A Associação Jogo Positivo, uma iniciativa do advogado Filipe Rodrigues, que já conta com mais de 14 anos de experiência na indústria esportiva, e Lucas Rodrigues, médico e indie Hacker, publicou nesta quinta-feira (25) um manifesto a favor do jogo responsável.
Nas palavras do advogado, “os torcedores dos clubes brasileiros são alvo massivo de propaganda e publicidade de apostas esportivas, sendo apresentados ao cassino online. Mas eles não são educados. É muito importante que haja educação e conscientização sobre o que é jogo responsável e sua natureza de entretenimento. Isso pode diminuir muito o nível de ansiedade, transtornos e compulsividade destes torcedores. Além disso, todos os apostadores precisam ser informados sobre os riscos associados e informações suficientes sobre apoio especializado.”
“Acreditamos que a promoção do Jogo Responsável não diminui a atividade de jogar, mas ao contrário, aumenta sua satisfação, uma vez que os jogadores que pré-determinam quanto podem perder e depois aderem a esse limite provavelmente não experimentarão elevados níveis de ansiedade devido às suas perdas no jogo”, acrescentou Filipe Rodrigues.
Segundo o advogado, a Associação possui ações diversas para promoção do jogo responsável, são elas:
– Treinamentos: é preciso que todos os colaboradores da indústria saibam o que é o jogo responsável e acreditem no seu potencial de aumento de satisfação e mitigação de riscos.
– Educação: através de cursos online e presenciais, vamos educar cada vez mais pessoas para desenvolverem crenças equilibradas sobre o jogo responsável e o apoiarem.
– Apoio especializado: através de parcerias estratégicas, vamos tornar mais acessível o apoio psicológico para jogadores que sofrem alguma patologia relacionada ao jogo.
– Incentivo à pesquisa: queremos promover a pesquisa. Acreditamos que a colaboração com a academia pode tornar a indústria do jogo e a própria sociedade melhor.
– Eventos: queremos criar os melhores fóruns de discussões e trazer profissionais de renome internacional para compartilhar e debater ideias relativas ao jogo responsável e positivo.
– Clube: para todas as ações anteriores, precisamos de apoio financeiro constante e parcerias institucionais que poderão aumentar e acelerar nossas metas, atingindo mais jogadores.
Confira a íntegra do manifesto:
Declaramos nosso apoio ao direito dos apostadores realizarem jogos e apostas, legalmente permitidos, de forma responsável e consciente.
Reconhecemos que a atividade de jogos e apostas como um segmento da indústria do entretenimento.
Que este segmento econômico é capaz de gerar crescimento econômico, por meio do recolhimento de mais tributos e da geração de novos postos de empregos.
No Brasil, quando associada ao futebol, as apostas têm um enorme potencial para entretenimento e diversão, aumentando consideravelmente a experiência do torcedor e apostador devido à riqueza cultural e competitiva do futebol brasileiro.
Contudo, entendemos que os jogos e apostas são atividades sensíveis e em uma parcela dos apostadores podem gerar externalidades negativas.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) determinou que o vício em apostas é uma doença, chamada de “ludopatia”, e sua situação é considerada igual à de indivíduos com dependência química e/ou alcoólica. A doença, então, acaba sendo um ciclo, onde o apostador aposta, perde e – consequentemente – frustrado com a derrota, tenta apostar repetidas vezes para sentir a sensação de prazer da vitória e recuperar os valores perdidos, mas acaba, na maioria das ocasiões, acumulando sucessivas derrotas e mais problemas financeiros cada vez mais graves.
Não devemos, entretanto, ver a ludopatia como a única doença que o vício em jogo pode causar, mas sim sua ligação mais direta e inicial. Ansiedade, depressão e agressividade são outros quadros que o vício em jogo pode causar, levando a uma completa destruição do indivíduo ou de seu ciclo familiar e de amigos.
