O MMA brasileiro foi pego de surpresa quando Antônio Carlos Júnior, mais conhecido no mundo da luta como “Cara de Sapato”, foi anunciado no elenco de celebridades da edição anual do reality show Big Brother Brasil, que começou no dia 16 de janeiro na Rede Globo.
O BBB, como é mais conhecido, é o reality show mais assistido no país há duas décadas. As últimas temporadas acumularam cerca de 414 milhões de votos para uma única eliminação.
“Sapato” que arrematou o prêmio de um milhão de dólares ao vencer a temporada de 2021 da Professional Fighters League (PFL) – tornando-se o campeão dos pesos meio-pesados da promoção – luta agora para ser o campeão do BBB.
É dado como certo que o lutador não fará parte da temporada 2023 na PFL, já tendo o atleta ficado de fora da temporada 2022 por conta de lesões.
Depois de ficar invicto em quatro confrontos em 2021 com duas finalizações, “Sapato” levou o título da PFL e um milhão de dólares em prêmios em dinheiro.
“Cara de Sapato” chegou às semifinais da temporada de 2022 da PFL após terminar a temporada regular na terceira posição no GP dos meio-pesados, com nove pontos somados, após triunfos sobre Delan Monte – finalização em apenas 29 segundos de combate – e Bruce Souto, por decisão unânime dos jurados.
Reality shows não são incomuns na carreira de “Sapato”. O atleta venceu a terceira temporada do The Ultimate Fighter Brazil em 2014, reality show pertencente ao UFC.
Lutando como peso-pesado na época, o especialista em jiu-jitsu venceu Vitor Miranda na final da temporada, transmitida também na Rede Globo, o que lhe garantiu vaga no UFC, dando início a um cartel de lutas de 7 vitórias e 5 derrotas (1 luta sem resultado) no evento.
Em um ponto de sua carreira, o atleta teve uma série de cinco vitórias nos pesos médios do UFC que incluiu quatro finalizações. Entretanto, três derrotas consecutivas para Ian Heinisch, Uriah Hall e Brad Tavares custaram seu emprego na promoção, o que o levou a assinar contrato com a PFL.
Após a aquisição e reestruturação do antigo World Series of Fighting (WSOF) em 2018, seus novos donos a converteram na PFL, tornando-a na primeira grande promoção de MMA onde os atletas competem em uma temporada regular, pós-temporada e em formato de campeonato.
A promoção teve até agora quatro temporadas, não tendo ocorrido a temporada 2020 devido à pandemia da COVID-19.
Em comparação com o UFC, Bellator e outras promoções de MMA, a PFL difere na forma como conduz a competição, com lutadores competindo duas vezes durante a temporada regular. Quatro lutadores com mais pontos em suas respectivas divisões avançam para os playoffs, que funcionam essencialmente de forma semelhante às semifinais de um torneio. Não há quartas de final de qualquer tipo.
A PFL usa um sistema de pontos, com vitórias em um determinado round resultando em um certo número de pontos. O sistema de pontos do PFL é baseado no round da luta. Um lutador recebe três pontos por uma vitória por decisão, com uma derrota resultando em zero na pontuação.
As lutas são de três rounds e os vencedores recebem três pontos. Os pontos de bônus são concedidos por nocaute e submissão. Se um lutador terminar uma luta no primeiro round, ele recebe três pontos de bônus. Os segundos e terceiros rounds são premiados com dois e um pontos, respectivamente.
Efetivamente, se um lutador vencer no primeiro round, ele receberá seis pontos totais. Um segundo round lhes dará cinco pontos totais, e um terceiro round lhes concederá quatro pontos totais.
Quando a PFL começou, os competidores que procuravam uma vaga na final, às vezes tinham que lutar duas vezes em uma noite. Em 2021, a PFL mudou a estrutura da repescagem. Ele passou dos oito primeiros para os quatro melhores lutadores por divisão, avançando após a temporada regular. Esses quatro lutadores avançavam imediatamente para as semifinais. Dessa forma, não há quartas-de-final ou duas lutas em uma noite.
Este ano, a PFL voltou a ser transmitida pelo canal Combate, pertencente ao Grupo Globo. O evento, que já passou pelo canal em 2021, está de volta para mais um ano e com muitas novidades, como a chegada da PFL Challenger Series, com oito eventos que valem vaga na temporada regular ou contratos de desenvolvimento com a organização, e a PFL Europa, num tour de quatro cards pelo continente europeu, que também terá campeões.
O evento principal na quarta semana da edição 2023 do PFL Challenger Series, ocorrido no dia 17 de fevereiro, contou com uma batalha entre dois brasileiros, Manoel Sousa e Paulo Henrique.
Paulo Henrique vinha de 2 vitórias em uma única noite no evento SFT – PFL International Qualifier Series Brasil, tendo ganho uma vaga na PFL Challenger Series, tornando-se o primeiro lutador surdo a lutar oficialmente sob a bandeira da promoção.
Em uma batalha entre dois talentosos prospects brasileiros, Paulo acabou sucumbindo por decisão dividida, mas mostrou que será competitivo em nível internacional ao escapar de sucessivas finalizações encaixadas por seu duro oponente.
Inspirado no ex-UFC Matt Hamill, primeiro lutador surdo do evento, Paulo diz que muitas pessoas surdas entram em contato com seu técnico e querem treinar o MMA por sua causa.
É preciso coragem e força de vontade espetacular para um lutador superar adversidades quando em uma luta de MMA. No entanto, algumas adversidades vão além da arena de combate. Paulo Henrique Laia é um exemplo a ser seguido
Surgindo como mais uma opção para os atletas, a PFL prova que não se vive mais só de UFC no mundo do MMA.
Crédito imagem: TV Globo/Divulgação
Nos siga nas redes sociais: @leiemcampo