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Ana Paula x Tiffany – verdades têm que ser ditas

O debate sobre a participação dos transsexuais em modalidades de seus gêneros não biológicos voltou à tona quando o multicampeão Bernardinho, após derrota de sua equipe, o Sesc-RJ, para o Sesi-Bauru, da atacante trans Tifanny, esbravejou: “Um homem, é fo**!”.

O debate é polêmico, porém necessário, e é importante desde já deixar claro e explícito que ser contra a participação dos trans em modalidades diversas de seus gêneros não é transfobia ou homofobia. Trata-se, apenas, do regular exercício de livre manifestação do pensamento.

Infelizmente, nos sombrios tempos atuais, existe uma verdadeira patrulha do politicamente correto atenta a levar toda e qualquer manifestação “não convencional” para o lado mais obscuro de forma a tentar desmoralizar e desqualificar o interlocutor.

A divisão nas categorias femininas e masculinas não é à toa, ela se dá por uma questão biológica e natural de diferenças hormonais, físicas, ósseas, etc. Se não existissem diferenças, homens e mulheres atuariam em conjunto.

Aliás, em muitas modalidades há também diferenças de bolas, redes, regras, roupas, dentre outras, justamente em razão das diferenças existentes entre os sexos.

No afã de atender à patrulha do politicamente correto, pululam “palpiteiros especialistas” que defendem, via de regra nas redes sociais, atrás de uma tela, a inclusão dos trans femininos e entendem ser um absurdo discriminatório sua limitação, além de taxarem os “oposicionistas” de homofóbicos.

De fato, é muito lindo e confortante pensar em um mundo ideal sem qualquer compromisso com a dureza da realidade.

Tifanny nasceu Rodrigo, cresceu Rodrigo, e, adulto, virou mulher. Como homem biológico, Tifanny tem estatura média superior à das mulheres, força muscular superior à das mulheres, explosão muscular superior à das mulheres, quadril mais estreito e maior impulsão que as mulheres. Nenhum controle hormonal vai mudar isso.

Rodrigo era um jogador de vôlei masculino médio, Tifanny é uma jogadora de vôlei de elite.

Os fatos são óbvios e falam por si.

Tifanny tem todo o direito de ser Tifanny, mudar de nome, de documento, de roupas, relacionar-se com pessoas do gênero que quiser, mas não pode ter o direito de retirar o direito das mulheres biológicas de competirem em igualdade.

Incentivar e promover a participação de trans nos esportes femininos é incentivar os trans (lógico que ninguém se tornará trans para ser atleta) a escolherem a profissão de atleta, pois, por questões biológicas, qualquer homem atleta medíocre se tornará competitivo entre as mulheres. O resultado será devastador para o esporte feminino.

Não se pode querer “ser mais realista que o rei”. Deus, o Universo ou o Big Bang criou o homem e a mulher diferentes, e isso nunca vai mudar.

Bernardinho está certo: Tifanny, biologicamente, é um homem. A cirurgia, a roupa, o cabelo, a orientação sexual e a feminilidade não mudarão isso.

A todo cidadão deve ser garantido o direito de escolha, mas ele deve arcar com os bônus e os ônus da sua escolha sem qualquer vitimismo e/ou benefício.

São os atletas transsexuais que devem se adequar ao sistema esportivo, e não o contrário. As mulheres biológicas não podem “pagar o pato” de uma decisão íntima e pessoal.

Se um atleta escolhe ser trans, terá o ônus de conviver desportivamente com outros atletas que nasceram do mesmo sexo que ele, da mesma forma que, se um atleta não escolhe ser trans, terá de enfrentá-los.

A inserção social não pode servir de desculpa para prejudicar um gênero e uma modalidade inteira. A desejada inclusão é alcançada com atitudes positivas de respeito às minorias e tratamentos iguais. Não com benefícios e prejuízo às maiorias.

Não, esse texto não transfóbico ou homofóbico, pelo contrário, é em defesa das mulheres e do esporte.

Atente-se que as defesas pela inclusão de Tifanny vêm de ativistas (especialmente de redes sociais), pois as pessoas envolvidas no esporte que têm coragem de opinar e enfrentar a patrulha se manifestam de forma diversa.

Bernardinho, com seis medalhas olímpicas, e Ana Paula, medalhista em Atlanta, sabem o que estão falando, e, ainda que se pense diferente deles, deve-se respeitá-los.

A patrulha do politicamente correto, em vez de debater ideias, prefere atacar e desqualificar o debatedor. Infelizmente, foi o que fez a própria Tifanny ao se omitir quanto ao fato de ter ou não benefício, mas atacando Ana Paula dizendo que “ela não existe”.

Ana Paula entrou para história do vôlei feminino mundial por sua atuação dentro das quadras tendo nascido mulher e sem qualquer vitimismo ou benefício. Conquistou seu espaço e é respeitadíssima por sua competência.

Ainda bem que Ana Paula existe e fez o vôlei brasileiro feminino grande. Ainda bem que Ana Paula existe e continua a defender suas colegas, a modalidade e a ética.

O Comitê Olímpico Internacional e as federações internacionais existem para proteger o esporte e os atletas, e precisam agir com coragem e não sucumbir à demanda pelo politicamente correto, antes que seja tarde demais.

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