Portanto, compreendemos que a atividade de jogos e apostas é uma atividade sensível, com potências para o bem e para o mal do indivíduo em escalas e proporções que só ficarão claras a partir de estudos sérios, atualizados e consolidados por especialistas.
É importante lembrar que, no cenário internacional, existem estudos e boas práticas que podem nortear o novo mercado regulado do Brasil. Isto posto, queremos aumentar o intercâmbio de ideias, boas práticas e profissionais entre estes mercados maduros e o Brasil.
É preciso recriar a cultura de jogos e apostas em nosso País até o momento que os jogadores percebam que devem parar de jogar temporária ou definitivamente, se:
– O entretenimento não estiver sendo o principal objetivo da aposta; – Os gastos com as apostas comprometerem o equilíbrio financeiro do indivíduo ou da família;
– Houver dificuldade em ficar sem apostar por um único dia;
– O dinheiro que deveria ser utilizado para uma despesa essencial for usado para realizar apostas e/ou jogos;
– O apostador esconde seus hábitos ou mente sobre eles para sua família e/ou amigos;
– O apostador obtém dinheiro emprestado, faz acordos ou vende algo para ter recursos financeiros para realizar jogos;
– Faz apostas estando sob pressão, estresse, efeito de álcool, com depressão ou ansiedade;
– Joga no intuito de fugir de problemas familiares ou de trabalho;
– Efetua apostas com o objetivo de auferir renda, de encontrar conforto emocional ou de afastar problemas pessoais;
Em posição diametralmente oposta, almejamos que todos os apostadores consigam:
– Estabelecer limites para fazer apostas, seja na frequência, seja na parte financeira, principalmente;
– Ter em mente um valor definido para dispender, sendo que o montante não comprometa a sua saúde financeira;
– Lembrar que apostas não são investimento e – também – de que não há garantias de vencer: por mais que haja estratégias que possam aumentar, expressivamente, as chances de ganhar, o fator sorte é determinante para a conquista de premiações;
– Informar-se sobre as probabilidades do jogo em que está apostando, para alinhar a expectativa de vencer, a fim de entender quais são as chances de acerto;
No entanto, é preciso criar, estruturar e fomentar uma rede de apoio para os apostadores que venham a, eventualmente, ter uma experiência negativa com a indústria. Não somente para fazer vivas as letras da Lei, mas pra executar verdadeira responsabilidade corporativa em harmonia com os padrões ESG, aliando preocupação com os fatores financeiros e não financeiros deste padrão de integridade corporativa.
Desta forma, os benefícios serão evidentes, como a proteção da reputação empresarial, a proteção do negócio e, sobretudo, a proteção dos apostadores, base inarredável de nossa indústria. Mas, para isso, é fundamental que haja uma rede de colaboração. Colaboração entre a academia, o terceiro setor, os operadores, reguladores e apostadores.
Portanto, devem ser criados esforços significativos para identificar, apoiar e tratar os que desenvolverem quaisquer das externalidades negativas associadas à compulsão, ao vício e à ludopatia.
Reconhecemos que o entretenimento proporcionado pelos jogos e pelas apostas pode trazer momentos de diversão e emoção, desde que seja feito dentro dos limites financeiros e emocionais particulares de cada indivíduo.
Reiteramos o nosso compromisso de promover uma cultura de jogo consciente e responsável, incentivando os jogadores a apostarem com parcimônia, utilizando apenas recursos que não venham a comprometer sua estabilidade financeira ou bem-estar pessoal.
Instamos os operadores de jogos de azar a implantarem medidas eficazes de prevenção e intervenção para evitar o desenvolvimento de comportamentos compulsivos e garantir, assim, um ambiente seguro para todos os participantes.
Juntos, podemos desfrutar do jogo de forma saudável e conscientizada, valorizando o aspecto lúdico e social, enquanto protegemos os jogadores vulneráveis, seus respectivos patrimônios – bem como o de terceiros -, suas questões salutares e seus círculos familiares.
DECLARAMOS NOSSO APOIO AO JOGO POSITIVO!
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