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Apesar de mudança em regulamento da Conmebol, Universitario não deve ser eliminado da Sul-Americana por racismo de preparador

O preparador físico do Universitario, do Peru, Sebastian Avellino Vargas, teve a prisão em flagrante decretada pela Polícia Civil de São Paulo por supostos atos racistas cometidos durante a partida contra o Corinthians, nesta terça-feira (11), na Neo Química Arena, pela ida dos playoffs da Copa Sul-Americana.

Apesar da mudança no Código Disciplinar da Conmebol, que passou a punir com mais rigor os casos de racismo nas partidas organizadas pela entidade, o Universitario não deverá ser eliminado da Copa Sul-Americana pela conduta de seu preparador físico.

“O art. 15 do reformado Código Disciplinar da Conmebol poderia até ensejar, um último caso, a eliminação do Universitário da competição, mas acho difícil que isso aconteça nesse momento. O referido dispositivo prevê que qualquer ‘oficial’ (funcionário do clube) que atentar contra a dignidade humana por conta de preconceito estará sujeito a suspensão por, pelo menos, quatro meses”, explica o advogado Carlos Henrique Ramos, especialista em direito desportivo.

O advogado conta que sanções mais pesadas, como eliminação de competições, somente aconteceriam em caso de reincidência.

“Em caso de reincidência, o infrator pode ser punido com a proibição de exercício atividades relacionadas ao futebol por cinco anos ou por meio das sanções adicionais previstas no art. 6º, dentre elas, a desclassificação de competições em andamento e/ou exclusão de competições futuras (para o clube) ou o banimento do profissional pessoa física.  Me parece que eliminar o clube de maneira imediata seria uma medida muito extrema nesse momento, pois isto dependeria de um prévio escalonamento das sanções”, acrescenta.

“Caso sejam comprovados os fatos, o clube pode ser sancionado com multa de, no mínimo, US$ 100 mil. Em caso de reincidência, a multa pode chegar a US$ 400 mil. Além disso, a depender do entendimento da Comissão Disciplinar, o clube pode ser sancionado com partidas com portões fechados, fechamento parcial do estádio e/ou exposição de mensagens contra discriminação”, conta a advogada desportiva Fernanda Soares.

No ano passado, após recorrentes casos de racismo na Libertadores e Sul-Americana, a Conmebol decidiu fazer mudanças em Código Disciplinar, tornando mais pesadas as penas para casos de discriminação. Além do aumento considerável da multa, o regulamento passou a prever a possibilidade dos clubes punidos terem que jogar com portões fechados por um ou mais jogos e terem parte das arquibancadas fechadas, o que não acontecia antes. O jogador ou dirigente que insultar ou atentar “contra a dignidade humana de outra pessoa ou grupo de pessoas, por qualquer meio, por motivos de cor de pele, raça, sexo ou orientação sexual, etnia, idioma, credo ou origem” poderá ser suspenso por um mínimo de cinco jogos ou por um período de tempo mínimo de dois meses, conforme diz o artigo 17 do documento.

O episódio de racismo desta terça-feira teria acontecido próximo ao final da partida entre Corinthians e Universitario. Vargas foi detido quando dois policiais militares perceberam uma confusão entre torcedores alvinegros nas arquibancadas, que estavam revoltados com gestos em que o uruguaio teria imitado um macaco.

Vargas foi levado até a delegacia da Neo Química Arena para prestar depoimento, assim como alguns torcedores do Corinthians, na condição de testemunhas.

O profissional do Universitario nega as acusações. Vargas disse que torcedores cuspiram nele no fim da partida e os questionou sobre isso. Ele explicou ainda que estava carregando cones embaixo dos braços e não imitando um macaco.

Apesar da justificativa, o preparador físico foi indiciado por racismo, crime esse que prevê pena de um a três anos de prisão.

O uruguaio passará por uma audiência de custódia nesta quarta-feira (12), no Fórum Criminal da Barra Funda, em São Paulo. Nela, um juiz vai analisar as condições da prisão do profissional e decidir se ele permanecerá preso ou não.

Crédito imagem: Itatiaia

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