Search
Close this search box.

Apple se rendeu ao streaming, e isso tem tudo a ver com direito esportivo

A Apple vai entrar no streaming. Claro que vai.

A empresa que é referência no planeta em tecnologia não iria ficar de fora dessa revolução na forma de entregar e consumir conteúdo.

A Apple TV+ será um serviço de streaming com séries originais, grandes reportagens e, também, deverá ter conteúdo esportivo. Já acertou parceria com Amazon Prime e Hulu. Ela vai concorrer com o Netflix, Perform, Disneyflix (ou o nome que a Disney der ao seu serviço)… etc.

E o que isso tem a ver com o Direito Esportivo? TUDO!

Empresas globais de olho em eventos esportivos. Claro que o evento se cacifa, os clubes e entidades esportivas passam a negociar com mais gente. Os direitos de transmissão serão negociados por muito mais dinheiro.

É o que aconteceu agora, por exemplo, no caso do Palmeiras e Athletico com a Globo. Os clubes deixaram de ser reféns de uma única empresa e passaram a buscar mais receita pelo produto que entregam.

Isso é Direito de Arena. Tá diretamente relacionado à produção de conteúdo. Mas também direito de imagem, contratos de publicidade, exposição dos patrocinadores, negociação clubes/entidades esportivas. Tudo isso também envolve Direito Esportivo.

A necessidade de buscar especialistas que entendam dessa ciência do esporte se torna ainda relevante.

Portanto, é fundamental entender essa revolução na comunicação.

A revolução digital atropela até especialistas. A imensa maioria deles foi pega de surpresa pela força gigantesca que as redes sociais mostraram nesse processo eleitoral. Alguns até desconfiavam que a mídia tradicional perderia um pouco do poder que sempre teve. Mas nem foi preciso esperar pela voz das urnas para já se saber qual foi o maior derrotado nesse processo eleitoral brasileiro: a televisão.

Depois de buscar alianças para ter mais espaço na propaganda eleitoral, de investimento pesado para produzir conteúdo de qualidade, de meses de campanha e esperança de transformar tudo isso em voto, o que se viu foi a confirmação de algo que já se vive no dia a dia do jornalismo e da produção de conteúdo: uma perda diária, permanente e sem volta, da TV aberta como protagonista na formação da opinião pública nacional.

A TV aberta deixou de nadar soberana como a detentora do monopólio da informação coletiva. E esse é um caminho sem volta. 

A TV tradicional não é mais onipotente na construção do imaginário coletivo. Ela, que nos últimos tempos via as redes sociais repercutirem os assuntos “espelhados” nas grades dos telejornais, hoje se vê tendo que olhar para a internet e o que está repercutindo por lá para definir uma estratégia e “paginar” seus programas.

A eleição simplesmente refletiu o que já está circulando pelas mãos e pelos olhos de todos. O streaming (tecnologia de transmissão instantânea de dados), as redes sociais e o compartilhamento tomaram conta da produção de conteúdo. Candidatos com mais tempo de propaganda na TV não conseguiram vencer a influência digital e mudar o cenário eleitoral. Se o conteúdo que está sendo consumido é bom ou ruim, é outra discussão. Se notícias falsas podem ter tido influência no voto daqui, como tiveram nas eleições americanas, também é assunto que será debatido. O que ficou evidente é: a TV aberta perdeu a força que sempre teve na campanha política; e na área do esporte, ela também vem perdendo.

Nas ligas americanas, muitas já preferem negociar com plataformas de streaming. “No streaming você sabe com exatidão, precisão e retorno imediato quem está assistindo e por quanto tempo eles ficaram online”, explicou o VP de Comunicação do Orlando City, Diogo Kotscho. Por mais diferente que seja a realidade americana da brasileira, o Brasil também começou a se dar conta dessa e de outras vantagens.

O streaming não tem o limite da “grade” dos canais a cabo, aquele espaço limitado de 24 horas que o canal das mídias tradicionais tem em sua programação! 

É possível produzir uma quantidade sem fim de conteúdo, desde que se tenha público e potencial de comercialização. A plataforma é um universo ilimitado. E para melhorar ainda mais, o público é que escolhe a hora e onde vai assistir, diferentemente da TV a cabo ou aberta.

A TV tradicional não tem como competir contra isso. 

Hoje a produção está capilarizada. Nessa nova forma de consumir conteúdo, é preciso pensar em produções direcionadas para um público específico (crianças que gostam de futebol dos 3 aos 8 anos, por exemplo). Os programas “para toda a família”, tendo um público mais genérico, como se pensava até cinco, dez anos atrás, terão cada dia menos espaço.

O esporte brasileiro já se deu conta dessa revolução.

A Liga Nacional de Basquete definiu no último mês que vai apostar no conceito de multiplataforma para os jogos do NBB, a principal competição do basquete brasileiro. Ou seja, a Liga decidiu deixar o parceiro de dez anos, Globo/Sportv, para ter seu produto transmitido por ESPN, Fox, Band, Facebook e Twitter. E mais: segundo levantamento da Folha de S.Paulo, esse movimento está cada dia maior nos esportes brasileiros. Atualmente já possível acompanhar pela internet, regularmente e ao vivo, competições nacionais e internacionais de vinte esportes olímpicos, incluindo o futebol.

A Liga dos Campeões da Europa, o principal campeonato de futebol entre clubes do planeta, terá transmissão pelo Facebook no Brasil.

É fato. A Globo não tem mais como principal concorrente a Record, SBT, Rede TV. 

Agora, ela passa a concorrer pela audiência com a Netflix, a Amazon, a Perform Group (que chegará em breve ao Brasil), com o Disney Play (o streaming do grupo Disney, que comprou a FOX em um negócio de mais de US$ 71,3 bilhões, justamente para reforçar sua plataforma). Não é segredo, tanto que o grupo brasileiro já concentra energia e dinheiro para alavancar sua plataforma de streaming.

A briga agora é globalizada, sem nenhum trocadilho.

Segundo uma pesquisa nos EUA, os americanos pagam, em média, dois aplicativos de streaming por residência. Tendência, no Brasil, é que a média fique entre 1 e 1,5. Ou seja, você vai ter que escolher: a qual conteúdo você vai querer ter acesso? Netflix, Disney Play, Amazon, Perform, Globoplay.? A escolha é sua.

A TV aberta, gratuita e popular, ainda vai estar presente em muitos lares brasileiros por mais cinco, dez (?) anos. Mas ela tem perdido faturamento e audiência. E sabe que não tem como evitar isso.

As empresas de comunicação que conhecemos hoje não vão acabar. 

Afinal, elas têm um ativo indispensável para a produção de conteúdo: marca e credibilidade. Elas só não podem cometer o erro de levar para o veículo que produzem hoje uma linguagem que nasceu para ser das novas mídias. Ela precisa é ser inteligente para levar o conteúdo que sempre produziu para as novas plataformas, com uma linguagem diferente, para um público novo, com a credibilidade e a qualidade de sempre.

As eleições não deixaram mais dúvidas sobre isso.

O esporte não pode e não vai ficar de fora dessa revolução. Nem o direito!

 

Compartilhe

Você pode gostar

Assine nossa newsletter

Toda sexta você receberá no seu e-mail os destaques da semana e as novidades do mundo do direito esportivo.