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As torcidas organizadas e seu papel social para o futebol brasileiro no combate à violência

Por Carlos Ramalho

O Brasil acompanhou pesarosamente a tragédia que se abateu com os torcedores do Corinthians, quando o ônibus em que viajam captou na Rodovia Fernão Dias, próximo a Serra de Igarapé, em Minas Gerais, na madrugada do último domingo, quando retornavam de Belo Horizonte para São Paulo, após acompanharem a partida entre Corinthians e Cruzeiro pela Série A do Campeonato Brasileiro de 2023.

A tragédia que deixou 7 mortos e vários feridos, causou grande comoção popular, principalmente nas cidades de Pindamonhangaba, São José dos Campos, São Luiz do Paraitinga e Taubaté onde as vítimas foram veladas e sepultadas.

Inúmeras entidades, clubes, e torcidas organizadas manifestaram solidariedade aos falecidos e suas famílias, o que demonstra sensibilidade e respeito para com o ocorrido, haja vista a perda de vidas humanas.

Muito embora estejamos aqui a tratar de uma fatalidade, entendo ser o momento propício para se trazer a discussão a importância do papel social que as torcidas organizadas devem e precisam desempenhar perante a sociedade.

A consternação que se abateu entre os torcedores, principalmente aqueles ligados as torcidas organizadas, haja vista as homenagens e acolhida as famílias dos vitimados, demonstra que existe, sim, sentimento e sensibilidade entre os membros de torcidas organizadas, pois se assim não fosse, quedariam-se inertes ao sofrimento alheio.

Lado outro, fico a pensar porque o olhar da tragédia não é o mesmo quando torcedores se degladiam nos espaços públicos e arenas esportivas, provocando de forma deliberada atos de violência que comumente terminam em mortes?

Como comungar, que um, apenas um torcedor, um apreciador ou mesmo um terceiro que seja, dentro ou fora dos estádios, seja vítima da violência operadora por torcidas organizadas? Acaso também não se abateria uma tragédia para a família envolvida? A essência, para ser mais literal possível, é que tragédia é tragédia. Seja provocada ou involuntária. Ou não?

É preciso que as torcidas repensem seu papel social para que possam construir vida ao invés de morte; espetáculo ao invés de assombro, paz ao invés de violência.

Não se pode dar azo para que a tragédia coletiva involuntária e inesperada tenha um peso maior que a tragédia voluntária e corriqueira que vem permeando o futebol brasileiro.

O respeito ao próximo, deve ser o fio condutor na esfera individual ou coletiva. Afinal tragédia é tragédia. E, se de um lado alguém se vangloria, do outro certamente alguém chora.

Crédito imagem: CBM-MG/Divulgação

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Carlos Ramalho é Administrador; Bacharel em Direito; Pós-Graduado MBA em Consultoria e Gestão Empresarial; Membro da Comissão Jovem da Academia Nacional de Direito Desportivo (ANDDJ); Assessor da Presidência da Sociedade Brasileira de Direito Desportivo (SBDD); Auditor Auxiliar do Pleno do STJD do Futebol; Auditor do Pleno do STJD da Confederação Brasileira de Futebol de 7; Organizador e Autor de livros e Artigos

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