O Internacional acaba de informar ao Lei em Campo que rescindiu contrato de Matheus Monteiro e também de Luiz Vinícius, da equipe sub-20 do Colorado. Os dois jogadores estiveram em vídeo que circulou na noite desta segunda-feira (30) nas redes sociais. Matheus revelou que dopou uma mulher em uma festa, enquanto Luiz gravou e publicou a fala na internet. O vídeo causou repúdio em parte da torcida feminina do clube gaúcho, que pedia pelo rompimento de contrato com os jogadores.
“A conduta do atleta foi a pior possível. Além de portar droga ilícita, fez com que sua companheira ingerisse sem saber, o que poderia ter lhe causado sérios problemas. Não é conduta aceitável de qualquer cidadão, menos ainda de um atleta profissional que deve preservar a saúde e se manter afastado de substâncias desse tipo. Merece, sem sombra de dúvida, ser punido. Quando à justa causa, se analisarmos a ferro e fogo, com rigidez, poderá ser aplicada, pois há fundamentos legais amparando a penalidade. Entretanto, em se tratando de pena capital, poderá ser discutida em juízo pelo atleta eventualmente”, avalia o advogado especialista em direito desportivo Theotonio Chermont.
“A declaração do atleta trata-se de ato praticado em seu momento de descanso. No entanto, pela gravidade da conduta, o empregador poderá rescindir o contrato de trabalho, mediante pagamento das verbas rescisórias”, completa Luciane Adam, advogada especializada em direito trabalhista.
O registro do momento em que o jogador conta sobre o caso foi gravado pelo também jogador da equipe Luiz Vinícius, que pouco depois desativou sua conta no Instagram.
“Eu coloquei uma bala no copo dela, e ela ficou daquele jeito. Nem se ligou na cena, ela bebendo aqui, eu peguei o copo dela, quebrei um pedacinho e larguei ali. Ela ficou mal. E eu entrei para o quarto, ela de lá (vídeo é cortado) ”, revela Monteiro.
“Bala” é o apelido dado ao ecstasy, droga sintética que aumenta as sensações de euforia em uma pessoa.
A fala do atacante gerou revolta em parte das torcedoras do Internacional, que exigem o afastamento do jogador de qualquer atividade relacionada ao clube.
“Eu, como torcedora e sócia, exijo que o Internacional rescinda contrato com o Matheus Monteiro após o vídeo em que ele declara que violou o corpo e a saúde de uma menina usando entorpecentes. Clube que preza pela vida das mulheres não pode se calar neste momento!”, disse uma das torcedoras nas redes sociais.
Além do conteúdo que pode gerar processo na esfera penal contra o jogador, ele também traz prejuízo para a imagem do clube, uma das coisas mais importantes no futebol atual. O advogado especialista em Compliance, Rodrigo Carril, destacou a importância do mecanismo em casos como esse:
“Infelizmente, o Internacional não possui uma área de compliance estruturada. Caso contrário, já teria procedimentos específicos bem desenhados para este tipo de ocasião. Entre outros, um dos principais benefícios da manutenção de ferramentas séries de prevenção e avaliação de casos como este é a redução de danos à imagem do clube. É papel dele demonstrar que não aceita atitudes como esta e, acima de tudo, que analisa estas alegações com seriedade, imparcialidade e transparência, respeitando todos os envolvidos, sem qualquer julgamento antecipado ou leniência”, afirma Carril.
“Sem dúvida um sistema de gestão de compliance efetivo teria identificado, tratado e buscado prevenir este tipo de fato. Se não fosse para evitá-lo, pois não existe como garantir 100% de assertividade, já que estamos falando de seres humanos, a organização teria agora como minimizar muito os impactos em sua própria imagem, provando que agiu para evitar este tipo de fato. É importante ressaltar que jogadores de futebol são “modelos” para torcedores de todas as idades, mas especialmente entre os mais jovens que vem nessa carreira uma possibilidade real de fugir da pobreza e da falta de alternativas. É responsabilidade dos clubes auxiliar estes jovens atletas em sua formação profissional e pessoal. Assim, além de evitar riscos, está cumprindo sua responsabilidade social”, finaliza André Pontin, advogado especialista em Compliance.
Matheus Monteiro foi um dos destaques do elenco campeão do Internacional na Copa São Paulo de Futebol Junior no começo do ano, anotando três gols na competição. Em julho, Coudet, técnico do clube na época, promoveu o jovem de 20 anos para o time principal. Apesar disso, o jogador não chegou a estrear pelo profissional.
Crédito imagem: Reprodução
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