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Abel Ferreira pode ser denunciado pela Justiça Desportiva por tomar celular de repórter? Entenda

O técnico do Palmeiras, Abel Ferreira, se envolveu em uma confusão na zona mista (local destinado às entrevistas pós-jogo) do Mineirão após o empate contra o Atlético-MG, neste domingo (28).

O treinador português tomou o celular das mãos do jornalista Pedro Spinelli, da Globo, que filmava uma discussão do diretor de futebol do Palmeiras, Anderson Barros, com o quarto árbitro Ronei Cândido Alves.

A atitude de Abel Ferreira poderá ter desdobramentos na Justiça Desportiva. Segundo especialistas, o treinador poderia ser enquadrado no artigo 258 do Código Brasileiro de Justiça Desportiva (CBJD).

“Não obstante o jornalista não ser jurisdicionado da Justiça Desportiva, a conduta do técnico do Palmeiras parece ter incorrido na infração do art. 258 do CBJD. Trata-se de um tipo infracional desportivo aberto, cuja previsão impõe conduta contrária à ética ou à disciplina desportiva, de forma que nenhum outro dispositivo do Código Brasileiro de Justiça Desportiva tenha previsto”, avalia Ana Mizutori, advogada especializada em direito desportivo.

“Analisando o CBJD, não verifico a existência de dispositivo específico que descreva a atitude do técnico. Eventual denúncia, portanto, haveria de ser baseada no artigo 258 do CBJD, que trata de conduta contrária à disciplina ou à ética desportiva, com penalidade de suspensão de 1 a 6 partidas, podendo ser convertida em advertência”, afirma Filipe Souza, advogado especializado em direito desportivo.

Nas imagens gravadas pelo jornalista é possível ver a discussão entre Anderson Barros e Ronei Alves. Abel Ferreira, então, se aproxima da grade que os separava. Em seguida, ao perceber que estava sendo filmado, o técnico se dirige ao produtor, pega o celular, e interrompe a gravação.

Abel Ferreira só devolve o celular ao perceber que estava sendo filmado por outro jornalista, da Rádio Itatiaia. Ao profissional da imprensa, o treinador disse que “o futebol brasileiro está assim por vossa responsabilidade”.

A confusão repercutiu rapidamente. Na entrevista coletiva, Abel Ferreira falou sobre o ocorrido e pediu desculpas:

“Fazer um esclarecimento, uma vez que todo mundo aqui gosta de transformar um copo d’água em uma tempestade. Passou-se aqui uma discussão, uma confusão ali no túnel, entre nosso diretor esportivo e um dos assistentes da arbitragem. E tinha ali, não sei se repórteres, a filmarem tudo. Eu peço desculpas se me excedi. São coisas do futebol, isso é muito nosso, mas infelizmente hoje todos têm câmeras. Peço desculpas se me excedi. Há coisas que a imprensa não tem que saber. Mas antes que vire uma tempestade, são coisas que se passam, então essa introdução, esclarecimento”, disse o treinador.

Logo em seguida, Abel Ferreira disse que sentiu que sua privacidade havia sido invadida.

“Sabe o que é invadir a privacidade? Eu senti invadirem a minha privacidade. Eu não posso estar aqui falando com ele, e você vem aqui (faz o gesto de filmagem). O que eu senti foi invasão de privacidade”.

Importante esclarecer que a gravação foi feita em um local autorizada pela CBF (Confederação Brasileira de Futebol), organizadora da competição.

Nesta segunda-feira (29), a ACEB (Associação de Cronistas Esportivos do Brasil) divulgou uma nota repudiando a atitude do treinador.

“A ACEB (Associação de Cronistas Esportivos do Brasil) repudia a atitude de desrespeito do técnico Abel Ferreira, do Palmeiras, contra o repórter Pedro Spinelli, da Globo Minas, neste domingo, no estádio do Mineirão (…) A ACEB repudia qualquer ato contra a liberdade de imprensa e se solidariza ao repórter Pedro Spinelli”.

Dentro de campo, Atlético-MG e Palmeiras empataram por 1 a 1 em partida bastante disputada. Ambas as equipes reclamaram bastante das decisões tomadas pela equipe de arbitragem.

Crédito imagem: Rádio Itatiaia

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