasta e tem em seu currículo esportivo o número de 10 medalhas olímpicas, sendo 5 delas de ouro.

Perseguida pelo governo nazista por ser judia, foi expulsa do clube onde treinava, justamente por sua origem e sobreviveu ao Holocausto usando um documento de identificação que pertencia a outra pessoa.

Conquistou seu primeiro título aos 16 anos, idade considerada avançada para a ginástica e, esperava ter competido nos Jogos Olímpicos de Tóquio em 1964, quando adveio a Segunda Grande Guerra e o cancelamento da competição.

Dentre os 500 mil judeus perseguidos e mortos na Hungria, estavam alguns parentes próximos, destino do qual escapou por pouco, sorte com a qual não contaram outros atletas olímpicos mortos por sua origem judia, o que nos faz imaginar quantos talentos o mundo perdeu com o conflito.

Cotada para competir nos Jogos Olímpicos de Londres 1948, uma lesão a excluiu da competição, mas não lhe tirou o desejo de treinar e de viver: nos Jogos Olímpicos de Helsinque 1952, ganhou 4 medalhas, sendo 1 delas de ouro, quando já contava com 31 anos.

E ao invés de pensar em aposentar-se como outras ginastas fariam em sua idade, aos 35 anos foi sucesso nos Jogos de Melbourne 1956, competição em que Keleti enfrentou a ginasta soviética Larisa Latynina, atleta que tem em seu currículo esportivo 18 medalhas olímpicas. Uma húngara enfrentando uma soviética, tendo pano de fundo uma manifesta questão política, qual seja, a revolução húngara ocorrida naquele ano, com violenta reação soviética.

Encerrados os Jogos de Melbourne, a atleta decidiu não retornar ao seu país, buscando em seguida asilo em Israel onde se casou e teve filhos, passando a ser treinadora da equipe olímpica daquele país.

Enfrentando o desconhecido com uma combinação de bravura e sorte, a atleta sobreviveu para nos contar sua história. Que tenhamos a mesma sorte!

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